O resultado foi o desastre, também estrutural, de muitos países do Sul, que perderam autonomia, mudaram em dependentes do sistema financeiro internacional e afundaram na eterna dívida externa, mas também no aumento do desemprego, da violência e da pobreza provocada por este primário pilar do Consenso de Wáshington. África, e especialmente América do Norte Latina, têm sobrada experiência no que falamos.
Os planos de ajustamento estrutural parecem agora chegar à Europa da mão, novamente, do FMI. A antidemocrática entidade está entre as principais causantes da crise financeira global, mas paradoxalmente foi legitimada pelo G20, que por sua vez não tem legitimidade nenhuma (nas Nações Unidas há mais de 190 Estados), para mudar em solucionador global. A raposa no galinheiro. A Grécia será a primeira atingida e os seus cidadãos e cidadãs caíram na depressão com ela. Como diz Tom Kucharz, de 'Ecologistas en Acción': "O plano de resgate submeterá a população a fortíssimos ajustamentos orçamentais e limitará a soberania helena com draconianas medidas económicas impostas pela UE, para além do já duro Pacto de Estabilidade e Crescimento". Claro que depois lhe seguirão a Irlanda, Portugal, Espanha...
Estará a Europa, por fim, a experimentar o seu próprio remédio? Bem o merece. No entanto, os habitantes mais desfavorecidos deste lugar central do sistema-mundo vão ser os primeiros a sofrer. Da sua reacção em forma de movimentos sociais organizados, como está a acontecer na Grécia com repetidas greves gerais, pode depender está nova batalha contra as instituições financeiras internacionais.