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3217968357 1ac7eb11ec oDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] O ano de 2015 fechou com o mundo cada vez mais “sufocado” pelo aprofundamento da crise capitalista. A crise econômica avança a passos largos. A tentativa da imprensa capitalista de ocultá-la enfrenta crescentes dificuldades. A crise econômica está na base da crise política que avança em direção aos países centrais.


Foto: rosaluxemburg/Flickr (CC BY-ND 2.0)

2015: o ano da aceleração da crise capitalista mundial

Na Europa, a crise atingiu em cheio os países chamados PIIGS (acrônimo da palavra em inglês ‘pig’, ou porco), Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, e avançou sobre a França e a Inglaterra. Nos últimos meses de 2015, a Alemanha, que representa o coração da Europa, entrou em recessão e a Grande Coalizão, liderada pela chanceler Angela Merkel, entrou em crise, atingida em cheio pela crise dos refugiados.

No Oriente Médio, a tentativa de estabilizar a Síria, impulsionada pela Administração Obama, avança sobre os bombardeios da aviação russa e a participação nos campos de batalha dos milicianos xiitas, curdos e do Hizbollah. Mas a situação é muito complexa, pois no Oriente Médio se concentram as contradições entre as principais potências regionais e imperialistas por causa do petróleo e do gás. Essas potências, além dos discursos demagógicos, apoiam uma miríade de grupos “rebeldes” com o objetivo de utilizá-los para os próprios interesses.

A crise aberta pela derrubada do caça russo pela Turquia rebelou a fragilidade das coalizões. A Turquia não pode aceitar o fortalecimento dos curdos, apesar dos interesses dos acordos econômicos com a Rússia, porque a própria “saída” para a crise passa por colocar em pé o nó (hub) de fornecimento de gás para a Europa, que vem dos países vizinhos, e que atravessa a Província Oriental, habitada majoritariamente por curdos. A Rússia também não teria fôlego econômico para encarar uma guerra aberta com o poderoso vizinho do sul, que faz parte da OTAN (Organização do Atlântico Norte) e que controla a passagem do Mar Negro ao Mar Mediterrâneo. Mas o desenvolvimento da situação política, em grande medida, acontece de maneira independente da vontade dos governos e das pessoas. Conforme as “linhas vermelhas” são ultrapassadas, a situação pode evoluir rapidamente para confrontos em várias escalas.

A crise no Oriente Médio tem aumentado na direção do coração da região, a Arábia Saudita. Os protestos de massas começaram pela Tunísia, o Egito e o Iêmen, mas foram rapidamente infiltrados pelos serviços de inteligência das potências regionais e imperialistas. O acirramento das contradições, na tentativa de manter os lucros, levaram ao desmantelamento de vários estados nacionais. A Líbia se somou à Somália. E, a seguir, vieram a Síria e o Iraque. Estes já representam estados de importância central no Oriente Médio, onde as contradições entre a Arábia Saudita e aliados, e o Irã e aliados adquirem o ponto máximo de exacerbação. A crise aberta no Iêmen levou a crise ao sul da própria Arábia Saudita, o coração do Oriente Médio e dos petrodólares norte-americanos por meio dos quais o imperialismo consegue inundar o mundo com essa moeda podre chamada dólar.

A Rússia tem cumprido um papel central na Síria em cima da aliança com a Administração Obama, materializada a partir da visita do chefe da diplomacia à Rússia no mês de junho. Obama encabeça a ala da direita tradicional norte-americana que tenta se manter como alternativa à extrema direita que desponta na corrida eleitoral para as eleições presidenciais que acontecerão no final de 2016. A direita também avança na Europa, com destaque para a França onde a Frente Nacional obteve 6,6 milhões de votos nas últimas eleições regionais e ameaça passar ao segundo turno nas eleições nacionais de 2016. Na Inglaterra, a extrema direita, agrupada no UKIP, continua se fortalecendo com dissidências do Partido Conservador. Na Alemanha, pela primeira vez desde a década de 1970, uma extrema direita reciclada, o AfD, avança firmemente no cenário parlamentar, enquanto a Grande Coalizão, encabeçada pela poderosa chanceler Angela Merkel, enfrenta o crescente desgaste conforme a crise capitalista se aprofunda e a crise dos refugiados evidencia as rachaduras do regime político. O bipartidarismo avança, a partir dos PIIGS para os países centrais, dificultando o controle do regime pelos grandes capitalistas.

Todos os países produtores de petróleo têm sido atingidos em cheio pela queda dos preços para o menor nível dos últimos dez anos. E, além de países secundários como Angola, a Nigéria e a Venezuela, entraram no olho do furacão a Rússia e a Arábia Saudita. Da mesma maneira, todos os países exportadores de matérias primas também têm visto abrir-se uma enorme crise, a começar pela América Latina. Os pilares da estabilidade da região estão caminhando aceleradamente para o colapso. Isso se aplica tanto às tradicionais potências regionais governadas pela direita, como à Colômbia e ao México, e aos países governados por alguma das variantes do nacionalismo burguês, como o Brasil e a Argentina. Os recursos para sustentar o colchão social de amortização dos conflitos sociais encolheram. Na Venezuela, o percentual dos recursos públicos destinado aos programas sociais supera os 40% do orçamento público, isso sem contabilizar os subsídios aos serviços públicos, como os combustíveis mais baratos do mundo. Mas também nos demais países, mesmo que em escala menor, os programas sociais e os recursos destinados a comprar a burocracia sindical e a esquerda tem mermado cada vez mais.

Mas a crise não é um fenômeno exclusivo dos países mais atrasados. A partir das rachaduras que apareceram, em 2012, nos mecanismos de contenção da crise aberta em 2008, os países desenvolvidos viram a crise escalar. Na Alemanha e no Japão, as duas grandes potências industriais, a indústria entrou em recessão.

Nos Estados Unidos, apesar de todo o aparato de propaganda, o estado está falido, da mesma maneira que acontece nos demais países. O endividamento é gigantesco. Somente nos dois governos da Administração Obama, aumentou três vezes o montante que tinha acumulado nos 240 anos anteriores. A economia real está paralisada. O setor mais dinâmico, a produção ultra depredadora de petróleo e gás a partir do xisto, foi colocado em xeque por causa da enorme queda dos preços do petróleo.

A China tenta colocar em pé o chamado Novo Caminho da Seda com o objetivo de conter a crise. O plano implica em facilitar a circulação de mercadorias entre a China e a Europa por meio da abertura de novas rotas e a agilização das atuais, e a inclusão de novos países fornecedores de matérias primas, ultrapassando a armadilha do Estreito de Malaca, por onde circula o grosso do comércio chinês, que é controlado pela Marinha dos Estados Unidos. A Rússia é o pivô do Novo Caminho da Seda entre a União Euroasiática e a Europa.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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