1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (3 Votos)

16271181492 17a80b48ce zUnião Europeia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] As recentes eleições na Espanha mostraram o fim do bipartidarismo que tinha sido colocado em pé no final da ditadura franquista.


Chefe do governo central espanhol, Mariano Rajoy. Foto: La Moncloa Gobierno de España (CC BY-NC-ND 2.0)

A direita agrupada no PP (Partido Popular) e os social-democratas do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) não somente não conseguiram a maioria incontestável das eleições anteriores, mas também não conseguiram sustentar uma aliança aberta entre ambos os partidos por causa da pressão da base eleitoral.

A aplicação dos chamados planos de austeridade, com ataques recorrentes contra as condições de vida dos trabalhadores, tem colocado em xeque a estabilidade política e social. A aparição de novos partidos no primeiro time da política oficial revelou que, conforme a crise avança, a burguesia se divide. No Estado espanhol, há agora o Podemos, que representa uma social-democracia reciclada, e o Ciudadanos, este uma direita reciclada.

A situação é muito similar nos demais países dos chamados PIIGS (um acrônimo em inglês para a palavra “pigs”, ou porcos), que referencia a Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, os países da Zona do Euro onde a crise avançou mais aceleradamente.

Em Portugal, a aliança de direita liderada pelo primeiro-ministro Passos Coelho foi substituída por um governo da esquerda burguesa, liderado pelo PSP (Partido Socialista), do qual também fazem parte o BC (Bloco de Esquerda) e o PCP (Partido Comunista). Trata-se de um governo muito fraco, como o demonstrou a recente aprovação da entrega do banco público Banif ao Santander, onde o PSP foi socorrido pela direita para viabilizá-la.

Na Grécia, os partidos políticos tradicionais da Nova Democracia (direita) e do Pasok (social-democratas) foram substituídos pelo Syriza, uma espécie de Psol grego, que para manter-se no poder precisou dar uma forte virada à direita.

Na Itália, a crise do regime político tem sido recorrente desde o colapso da democracia cristã nos anos de 1990. Agora, o governo está encabeçado pela ala direita do PD (Partido Democrático), que é composto principalmente por antigos membros do PCI (o partido eurocomunista italiano), após muitas dificuldades para formá-lo.

O que revela o fim do bipartidarismo?

O bipartidarismo faz parte da política clássica da burguesia para controlar o regime político. Tradicionalmente, a direita tem aplicado políticas mais duras contra a população, que têm sido aliviadas por governos intermediários da “ala esquerda” do regime. Essa alternância no governo tem sido a política tradicional em todos os principais países. Agora, esse mecanismo se encontra no fim, inclusive nas potências de primeira ordem.

Na França, desponta a extrema-direita agrupada na Frente Nacional. Na Inglaterra, setores do Partido Conservador têm migrado, e continuam migrando, para a extrema-direita agrupada no UKIP, enquanto o Partido Trabalhista passou a ser liderado pela ala esquerda encabeçada por Jeremy Corbyn. Na Alemanha, a Grande Coalizão, encabeçada por Angela Merkel, enfrenta forte crise, da mesma maneira que acontece no Japão com o governo de direita de Shinzo Abe, que substituiu os “democratas nipônicos”.

Os grandes capitalistas enfrentam maiores dificuldades para controlar governos formados a partir de vários partidos políticos. Esses governos ficam muito mais vulneráveis para enfrentar o descontentamento social e garantir os lucros dos capitalistas. Os novos partidos não são fortes nem suficientemente testados para garantir a estabilidade do regime político. Por esse motivo, a tendência é a evoluírem para governos de crise.

Conforme as burguesias locais têm perdido dinheiro, também têm aumentado as tendências separatistas em todo o mundo, mas, no último período, têm se transformado num fenômeno cada vez mais presente na Europa. O nacionalismo burguês nos países atrasados continua avançando por causa do enfraquecimento do imperialismo. Na América Latina, a onda nacionalista que chegou ao poder com o colapso dos regimes neoliberais está enfrentando a própria crise devido ao aprofundamento da crise capitalista, impulsionada pelo aumento da pressão do imperialismo norte-americano e a forte queda das matérias-primas no mercado mundial. Mas, inevitavelmente, uma nova onda de setores nacionalistas, à esquerda dos atuais, deverá surgir no próximo período, pois a disparada da espoliação pelo imperialismo não somente aumentou, mas deverá continuar aumentado devido à tentativa dos monopólios garantirem os lucros.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.