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FSASíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Os ataques terroristas que aconteceram em Paris colocaram novamente à ordem do dia a histeria da “Guerra Contra o Terror”, no melhor estilo dos “neo-conservadores” da Administração George Bush Jr.


O Exército Sírio Livre, um dos grupos que combate o governo sírio, é apoiado pelos EUA. Foto: VOA (Domínio Público)

A “Guerra contra o Terror” tem como verdadeiro objetivo criar o clima político favorável para avançar contra os direitos individuais e democráticos que ainda restam, para atacar os direitos trabalhistas e avançar com “planos de austeridade” ainda mais duros , e aumentar a agressividade militar. Essa política representa uma imposição dos monopólios que buscam desesperadamente conter a queda dos lucros. Todos os setores políticos integrados ao regime burguês concordam, em alguma medida, em aplicar essas políticas. Mas, obviamente, o setor que naturalmente teria melhores condições para aplicá-las seria a extrema-direita que, não por acaso, cresce em todo o mundo.

Os atentados de Paris abriram caminho a uma nova onda da “Guerra Contra o Terror”. A crise capitalista se aprofunda a passos largos na Europa e no mundo. As contradições entre as potências se aceleraram. Na França, a economia apresenta claros sinais de esgotamento. No aliado mais estreito, a Alemanha, a indústria entrou em recessão, os principais bancos enfrentam uma situação muito crítica e a principal empresa industrial do país, a Volkswagen, se encontra em grave crise por causa das denúncias promovidas pelos Estados Unidos a partir da espionagem industrial em cima dos dados da NSA (Agência Nacional de Segurança). A França e a Alemanha não são exceções. O mundo avança rapidamente a um novo colapso capitalista de gigantescas proporções, ainda maior que o de 2008.

Os governos de todos os principais países do mundo estão interessados na “Guerra Contra o Terror”. E participam até os mais ferrenhos apoiadores dos grupos guerrilheiros e terroristas.

Luta contra os terroristas?

O chamado “Grupo Internacional de Apoio à Síria” acordou, no marco das negociações que aconteceram em Viena (Áustria), a realização de negociações entre o governo sírio e a “oposição”, com o apoio das Nações Unidas.

O principal problema que se colocou é qual dos grupos da “oposição” deveria participar das negociações. Os Estados Unidos apoiam o chamado Exército Sírio Livre. A Arábia Saudita, o Catar e a Turquia pressionam para que também seja incluído o grupo Ahrar al-Sham.

A al-Qaeda na Síria (Jabhat al-Nusra) não foi colocada na lista das organizações terroristas da União Europeia e dos Estados Unidos. Ahrar al-Sham e o próprio Exército Sírio Livre, assim como vários outros grupos, têm atuado em conjunto com a al-Nusra. Os ataques aéreos da aviação russa contra esses grupos levantaram os alarmes das potências que os patrocinam.

O Estado Islâmico tem sido apoiado de várias maneiras por setores do imperialismo norte-americano, a Turquia, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, principalmente, apesar de enfrentar praticamente todas as centenas de grupos guerrilheiros que atuam na Síria.

Além do Estado Islâmico e da al-Nusra, há vários outros grupos que dificilmente aceitarão o cessar-fogo, como a Jabhat Ansar al-Din e Jund al-Aqsa.

Ainda resta a questão curda. O YPG (as milícias curdas sírias) domina o nordeste do país e tem atuado contra o Estado Islâmico com o apoio da aviação norte-americana. O governo turco é contra o YPG, que mantém estreita aliança com o PKK (Partido dos Trabalhadores), as milícias curdas que atuam na Província Oriental, na Turquia. Por essa província passam os gasodutos que transportam gás para a Europa e que representam o grande triunfo da burguesia turca para conter a crise gerada, em grande medida, pelo colapso da indústria têxtil a partir de 2008.

A Federação Russa busca manter e ampliar as posições no Oriente Médio, assim como minimizar as sanções impostas a partir da crise da Ucrânia. O governo dos aiatolás iranianos busca manter a influência sobre a Síria, que tem sido um aliado próximo, e facilitar a logística de apoio à milícia libanesa, o Hizbollah, que representa um dos principais instrumentos de contenção contra as potências ocidentais e a reação do Oriente Médio, principalmente os sionistas israelenses. Vários locais sagrados para os xiitas, como a Mesquita de Sayyidah Zaynab, estão localizados na Síria. Um governo sunita, hostil ao Irã, seria inaceitável para o governo iraniano que é um dos principais apoiadores, no campo de guerra, do Exército Sírio por meio das milícias xiitas e da Guarda Revolucionária Islâmica, principalmente a força de elite, os Quds, dirigida pessoalmente pelo “pop star”, o Brigadeiro General Soulemani.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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