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malikiIraque - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, e outros membros do primeiro escalão, é alvo de uma campanha anti-corrupção, promovida a partir do Parlamento, por causa da queda da cidade de Mosul para o Estado Islâmico em junho de 2014. 


Nouri al-Maliki, primeiro-ministro iraquiano. Foto: Sargenta Jessica J. Wilkes/Força Aérea dos EUA (Wikimedia Commons)

Na recente viagem ao Irã, foi avaliada a possibilidade dele não retornar ao Iraque. A dependência de al-Malaki do Irã e dos curdos iraquianos se tornou vital.

A campanha tem sido promovida, em primeiro lugar, pelo influente Grande Aiatolá xiita Ali Sistani por causa da ameaça do governo colapsar. O governo de al-Malaki tem se caraterizado por ter alienado do poder os sunitas, pelo descalabro dos serviços públicos e pelos ataques contra as condições de vidas dos trabalhadores. Uma parte da rápida ofensiva do Estado Islâmico no Iraque teve na base o apoio de grande parte das tribos sunitas. Os sauditas, que controlam a quase totalidade da grande imprensa na região, têm escalado a campanha contra a corrupção do governo de al-Malaki que é um aliado próximo do Irã. As monarquias do Golfo Pérsico, em primeiro lugar a Arábia Saudita, e Israel, têm aumentado a campanha contra o papel do Irã na região, no Iraque, na Síria, no Líbano, no Iêmen, na Palestina, no Bahrein e no Kuwait.

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Os protestos têm uma base de massas e têm se estendido às áreas predominantemente xiitas, como Basra e Bagdá. Com o objetivo de contê-los, o primeiro-ministro, Haider al-Abadi, tem encaminhado algumas reformas.

Quatro ministérios foram eliminados e outros quatro fundidos. O Conselho de Ministros teve o número de integrantes reduzido de 34 para 13. O ministro das finanças, o curdo Hoshyar Zebari, foi mantido devido à pressão do presidente do Curdistão Massoud Barzani, cujo mandato do terminou no dia 20 de agosto. Os Estados Unidos, os britânicos e as Nações Unidas têm pressionado pelo adiamento das eleições para o Governo Regional do Curdistão.

O homem forte iraniano no Iraque é o Major General Qassem Soleimani, o chefe da Força al-Qud, as forças especiais da Guarda Revolucionária, que é o articulador da reorganização das milícias xiitas que têm conseguido conter o avanço do Estado Islâmico. Soleimani se manifestou publicamente contra o julgamento de al-Maliki, inclusive chegando a ameaçar com o uso das milícias contra o governo.

Xiitas, sunitas e curdos

As rivalidades internas dos xiitas, principalmente entre os grupos ligados a al-Maliki e al-Sadr, e o aumento das contradições com os curdos enfraqueceram o governo central. A política aplicada em relação aos curdos acabou repetindo, em certa medida, a política aplicada por Saddam Hussein em relação aos xiitas. Em 2007, as tribos sunitas optaram por não liquidar o então Estado Islâmico do Iraque e do Levante para usá-lo como fator de pressão contra o governo central, o que efetivamente tem acontecido nos últimos dois anos.

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As contradições entre os xiitas acabaram reduzidas por causa da guerra civil na Síria e da ameaça do Estado Islâmico, apesar dos protestos estarem colocando novo combustível. Apesar dos protestos, a tendência geral, com al-Maliki ou sem al-Maliki, é a se fortalecer a unidade dos xiitas na região e a escalar uma guerra civil “sectária”, principalmente entre os sunitas e os xiitas, promovida, em primeiro lugar, pelas potências regionais que atuam como intermediárias dos interesses do imperialismo na região.

A política da Administração Obama de estabilizar a Síria com a ajuda do Irã e da Rússia tem como objetivo enfrentar o aumento da desestabilização no Oriente Médio. A tendência à desestabilização do Iraque tem um potencial para o período posterior à eventual derrota do Estado Islâmico. O avanço das milícias xiitas além de ter contido o avanço do Estado Islâmico obrigou a desviar forças da Síria e também apresenta o potencial de aumentar as contradições com os sunitas.

Os curdos iraquianos são aliados próximos dos Estados Unidos e da Turquia, mas têm conquistado novos territórios nas províncias do norte do país, Nineveh, Kirkuk e Diyala. Junto com as vitórias dos curdos sírios e com o enfrentamento do PPK turco com o governo Erdogan, aumentam as tendências nacionalistas no sentido da formação do estado nacional curdo. Os curdos iraquianos, aliados no fundamental ao PKK (Partido dos Trabalhadores) turco, foram derrotados no fundamental no final da década de 1980, mas novos protestos tem aparecido em maio no curdistão iraquiano.

A política atual predominante no Iraque é uma política de crise, impulsionada por causa da falta de alternativas. A campanha contra a corrupção tenta fortalecer o governo central, mas, ao mesmo tempo, é usada pelos sunitas para implodir o governo de maioria xiita. Defender Bagdá e o sul do país, majoritariamente xiitas, com as milícias xiitas, parece uma operação natural. Mas colocar em campo as milícias xiitas em peso no norte do Iraque, habitado majoritariamente pelos curdos e pelos sunitas, e, ainda mais, na Síria, somente pode conduzir ao fortalecimento do Estado Islâmico e dos demais grupos guerrilheiros sunitas. Por esse motivo, o Irã é obrigado a aderir à frente única impulsionada pelo imperialismo, o que inclui tradicionais inimigos regionais, como a Turquia e a Arábia Saudita. Avança a política do “salve-se quem puder” e de “dormindo com o inimigo”.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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