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rebelsSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O caos generalizado na Síria e a crescente desintegração política no Oriente Médio.


"Rebeldes" sírios. Foto: Freedom House (CC BY 2.0)

A Síria tem se transformado no ponto álgido do fracasso da política do imperialismo para o Oriente Médio. Após as derrotas sofridas no Iraque e no Afeganistão, a Administração Obama tem tentado consolidar os “próprios rebeldes” na Síria. Por causa do fracasso dessas tentativas, o imperialismo e as potências regionais mais reacionárias têm aumentado o apoio a grupos locais, e de maneira muito contraditória.

Em 2007, quando ficou evidente que o exército norte-americano seria derrotado, o governo de Bush Jr. fez acordos com o Irã para controlar as milícias xiitas no Iraque e colocar em pé um governo central apoiado pelas principais tribos sunitas. Agora, perante a escalada da crise, a frente única inclui também os curdos sírios e iraquianos, a al-Qaeda (al-Nusra) na Síria e, indiretamente, por meio dos acordos com o Irã, o Hizbollah, a poderosa milícia libanesa.

A crise na Síria avança a passos largos e contamina o Oriente Médio. O Iraque e o Iêmen foram atingidos em cheio. A pressão aumenta sobre o Líbano, a Jordânia, a Palestina e, em diversos graus, sobre todos os demais países da região. A tentativa impulsionada pela Arábia Saudita, os sionistas israelenses e o imperialismo de conter a expansão do Irã na região por meio de uma miríade de “rebeldes” sunitas saiu do controle e agora o próprio Irã teve que ser incorporado como bombeiro da crise.

A desestabilização da região enfraquece o controle da principal região fornecedora de petróleo, que está na base dos chamados petrodólares, enquanto a crise avança na direção dos grandes centros.

A guerra civil na Síria se transformou numa luta fratricida volátil entre os vários grupos onde fica difícil identificar com clareza as partes beligerantes. Perante a miríade de grupos guerrilheiros e em meio ao caos generalizado, uma boa parte das divergências entre os Estados Unidos, a Arábia Saudita, Israel e a Turquia passa por quais desses grupos devem ser apoiados e quais devem ser combatidos.

Todas as milícias possuem relações, em algum grau, com o imperialismo e as potências regionais. É intrínseco ao nacionalismo burguês manter acordos com o imperialismo.

Al-Qaeda e Estado Islâmico: quem é o mocinho e quem é o bandido?

A al-Nusra está abandonando várias posições na frente de combate com o Estado Islâmico, no norte da província de Aleppo. Essa política tem como objetivo deixar o Estado Islâmico na linha de frente contra o imperialismo e a Turquia, e, ao mesmo tempo, conseguir um acordo tácito para o cesse dos ataques da aviação norte-americana. A al-Nusra tem realocado as forças retiradas regiões para outras frentes, enquanto garante uma certa tranquilidade em relação ao confronto com o Estado Islâmico. Mas Jabhat al-Nusra não abandonou a guerra contra o imperialismo e até as guerras intestinas contra os demais grupos. Se trata apenas de uma acomodação tática. As diferenças e as contradições são grandes e a retomada dos militares é só uma questão de tempo.

Na província de Aleppo, Ahrar al-Sham, que é um dos principais aliados da al-Nusra junto com Jaish al-Islam, enfrenta o Estado Islâmico na tentativa de se colocar numa posição dominante na zona “buffer” que os Estados Unidos e a Turquia tentam colocar em pé. Ahrar al-Sham tem atuado junto com milícias ligadas diretamente ao governo turco, como a al-Zenki.

O Estado Islâmico avança sobre Homs e tenta conter o Exército que busca retomar o controle da cidade histórica de Palmyra, após ter conseguido consolidar o controle do Levante, a zona semidesértica do oriente da Síria e a província fronteiriça de Anbar no Iraque.

Jais al-Fatah, aliado próximo da al-Nusra, conseguiu segurar o controle da estratégica província de Idlib e agora avança sobre a província de Hama, através do corredor da planície de Sahl al-Ghab. A avanço busca desestabilizar e implodir o controle da província costeira de Latakia, um dos principais redutos do governo alawita.

Um comum denominador de todos os “rebeldes” que atuam na Síria é a luta contra o governo de al-Assad. O Estado Islâmico, o mais radical de todos, aparece como uma espécie de cachorro louco que escapou do controle e se fortaleceu no objetivo de implantar o “califato” contra o imperialismo, os sauditas, Israel, o Irã, todos os governos da região e os vários “rebeldes aliados”, inclusive a al-Qaeda.

A al-Qaeda diminuiu os ataques nos países ocidentais após 2001, mas a política geral não foi abandonada e passa pelo enfrentamento contra o imperialismo em escala mundial. O Estado Islâmico tem focado os esforços políticos e militares em colocar em pé o califato, principalmente na Síria e no Iraque, no chamado Levante. Mas tem aplicado a mesma política nos demais países onde atua o que mostra que, apesar de não ter promovido ataques nos países ocidentais, essa política é apenas tática e poderá rapidamente mudar.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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