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terrorDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] A recente reunião do G-20, o grupo dos 20 países mais desenvolvidos do planeta, que ocorreu na Turquia, teve suas discussões orientadas fundamentalmente à questão de como combater o terrorismo, ou, dito em outras palavras, a como aplicar uma nova onda da chamada “Guerra ao Terror”.


A partir desta política, está sendo estabelecida uma frente única entre todas as alas da burguesia em escala mundial, apesar do grau de comprometimento dos vários setores. A última vez que se viu algo semelhante foi quando foram colocadas em pé as políticas neoliberais nas décadas de 1980 e 1990.

Sobre a política contra o terror, o eixo Obama-Merkel-Hollande tenta fortalecer a aliança com Putin, chineses e iranianos no Oriente Médio, ampliando a participação direta. Desta maneira, um dos objetivos fundamentais passa por apropriar-se de parte das bandeiras da extrema-direita, colocando-as efetivamente em prática. O problema é que a aplicação dessas políticas é como uma bola de neve, como o demonstraram as fracassadas invasões do Iraque e do Afeganistão. Mas quais seriam as alternativas?

Os monopólios, na tentativa de salvar os lucros a qualquer custo, tentam colocar em pé uma política de força. O problema é qual ala do regime poderá colocá-la em prática. O candidato natural seria a extrema-direita, mas colocá-la à frente do regime pode gerar uma desestabilização gigantesca e abrir caminho para o desenvolvimento das tendências revolucionárias. Por enquanto, a burguesia manobra com a “direita tradicional”, com Obama, Merkel, Hollande e Cameron. Há um “leve” deslocamento à direita com Rubio e seus amigos do Partido Republicano, nos Estados Unidos. Mas esse “leve” deslocamento é apenas uma aparência, pois, por trás do Senador Rubio está a extrema-direita que se agrupa no Tea Party. Na Alemanha, aparecem em cena os nazistas reciclados do AfD. Na França, onde a crise é muito maior, a burguesia foi mais longe. A Frente Nacional, de Le Pen, já se tornou um dos principais partidos políticos do país e ameaça ir ao segundo turno nas eleições nacionais que acontecerão no próximo ano.

A política golpista foi desescalada na América Latina. As tensões foram reduzidas na Ucrânia e no Mar do Sul da China, na tentativa de estabilizar o Oriente Médio. Mas aparece no horizonte uma nova escalada agressiva que inevitavelmente deverá conduzir o mundo capitalista à enorme desestabilização.

Marxismo ou pacifismo burguês?

O grosso da esquerda mundial publicou comunicados contra o terrorismo e a brutalidade do Estado Islâmico, a reboque da campanha do imperialismo. Ao invés dessa posição política oportunista e abertamente pró-imperialista, nós deveríamos disputar com a direita o repúdio a posições democráticas. Na realidade, falar que é por causa dos terroristas que a repressão acontece ou aumentará é a mais cínica apologia da direita imperialista. Implica em justificar a Guerra do Iraque e do Afeganistão, os golpes de Estado, os ataques contra os palestinos e os povos árabes em geral.

O governo francês já armou todo o circo para aplicar com força total a Lei Anti-terrorista que se encontrava entravada por causa da enorme resistência popular. Da mesma maneira, a burguesia imperialista conseguiu abrir passagem para aventuras militares em larga escala, principalmente no Oriente Médio, e para ataques contra os restos do chamado “Estado de bem-estar social”.

Os revolucionários marxistas, proletários, devem denunciar as manobras da burguesia que tenta colocar em pé uma política de extrema-direita, contra as massas, com o objetivo de salvar os lucros dos monopólios. A “Guerra ao Terror” não passa de uma política do imperialismo.

A essência da "Guerra ao Terror"

A chamada Lei Patriótica (US Patriotic Act) foi promulgada no dia 26 de outubro de 2001, nos Estados Unidos, pelo então presidente George W. Bush Jr. Os direitos civis e as liberdades individuais foram colocados no foco dos ataques usando como desculpa o combate ao terrorismo. Uma grande campanha foi orquestrada por meio da imprensa capitalista, incentivando o medo de novos atentados, para justificar a suspensão de direitos e garantias constitucionais e a autorização dos crimes e de todo tipo de abusos por parte do Estado.

Foi institucionalizada a política oficial de caça às bruxas com a perseguição em massa aos muçulmanos e a qualquer opositor do regime, além da legalização da tortura, das execuções sumárias etc. Foi a volta intensificada do macarthismo, que, após a Segunda Guerra Mundial, condenou um grande número de intelectuais sob a acusação de atividades denominadas "antiamericanas". Tornaram-se práticas comuns, e livres de ordens judiciais, o rastreamento dos serviços de Internet e das comunicações telefônicas. As bibliotecas e livrarias foram obrigadas a informar sobre os livros procurados por determinados cidadãos. Foi permitida a detenção de “suspeitos” por períodos prolongados. A histeria atingiu um grau tão alto que o governo Bush aprovou em 2004 o projeto de lei conhecido como Tips (Sistema de Prevenção e Informação sobre Terrorismo), que foi rejeitado pelo Congresso, e que institucionalizava mecanismos para que um grande número de profissionais, tais como eletricistas e carteiros, entre outros, colaborassem como informantes da polícia.

No orçamento federal, todas as despesas foram congeladas por cinco anos, “com exceção às relacionadas com segurança”. As agências de espionagem ganharam sensíveis acréscimos nos orçamentos. O programa Homeland Security (Segurança Doméstica), que foca o controle de fronteiras, contraterrorismo e cybersegurança, passou a controlar um orçamento de US$ 47 bilhões. À CIA (Agência Central de Inteligência) e algumas outras agências de espionagem foi destinado um orçamento de mais de US$ 53,5 bilhões. O Departamento de Justiça liberou mais de US$ 23 bilhões para o FBI (polícia federal dos EUA), a DEA (departamento anti-narcóticos), o Sistema Prisional (que é terceirizado, e hoje conta com cerca de três milhões de presos), o BATR (Controle de Álcool, Tabaco, Explosivos e Armas de Fogo), a Divisão de Segurança Nacional e outras organizações policiais. Somente o programa de contraterrorismo do FBI recebeu US$ 3 bilhões, um terço do total do orçamento desse organismo. Estes números não consideram as verbas secretas cujo montante é desconhecido, tais como as relacionadas com a inteligência militar do programa NIP (Programa de Inteligência Nacional), que contempla as operações no Afeganistão e no Paquistão, cybersegurança, contraterrorismo, espionagem de governos estrangeiros e grupos qualificados como terroristas. A CIA é a grande provedora desses recursos secretos, provenientes, principalmente, do tráfico de drogas e outras operações ilícitas, tais como lavagem de dinheiro e prostituição, conforme tem sido publicado na imprensa burguesa nos últimos anos.

Este é o modelo das leis antiterroristas que foram impostas pelo imperialismo norte-americano em escala mundial. Essas leis foram aprovadas, recentemente, de maneira um tanto tardia, na França e no Brasil.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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