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121015 gunEstados Unidos - Prensa Latina - [Luis Brizuela Brínguez] O assassinato de nove estudantes no dia 1 de outubro em um colégio universitário em Oregon acrescentou mais sal na ferida por onde sangra a sociedade estadunidense, a epidemia de massacres pela falta de controle sobre as armas.


Em uma mensagem à nação, o presidente Barack Obama considerou o tiroteio como consequência direta de frouxas regulamentações em relação à venda e posse de armamento, bem como à incapacidade do Congresso para levar adiante medidas que limitem seu acesso.

O autor do fato, de 26 anos, morto depois de trocar tiros com as forças policiais, foi qualificado pelas autoridades como "um homem quieto, solitário e contrário à religião", que dispunha de um verdadeiro arsenal.

Junto ao corpo do atacante no interior do centro educacional, os peritos encontraram seis armas, um colete a prova de balas e cinco carregadores de armas automáticas, além de outros sete artefatos pesados em seu departamento.

Obama mostrou-se frustrado ao condenar os trágicos acontecimentos: "Isto se transformou em uma rotina, as informações são rotinas, minhas reações aqui neste púlpito são rotina, e também é a conversa posterior", afirmou durante uma intervenção especial ante a imprensa na Casa Branca.

A seu julgamento, a ausência de iniciativas a esse respeito constitui "uma decisão política", porque grupos de interesse como a indústria de armamentos "financiam campanhas e alimentam o medo na população".

O presidente explicou que solicitou a sua equipe de assessores analisar os limites do poder executivo para fazer aplicar leis existentes, a fim de "colocar as armas fora do alcance dos criminosos".

Segundo cifras oficiais, nos últimos anos testemunharam dezenas de massacres com armas de fogo e um número considerável de mortos, e um dos piores ocorreu em dezembro de 2012 em uma escola de Newtown, estado de Connecticut, onde morreram 20 crianças e 6 adultos.

Desde esse episódio, registraram-se outros 142 tiroteios em centros educativos, de acordo com o grupo de registro destas ações Mass Shooting Tracker.

O massacre na universidade de Oregon foi o ataque indiscriminado a tiros número 295 ocorrido nos Estados Unidos durante os 274 dias decorridos de 2015, informou.

Outros dados ilustram a magnitude do fenômeno em uma nação com o recorde de mortes por arma de fogo dentro dos países desenvolvidos.

Entre 2004 e 2013, morreram mais de 316 mil pessoas em consequência de disparos, segundo dados do Centro de Prevenção de Doenças.

Relatórios confirmam a existência de mais de 300 milhões de pistolas, rifles, fuzis e outros instrumentos para matar em inventários privados estadunidenses, quase em igual proporção à quantidade de habitantes da nação.

Um recente estudo sobre as armas mostrou que sob o atual governo se duplicou a produção destes artefatos até chegar a 10,8 milhões de peças, um aumento de 140% em 2013, o ano mais recente sobre o qual existem dados disponíveis.

Segundo a Agência de Álcool, Fumo, Armas de Fogo e Explosivos estadunidense, em 2008, um ano antes de Obama assumir o cargo, os fabricantes de armas produziram 4,5 milhões de unidades.

OBAMA E OS REPUBLICANOS EM SEU LABIRINTO

Há três anos, depois da ação criminosa em Newtown, Obama iniciou uma ofensiva para regular a venda e uso de armamento, com propostas para constituir leis que incluam revisões mais amplas dos antecedentes das pessoas e proibições às armas de assalto.

Mas não teve êxito, devido à forte oposição de setores ultradireitistas e grupos como a NRA (Associação Nacional do Rifle) que agem em prol dos produtores desses artefatos.

A governadora do estado de Oregon, Kate Brown, assinalou que as autoridades "devem trabalhar melhor para prevenir este tipo de tragédia", enquanto assegurou que as melhoras devem ser abordadas em diversas frentes, já que não há "uma única solução".

O tema dos assassinatos em massa volta-se recorrente, seja pela violência da polícia contra afro-americanos e latinos, ou por ações de supremacistas brancas que tentam impor sua ideologia racista a qualquer custo, como ocorreu em junho último em uma histórica igreja de Charleston, Carolina do Sul.

Segundo o governante, as estatísticas mostram que a violência armada tem um custo maior em vidas estadunidenses que o terrorismo desde os ataques de 11 de setembro de 2001.

Se me perguntam qual tem sido o âmbito onde me senti mais frustrado e obstaculizado é no fato de que os Estados Unidos é uma das nações onde não temos as suficientes leis de segurança em relação às armas baseadas no sentido comum, apesar dos repetidos assassinatos em massa, confessou Obama à BBC em julho.

As exortações do governante e de amplos setores da sociedade estadunidense parecem cair no vazio ante as justificativas dos republicanos, que esgrimem sempre a Segunda Emenda constitucional como sacrossanto impedimento para frear qualquer iniciativa contrária ao direito para portar armas.

Sustentam esta postura a partir de dois argumentos essenciais: primeiro, nenhuma lei pode impedir que desequilibrados e criminosos consigam uma arma ou abram fogo sobre uma multidão; e segundo, ante estes perigos, os cidadãos têm precisamente necessidade de armar-se para defender-se.

Assim considerou o ex-governador da Flórida e candidato presidencial republicano Jeb Bush, durante um ato de sua campanha eleitoral em Carolina do Sul, referindo-se ao massacre na universidade de Oregon. "São coisas que ocorrem", manifestou.

O ex-governador de Arkansas Mike Huckabee, outro entre os candidatos republicanos à Casa Branca, assegurou à emissora CNN que, como no caso de Tim McVeigh, o autor do ataque terrorista de Oklahoma de 1995 que causou 168 mortes, "quem quiser matar encontra o modo de fazer".

O também pré-candidato presidencial republicano Donald Trump se mostrou oposto a um maior controle de armas, apesar da recorrência de tiroteios e massacres qualificados como uma epidemia que assola o país.

Pelo contrário, o controverso magnata considerou que as cidades norte-americanas com "as leis mais fortes em relação ao armamento, com frequência têm tremenda violência armada e morte".

Não acho que seja questão de leis. Quando se trata das escolas, o que realmente importa é a saúde mental. É um problema mental, considerou Trump em uma entrevista no programa Meet the Press da emissora NBC News.

O magnata de propriedades aconselhou aos meios de comunicação que deixem de informar o nome dos autores de fusilamentos em massa para evitar "os assassinos que buscam imitá-los".

Chama a atenção que a postura de Trump em relação ao controle de armas tenha variado muito com o passar dos anos. Ainda que agora respalde a visão da NRA, certa vez esteve em prol da proibição dos fuzis de assalto e de grande calibre nas lojas de armas.

HORA DE AGIR

O debate para conter o livre arbítrio das armas pareceu evidenciar que o assunto é como uma serpente que morde a própria cauda e que é hora de tomar parte no assunto.

Menos de 48 horas após os acontecimentos em Oregon, quatro estudantes foram presos quando a polícia descobriu um complô para desencadear um massacre em uma escola secundária localizada em Tuolumne, estado norte-americano da Califórnia, segundo informou o diário USA Today.

Entre as provas, as autoridades disseram que encontraram uma lista com os nomes das vítimas específicas.

O xerife do condado de Tuolumne, Jim Mele, explicou que os estudantes confessaram que "planejavam vir ao centro escolar, disparar e matar quantas pessoas fosse possível".

O departamento policial explicou que foram contactados pelos administradores da escola secundária, pois os jovens estavam fazendo ameaças contra professores e o pessoal.

Os suspeitos estavam no processo de obtenção das armas que iam utilizar no ataque, destacou o departamento.

Os quatro estudantes foram detidos por conspiração para cometer um assalto com armas mortais. Seus nomes não serão divulgados porque são menores de idade, afirmou a fonte.

Foto: Getty Images


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