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ataqueTurquia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Um recente ataque do Estado Islâmico na cidade de Suruc, localizada a poucos quilômetros da cidade curda de Kobane deixou um saldo de vítimas estimado em várias dezenas de mortos e centenas de feridos.


Essa foi a primeira resposta do Estado Islâmico ao anúncio do governo turco de que iria atacar o grupo e destruir a rede de suprimentos a partir da Turquia para a Síria, além do aumento da mobilização de tropas na fronteira.

A segunda consideração é que o envolvimento direto da Turquia na guerra civil na Síria tem o potencial de estender o conflito para um patamar muito mais amplo do que tem sido até o momento.

A terceira consideração é que o atentado favorece a política do governo Erdogan, que tem se enfraquecido, conforme ficou evidente nas recentes eleições gerais. Um ataque de grandes proporções em alguma das cidades turcas mais importantes, principalmente em Ankara ou em Istambul, poderia permitir a adoção de medidas de exceção e facilitar a união nacional, sob o comando do AKP de Erdogan, para combater o terrorismo.

O impacto da crise capitalista sobre o Governo Erdogan

Apesar do grosso da burguesia local e dos setores religiosos ainda darem fôlego ao AKP, ao mesmo tempo, os resultados revelam a divisão da burguesia. Por trás se encontra tanto o aprofundamento da crise capitalista como a política exterior, principalmente o envolvimento semidireito no verdadeiro pântano em que tem se transformado o Oriente Médio.

A pressão exercida pelo imperialismo sobre Erdogan faz parte da pressão geral, liderada pelo imperialismo norte-americano sobre os governos nacionalistas. A Turquia é um aliado chave da Rússia, que, por sua vez, é um aliado chave da China e o pivô da incorporação da Europa ao chamado Novo Caminho da Seda, impulsionado pelos chineses. Essa política confronta a hegemonia dos Estados Unidos alavancada pela frente única criada desde o final da Segunda Guerra Mundial, e que envolve as demais potências imperialistas.

Erdogan é um aliado do governo russo, dos chineses e dos europeus. Mesmo, e apesar, da existência de contradições e da Turquia ser membro da OTAN. A Rússia tem tomado especial cuidado para desenvolver as relações comerciais com a Turquia, que tem condições militares de fechar a saída do Mar Negro para o Mar Mediterrâneo, e que tem pretensões de potência regional não somente sobre o Oriente Médio, mas também sobre os países da chamada “comunidade turca”, que envolvem zonas de influência russa, como o Turcomenistão, o Azerbaijão e os tártaros da Crimeia. Esse foi um dos componentes que esteve por trás do desvio do South Stream (Gasoduto do Sul) para o Turk Stream (Gasoduto Turco) que levará gás para a Europa por meio da Turquia e da Grécia e não mais pela Bulgária. Este país faz parte da União Europeia e estava sendo pressionado para reduzir o controle da Gazprom (o gigante russo do gás) no negócio.

O enfraquecimento do regime é um componente do aprofundamento da crise capitalista no país e no mundo. No próximo período, a crise deverá piorar e a política do “salve-se quem puder” deverá aumentar, tanto em escala nacional como internacional. As movimentações populares que aconteceram em 2013 (e que começaram como protestos contra a derrubada de umas árvores) ficarão colocadas à ordem do dia novamente, mas numa escala maior.


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