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abdullahArábia Saudita - Diário Liberdade - Na última sexta-feira (23) foi anunciada a morte do rei Abdullah bin Abdulaziz, que havia sido internado no final do ano, aos 90 anos de idade. O monarca, que comandava a Arábia Saudita desde 2005, foi exageradamente bajulado pelos líderes ocidentais, mas exatamente por seguir as orientações imperialistas no Oriente Médio.


O regime de Riad, principal aliado islâmico dos Estados Unidos no Oriente Médio, está sendo falsamente colocado como um progresso em relação aos outros países da região. Líderes ocidentais, após a morte do ditador, não demoraram sequer um segundo para expressar suas condolências a um dos seus mais ferozes aliados. De acordo com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, Abdullah era "um bravo sócio na luta contra o extremismo violento e demonstrou ser muito importante como promotor da paz".

Essa frase parece não fazer sentido algum, visto que a Arábia Saudita é um dos principais financiadores do Estado Islâmico, o grupo de jihadistas multimilionário que está assombrando o mundo com sua crueldade. Aliás, suas práticas não diferem muito das usadas pela Justiça saudita para condenar seus cidadãos, em uma estrita interpretação do Islã. Violações dos direitos humanos são frequentes naquele país, amparadas pelas autoridades, que executam mulheres em praças públicas, cortam mãos, pés e cabeças por crimes como adultério, roubo ou "bruxaria". Criticada duramente por organizações como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, a ditadura saudita decapitou 87 pessoas no ano passado, o que está na média dos últimos anos para este país.

No dia em que foi comunicada a morte de Abdullah, os mandatários ingleses e seu império também foram às lágrimas. O príncipe Charles viajou à Península Arábica para expressar suas condolências ao falecimento do rei, enquanto o ex-primeiro-ministro Tony Blair - o mesmo terrorista que ajudou os EUA a invadir e destruir o Iraque - cansou de elogiá-lo. A prefeitura de Londres pediu que todas as bandeiras britânicas em edifícios oficiais da cidade ficassem a meio mastro em homenagem ao monarca saudita.

Chuck Hagel, antigo ministro da Defesa dos EUA, disse que Abdullah era "uma voz poderosa a favor da tolerância, da moderação e da paz", que se dedicava a "melhorar as vidas das pessoas em seu país e promover a liderança deste último no exterior". Uma verdadeira liderança terrorista, entretanto, e maior financiadora de grupos terroristas sunitas em todo o mundo, de acordo com informações vazadas pelo Wikileaks.

Abdullah nada tinha de pacifista, nem no âmbito interno nem no externo. Pediu aos Estados Unidos que atacassem o Irã em 2008, também segundo informações desclassificadas pelo Wikileaks, e que o império norte-americano também proporcionasse maior ajuda aos terroristas que lutam para derrubar o governo sírio.

O grande amigo de Obama, o líder sincero que buscou a paz no Oriente Médio, como disse o próprio presidente dos EUA, é na verdade um símbolo do atraso dos regimes monárquicos da região, que reprimem seu povo e se ajoelham diante do imperialismo ocidental. Os EUA possuem bases militares na Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo, e Obama se apressou em visitar o país para homenagear seu aliado. Ele deixou a Índia mais cedo, sem visitar o Taj Mahal, e chega nesta terça-feira em Riad para se encontrar com a família real saudita.

François Hollande, o hipócrita presidente francês, afirmou que o falecido monarca era "um estadista cuja ação marcou profundamente a história de seu país". Realmente marcou, mas não de forma positiva. Liberdade de expressão é uma coisa que não existe no país, mas sobre isso os EUA - mais ferrenho defensor da "democracia" e da "liberdade" nos países que não se curvam perante a ele - não falam nem uma palavra. Recentemente, um blogueiro foi condenado a mil chibatadas por pedir mais liberdade de expressão.

A diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, louvou o ex-ditador saudita por ser "um forte defensor dos direitos das mulheres". Talvez ela não saiba que as próprias filhas de Abdullah sofreram sérias consequências por questionarem a opressão machista no reino de seu pai. Não puderam sair de casa nos 13 anos que se seguiram à "desobediência".

Apesar de agora as mulheres poderem votar em eleições municipais, elas não podem dirigir, caso contrário correm o risco de serem penalizadas com chibatas. Elas devem total obediência aos homens, tendo que receber permissão do pai ou do marido para sair de casa, para fazer compras, para assinar um documento ou para estudar, e, diante de um tribunal, sua palavra vale a metade da palavra de um homem. A Arábia Saudita é o país onde as mulheres têm menos liberdade em todo o mundo.

Tal como os quatro monarcas anteriores, Abdullah era filho do rei Abdel Aziz, fundador da dinastia Al-Saud, daí a origem do nome do país. A Casa de Saud adota um sistema diferente de escolha do sucessor ao trono. Não é o filho do rei que assume sua posição, mas seu familiar mais velho. Por isso a duração do mandato do soberano não é tão grande. Abdullah assumiu em 2005, aos 80 anos e seu sucessor é seu meio-irmão, Salman Ben Abdel Aziz, de 79 anos.

Com a morte do tirano, há certa esperança de uma abertura maior do regime, que traga com ela novas reformas a favor da modernidade. Opositores pedem uma mudança radical da tradição política, com a transformação do país em uma democracia ao estilo burguês, onde haja uma relativa liberdade de expressão, eleições, mudança das retrógradas leis sauditas e criação de organizações civis e sindicais, em uma transição pacífica. Mas, ao que parece, isso não será possível tão cedo, já que o novo rei Salman expressou sua vontade de conservar a política ditatorial e subserviente ao imperialismo ianque da Arábia Saudita, passando por cima dos direitos humanos e da dignidade do seu próprio povo, a exemplo de seus antecessores.


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