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260712somaliaSomália - OUL - Confundidos por terroristas suicidas pelo Exército da Somália e vistos como "loucos" por alguns moradores da capital Mogadíscio, os atletas que compõem a equipe olímpica do país parecem treinar para uma corrida de obstáculos, embora nenhum deles vá competir nesta categoria nos Jogos Olímpicos de Londres.


Durante os últimos seis meses, os atletas que buscavam uma vaga na Olimpíada tentavam apagar cenas da violência da Somália enquanto corriam pelas ruas empoeiradas da capital e treinavam no estádio de Konis, cujas instalações são testemunhas de mais de 20 anos de conflito.

"Quando corria pelas ruas de Mogadíscio, os soldados do governo nos paravam em cada controle de segurança para comprovar se éramos terroristas suicidas. Era muito duro parar a todo momento, um desafio para o corpo e a mente", disse a jovem corredora Amal Mohamed.

"Ouvia tiros enquanto treinava, depois nós éramos inspecionados pelas tropas governamentais; isso afetava nossos músculos", comentou a corredora dos 200 metros livres.

No caso de Amal, assim como no de Zamzam Mohammed Farah, a dificuldade era maior por serem mulheres. Vivendo em uma sociedade machista, muitos não entendiam a prática de esportes e inclusive as tachavam de "taradas".

A preparação para a Olimpíada não foi a mais adequada, ainda mais depois que as tropas governamentais e as forças multinacionais da Missão da União Africana da Somália (AMISOM) começaram a travar duelos com a milícia fundamentalista islâmica Al Shabab.

Os radicais islâmicos, que em fevereiro declararam união formal à rede terrorista Al Quaeda, tinham, há dez meses, suas bases instaladas na capital Mogadíscio, mais precisamente no estádio de Konis, onde não era permitida a prática de esportes.

No entanto, a situação melhorou notavelmente para os atletas nos últimos meses, já que com a retirada de Al Shabab de Konis, em agosto, a população voltou a praticar esportes e acompanhar competições pela televisão, algo proibido até então.

A melhora relativa da qualidade de vida na capital da Somália - onde o Al Shabab continua provocando atentados, como o que tirou a vida do presidente do Comitê Olímpico local, Adam Haji Yabarow, em abril - permitiu uma seleção de esportistas satisfatória.

"O problema em nosso país (em conflito permanente desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre) não nos afetará. Espero ter a oportunidade de ganhar uma medalha, porque treinei muito", indicou Mohammed Hassan Mohammed, de 19 anos, que participará das provas de 500m e 1.500 m.

"Estou muito contente em participar dos Jogos Olímpicos de Londres representando o meu país. Se ganho, será um êxito para a Somália e se não, um fracasso", disse Zamzam Mohammed Farah.

"Mas minhas esperanças são grandes", declarou a corredora de 400 metros, após uma sessão de treino nas instalações do estádio de Konis.

O treinador Ahmed Ali Abiikar tem confiança absoluta nos esportistas que superaram todos os tipos de dificuldade para competir na Olimpíada. "Participamos de várias competições mundiais de atletismo, portanto temos experiência", destacou Abiikar.

"Voltaremos com medalhas", assegurou o técnico.

Foto: AFP


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