Em sua edição deste sábado, o jornal britânico Daily Telegraph publica que funcionários da fábrica da Adidas de Shen Zhou, nos arredores de Phnom Penh, recebem US$ 66 (€ 50) de salário por mês para confeccionar roupas para os Jogos Olímpicos (27 de julho-12 de agosto).
Funcionários da fábrica explicaram ao jornal que seu salário pode chegar a US$ 120 trabalhando duas horas extras por dia, aumentando sua jornada a dez horas diárias.
"Acabamos de saber desta acusação e a levamos muito a sério", afirmou um porta-voz do Comitê de Organização dos Jogos Olímpicos (LOCOG), confirmando a abertura de uma investigação.
"A fábrica de Shen Zhou é aparentemente (...) inspecionada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) ou pelo programa do Banco Mundial", disse à AFP.
"Lembramos regularmente a todos os nossos titulares de licenças a importância" de respeitar as regras de origem de seus produtos, acrescentou.
Segundo um porta-voz da Adidas questionado pelo Daily Telegraph, os trabalhadores da fábrica de Shen Zhou ganham, em média, US$ 130 por mês, "o que está bastante acima do salário mínimo". "A Adidas está certa de que respeita os padrões do LOCOG", ressaltou.
O salário mínimo mensal no setor têxtil do Camboja é oficialmente de US$ 66, depois de um aumento de US$ 5 obtido no fim do ano passado após uma série de desmaios em fábricas de roupas de grandes marcas estrangeiras, como Puma e H&M.
"Um salário decente para um funcionário com dois filhos deveria ser de cerca de US$ 260", considera a Labour Behind the Label, uma rede de organizações de defesa dos direitos dos trabalhadores, sobre o caso do Camboja.
A Adidas, marca esportiva alemã e fornecedora oficial dos Jogos Olímpicos, acrescentou que os funcionários de sua fábrica de Shen Zhou receberão até o fim do ano um aumento comparável ao de outros trabalhadores do setor têxtil do país do sudeste asiático.