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290512 chenChina - Esquerda - Irmão do ativista cego Chen Guangcheng, que recentemente obteve visto de saída do País, sofreu torturas e represálias e depois simplesmente não voltou para o hotel.


Desde sexta-feira, Chen Guangfu encontra-se desaparecido, segundo informou a agência de notícias Reuters.

Chen Guangfu é o irmão mais velho do ativista cego Chen Guangcheng, asilado recentemente nos EUA, após protagonizar uma situação política embaraçosa, tanto para o governo chinês quanto para o americano, ao permanecer durante seis dias na embaixada americana, em abril, às vésperas da chegada da secretária Hillary Clinton para as conversas bilaterais. Essa situação criou uma crise diplomática indesejável aos dois parceiros, EUA e China, já que se tratava de uma situação inaceitável para a China e também um desgaste para Obama, que não podia recusar a ajuda ao ativista cego para não deixar cair a máscara de guardião das liberdades democráticas. Coisa em que, na prática, milhões de pessoas não acreditam. Para não atrapalhar a campanha de reeleição do amigo Obama, os comunistas chineses acabaram por autorizar a concessão de um visto de saída a Chen Guangcheng com relativa rapidez, já que também não poderiam tê-lo feito logo em seguida para não serem tomados como demasiado brandos contra os rebelados.

Chen Guangfu havia saído de Shandong, a sua província, em direção a Pequim, em busca de ajuda para o seu filho, Chen Kegui, acusado pela burocracia chinesa de estar envolvido numa tentativa de assassinato. Essa acusação é apenas mais uma das amálgamas políticas, método amplamente utilizado pelos governantes chineses para calar opositores ou pessoas ligadas a esses, como é o caso do acusado e inocente Chen Kegui.

Na sexta-feira, Chen Guangfu, que dias antes havia relatado à Reuters as torturas e represálias que sofrera após o seu irmão, o ativista cego, ter buscado refúgio na embaixada americana, não voltou ao seu quarto de hotel e encontra-se em paradeiro desconhecido. Não resta a menor dúvida que as autoridades chinesas o fizeram desaparecer. Trata-se de ripostar e dar um castigo possível ao ativista cego e também um recado para que outros evitem copiar o exemplo, criando mais problemas ao governo chinês.

Necessidade de repressão absoluta

A China é, na atualidade, o país mais repressivo do mundo. E o motivo dessa repressão é manter sob controlo a maior população do planeta, composta de 1.300 milhões de pessoas. Devido às mudanças ocorridas nas últimas décadas e a problemas herdados da Revolução Chinesa, de 1949, o único método para impedir uma explosão revolucionária, que possa derrubar a burocracia governante, como ocorreu na antiga URSS e em todo o Leste europeu é, exatamente, exercer o mais absoluto controlo sobre a população, reprimindo-a duramente. Em particular, após o levante do mundo árabe que vimos recentemente, o temor às massas chinesas tornou-se uma espécie de paranoia, que deve ser evitada a qualquer custo.

A invasão económica imperialista na China, nos últimos anos, foi a responsável por transformar o país na segunda economia mundial, superando o Japão. Isso produziu o mais poderoso proletariado do planeta, cuja vanguarda se concentra na província de Guangdong, e que nos últimos meses protagonizou uma poderosa onda de greves, contra o imperialismo, contra o governo e os sindicatos comunistas atrelados à burocracia chinesa.

Se não bastasse isso, existe o problema histórico da ocupação da Mongólia, do Tibete, da opressão sobre a etnia Uighur, na província de Xianjing e também as regiões administrativas de Hong Kong e de Macau. É nesse verdadeiro caldeirão do diabo (visto da perspetiva dos governantes) que o Partido Comunista é obrigado a exercer o seu poder, não restando outra alternativa senão a de reprimir violentamente qualquer tentativa de criar um processo democrático, como o da Praça da Paz Celestial, em 1989. A democracia, seja ela de qual tipo for, e o governo do Partido Comunista são duas coisas incompatíveis, impossível de existirem simultaneamente, como se comprovou historicamente com a URSS.

Segundo os Repórteres sem Fronteiras, a China ocupa a 171ª posição, entre 178 estados, no que diz respeito à liberdade de imprensa. O controlo inglório sobre a Internet tem sido uma das maiores fontes de dores de cabeça para a censura chinesa. Algumas palavras como jasmim, têm sido sistematicamente apagadas da rede. E também o governo exige que as pessoas se registem com os verdadeiros nomes na rede para que possam persegui-las caso enveredem pelo caminho das críticas, que as autoridades chamam de subversão.

Na China, não se sabe quantos estão detidos prolongadamente sem julgamentos. Não se sabe tampouco quantos estão detidos através das farsas judiciais. As confissões forçadas fazem parte do quotidiano bem como a tortura e as represálias. Tal método, inclusive, levou à rebelião no povoado de Wukan, onde a população tomou as rédeas de seu destino, cercada pela polícia durante vários dias, até conquistar uma série de concessões, impensáveis noutras localidades.

São bem conhecidas também as restrições à liberdade de opinião, reunião, associação e culto, sem falar nos direitos trabalhistas.

A China é o país que executa mais pessoas, respondendo por 72% das execuções do total mundial.

A lista de ativistas e lutadores de todos os matizes presos e perseguidos é interminável.

Dela constam nomes como Liu Xiaobo, Prémio Nobel da Paz, detido desde 2008. Agora, Liu Xia, também se encontra detida, pelo crime de ser sua esposa. Também está encarcerado o advogado Gao Zhisheng. Chen Wei, Chen Xi, Ding Mao e Liang Haiyi, acusados de estarem ligados aos protestos da Revolução do Jasmim, que apavora a elite dirigente. Hada, um ativista político mongol. O famoso artista Ai Weiwei vive sob constante ameaça. Esses são alguns dos ativistas mais importantes.

Uma repressão apoiada por todos amigos imperialistas

Episódios como o do ativista Chen Guangcheng, representam apenas uma pequena contradição que comprova a regra de que todas as potências imperialistas apoiam a ditadura e a repressão na China. O apoio a ditaduras pelos países imperialistas não constitui nenhuma novidade histórica. Depois da Segunda Guerra Mundial, a implantação e apoio a ditaduras constituíram um método amplamente utilizado para estrangular o movimento de massas. Basta ver o mapa político latino-americano durante as últimas décadas do século passado.

Por esse motivo, o facto de os países imperialistas apoiarem a ditadura na China não pode causar espanto.

O apoio e o tratamento amigável ao Partido Comunista chinês deve-se, em primeira instância, à penetração imperialista na China. A penetração foi tão intensa que se criou uma situação em que problemas na China são problemas que atingem diretamente os países imperialistas. Para se continuar a lucrar com os chineses é absolutamente necessário mantê-los amordaçados. De maneira que, mais do que ninguém, aos países imperialistas interessa a manutenção das coisas tal como elas estão. No atual momento histórico, marcado por levantes em vários países, qual seria a repercussão de uma revolução democrática ou política na China? A instabilidade provocada por uma rebelião democrática na China interessa aos países imperialistas? A resposta é simples. Basta ver que uma simples constipação na Grécia, um país infinitamente menos importante que o gigante chinês, já cria uma epidemia mundial.

Foto: Chen Guangcheng obteve visto de saída, mas o irmão desapareceu. Imagem de k-ideas


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