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sputnikSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Recentemente, o Major General Soleimani, o chefe dos Quds, as operações especiais da Guarda da Revolução Islâmica, esteve em Moscou em encontros com o presidente Putin e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. Por quê?


Helicóptero russo de transporte Mi-17 é um dos aviões enviados à Síria para operações militares contra o Estado Islâmico. Foto: Mikhail Syritsa/Sputnik

É evidente que as recentes operações promovidas pelo governo russo na Síria contam com a colaboração direta do Irã e indireta da China.

Várias agências de notícias imperialistas têm reportado fortes movimentações militares da Rússia nas cidades de Latákia e Tartus, localizadas ao norte do Líbano. No porto de Tartus está localizada a única base russa no Mediterrâneo. Uma base aérea tem sido revitalizada em Latákia. A frota do Mar Negro tem se mostrado muito ativa. O aeroporto de Latákia teria recebido uma série de reformas e passou a receber mísseis de alto poder defensivo, os S-300, aviões de combate, helicópteros e artilharia pesada.

As operações do Exército Sírio em campo contam com o apoio do Hizbollah, a poderosa milícia libanesa que é apoiada pelo Irã, dos Quds e de várias milícias xiitas iraquianas apoiadas pelo Irã e, cada vez mais, dos russos, embora que, até o momento, o envolvimento tem acontecido fundamentalmente por meio de assessores militares.

Essas operações têm como objetivo fundamental fortalecer um enclave “alauíta” (grupo ao qual pertence o atual presidente al-Assad) que garanta a contenção dos sionistas israelenses, dos sauditas, dos turcos e do imperialismo no Oriente Médio. O enclave também deve garantir uma certa estabilização do contágio dos guerrilheiros islâmicos no sul da Rússia e a Ásia Central, servir como base na disputa de outras cidades na Síria, como Aleppo, a segunda cidade do país, Hama e Homs. A “bunkerização” dos alauítas também visa fortalecer o poder de barganha nas negociações para a saída de al-Assad do governo e a criação de um governo de unidade nacional em meio a gigantesca contradições.

Um Estado alauíta?

A Administração Obama tornou-se dependente da Rússia, do Irã, dos curdos e até do Hizbollah, a poderosa milícia libanesa, em campo, perante o enfraquecimento militar do imperialismo. A derrota militar no Iraque e no Afeganistão esteve na base do colapso capitalista mundial de 2008 que, por sua vez, impulsionou o estouro das revoluções árabes. Essas revoluções estouraram no elo mais fraco do sistema capitalista mundial. O nacionalismo árabe, que teve o auge com Nasser, tinha se esgotado e, na década de 1990, começou a implantar políticas neoliberais e abrir as portas para o imperialismo. Essas revoluções acabaram sendo rapidamente infiltradas pelo serviços de inteligência das potências regionais e imperialistas. Os grupos de guerrilheiros islâmicos têm sido impulsionados por esses serviços de inteligência, mas os principais têm ficado fora de controle. Isso aconteceu, principalmente, com o Estado Islâmico e a al-Qaeda.

As negociações na Síria têm se mostrado extremamente difíceis devido às profundas contradições existentes. Existe uma miríade de grupos “rebeldes” ligada, em vários graus, às potências regionais e ao imperialismo. Mas o controle desses grupos é tênue e depende, em grande medida, à evolução dos acontecimentos no campo de batalha. Os governos da Rússia e do Irã, obviamente, conhecem em detalhes a situação. Por esse motivo, e perante a ameaça do governo de al-Assad colapsar, tentam criar o próprio bastião para segurar as posições e, a partir delas, facilitar negociações mais gerais como o levantamento das sanções.

As sanções têm se tornado um fator crítico na Rússia e no Irã perante o aprofundamento da crise capitalista. A ala direita do imperialismo norte-americano tenta impor sanções contra a China, conforme tem ficado claro por meio da campanha contra a suposta espionagem cibernética. Essa política tem se tornado ainda mais crítica por causa do fortalecimento dessa direita nos Estados Unidos, que já domina as duas câmaras do Congresso, e ameaça vencer as eleições nacionais que acontecerão no próximo ano. No último debate do Partido Republicano, nas primárias, sobre o Oriente Médio e a região Ásia Pacífico, Vladimir Putin, o Irã e a China foram apresentados como vilões que precisam ser combatidos com energia.

Desde o ano passado, o governo russo tem fortalecido a presença na Síria. Em primeiro lugar, a Rússia tenta conter a expansão dos grupos islâmicos como o Estado Islâmico e a al-Qaeda, devido ao temor do contágio no sul da Rússia e nas repúblicas da Ásia Central, assim como segurar a base naval de Tartus, no Mar Mediterrâneo. Ao mesmo tempo, a política russa busca “vender” à Administração Obama a “essencialidade” da participação da Rússia na estabilização do Oriente Médio, da mesma maneira que aconteceu quando o imperialismo pressionou pela liquidação das armas químicas na Síria.

O bastião russo e iraniano, e, em certa medida, também chinês, passa pelo fortalecimento dos territórios controlados pela minoria alauíta que governa a Síria. Esses territórios contemplam o norte do Líbano, a região mediterrânea onde se encontram localizados os portos de Tartus e Latákia, e as regiões próximas à fronteira ocidental, incluindo Damasco, a capital do país, e o sul do Líbano, com a exceção das áreas próximas à fronteira de Israel que estão controladas, fundamentalmente, pela al-Nusra (a al-Qaeda na Síria) com o apoio dos sionistas israelenses. A partir do bastião alauíta, haveria uma posição mais favorável para disputar outras importantes cidades do país, como Aleppo, a segunda em importantância, Hama e Homs.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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