Na semana passada, no dia 11 de julho, uma bomba explodiu na capital do Egito, Cairo, na frente do consulado italiano. Uma pessoa morreu, e quatro ficaram feridas, a fachada do prédio ficou destruída. Poucos dias antes, em 29 de junho, outro atentado a bomba: o artefato explodiu dentro de um carro, atingindo o comboio em que estava o Procurador Geral do Egito, Hisham Bakarat, que morreu na hora. O recado foi claro, a capital já não é mais segura, e os figurões do regime ditatorial egípcio são alvos.
Em julho de 2013, um golpe militar derrubou o presidente Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana. Desde que os militares assumiram o poder, com o ex-general Abdel Fatah Al Sisi à frente da nova ditadura, a violência contra o regime vem crescendo. Primeiro surgiu um forte movimento guerrilheiro na Península do Sinai, depois a violência se espalhou. Na Península, a resistência se radicalizou, inclusive com a presença de um grupo ligado ao Estado Islâmico (EI), a Província do Sinai, que reivindicou o ataque ao consulado italiano da semana passada. O governo descreve a situação na região como “em estado de guerra”.
Enquanto isso, a Irmandade Muçulmana, maior organização política do País, colocada na ilegalidade e considerada pelo governo como “terrorista”, chamou seus militantes a “se levantar e se revoltar”, depois que mais 13 membros da organização foram assassinados pelo governo.
O governo golpista do presidente Abdul Al Sisi tem dificuldades para impedir o abastecimento de armas para os guerrilheiros, que chegam pelo deserto da Líbia. Outro ponto problemático fica na Península do Sinai, na fronteira com Gaza. O governo egípcio fechou dezenas de túneis que cruzavam a fronteira partindo da Faixa de Gaza. Mesmo diante da tragédia humanitária com a ofensiva de Israel o Egito manteve a fronteira fechada, alegando razões de segurança.
O governo de Al Sisi foi colocado no poder para conter a população à força, impondo políticas contra os trabalhadores, para que eles paguem pela crise. No entanto, como vem acontecendo em todo o Oriente Médio e norte da África, a situação pode ficar mais instável do que antes. A tentativa de resposta da ditadura tem sido mais repressão.
Um relatório da Anistia Internacional divulgado em junho descreve o Egito como um “estado policial”. Segundo o documento, 41 mil pessoas foram presas sob a ditadura do ex-general Abdel Fatah Al Sisi, no poder desde julho de 2013, quando os militares derrubaram o presidente Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana. Logo depois do golpe, milhares de pessoas foram presas e centenas foram assassinadas, participando de protestos contra a tomada de poder pelos militares. A tentativa de esmagar a resistência ao novo regime, no entanto, não funcionou.