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turTurquia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O aprofundamento da crise capitalista na Turquia se encontra na base da polarização e do enfraquecimento do regime político turco, que já tinha ficado exposto a partir dos acontecimentos do Parque Gezi em 2013.


Foto: Michael Fleshman (CC BY-NC 2.0)

O desemprego e a inflação têm crescido. A lira turca tem se desvalorizado. A inflação fechou o ano passado em 8,85% e continua batendo recordes por causa dos altos preços da energia, dos alimentos e da moradia. O desemprego (oficial) passou de aproximadamente 9%, no início do ano passado, para mais de 11% neste ano.

Uma ameaçadora bolha creditícia avança, aumentando o endividamento da população e a inadimplência, após ter sido promovida com maior intensidade em 2011 para garantir a continuidade do domínio do AKP nas eleições nacionais. Entre 2003 e 2013, o crescimento foi de dez vezes, e de 40% somente em 2012. Muitas pessoas endividadas recorrem aos cartões de crédito que aplicam taxas de 32% ao ano, provocando o aumento das dívidas neste setor a taxas de 27% ao ano. Apesar da dívida pública (oficial) se encontrar em torno aos 35% do PIB, o endividamento privado triplicou nos últimos quatro anos. Chama a atenção que os sintomas da crise são muito parecidos com a situação no Brasil.

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A economia encontra-se estancada, enquanto o governo tem impulsionado o aumento dos gastos públicos em grandes projetos faraônicos, muito similar, também, ao que acontece no Brasil – uma terceira ponte sobre o Bósforo, avaliada em US$ 2,6 bilhões, um canal de 50 quilômetros para ligar o Mar de Mármara ao mar Negro, avaliado em US$ 20 bilhões, que deverá ser entregue em 2023, duas novas cidades e um novo aeroporto ao norte de Istambul. Duas grandes construtoras, ligadas ao AKP, com capitais imperialistas europeus por trás, TOKI e KIPTAS, são as principais favorecidas.

Os megaprojetos visam manter os lucros dos capitalistas e a base eleitoral do AKP em Istambul, que representa 85 dos 550 deputados (a capital, Ankara, somente elege 31) e de onde se originam a metade das exportações.

O desemprego continua aumentando por causa da queda da produção industrial, enquanto a economia informal tem crescido na mesma proporção de acordo com o Banco Central da Turquia. Os salários têm sido corroídos pela inflação crescente. O déficit (oficial) da previdência é de mais de 5% do PIB.

A base da economia no momento está focada nas exportações de produtos manufaturados de baixo ou médio valor agregado, destinados às exportações à Europa, Médio Oriente e aos países que faziam parte da antiga União Soviética. O aprofundamento da crise capitalista nesses países tem provocado efeitos devastadores na economia turca. O déficit nas contas correntes tem superado os 10%, e tem sido financiado por empréstimos a curto prazo pelas monarquias do Golfo Pérsico. O déficit comercial supera os US$ 72 bilhões anuais, ou 9% do PIB, mas é muito pior, pois tem sido disfarçado pelas remessas de ouro ao Irã, que, provenientes de outros países, têm sido usadas para driblar as sanções impostas pelo imperialismo norte-americano.

Alejandro Acosta está atualmente no Leste Europeu acompanhando os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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