Foto: Piotr Drabik (CC BY 2.0)
O motor da locomotiva da Europa pode engripar?
Na base do sucesso, se encontram baixos salários (três vezes mais baixos que os salários das potências ocidentais), baixa proteção social e inúmeros incentivos para os monopólios que atuam no país, principalmente os alemães. Mais de 30% das exportações têm como destino a Alemanha e mais de outros 30% a Europa, principalmente a França e a Holanda. A Polônia faz fronteira com a Alemanha, possui uma força de trabalho qualificada e com custos baixos.
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Os governos direitistas têm sido muito fartos no favorecimento dos monopólios. Impostos de 19% (ao invés dos 32% normais) e toda uma série de incentivos que, no caso das mais de 14 ZEE (Zonas Econômicas Especiais), têm se transformado em isenções muito maiores, principalmente sobre os lucros e os imóveis, além da concessão de terrenos. Grande parte dos fundos da União Europeia têm sido alocados para beneficiar essas ZEE's.
Na base do sucesso, a não adesão ao euro
O fato da Polônia não ter aderido à zona do euro e de ter conservado a moeda local, o zloty, lhe permitiu aplicar políticas monetárias independentes que estão na base do rebaixamento dos custos das exportações e dos salários, além de ter promovido a formação de uma camada de trabalhadores privilegiada, que se diferenciam da grande massa, que pena para atender as necessidades básicas.
A taxa de câmbio do zloty se encontra hoje um pouco acima dos quatro euros. Enquanto o governo atual adiantou a data de adoção do euro, o novo presidente eleito, Andrezj Duda (extrema-direita), tem atacado o Euro e as políticas do BCE (Banco Central Europeu). Na campanha, realizou uma forte campanha sobre o que aconteceu com a Grécia e, principalmente, com a Romênia, onde o poder de compra da população despencou após a adoção do euro e a indústria quase desapareceu. Os salários ficaram muito distantes dos preços dos produtos da União Europeia que inundaram os mercados locais.
A União Europeia contra a "demagogia social" da extrema-direita?
Após a vitória de Duda, o zloty tem se desvalorizado e os mercados financeiros têm apresentado queda por causa da política da campanha eleitoral relacionada com o aumento dos gastos públicos e a volta atrás nos incentivos fiscais. As medidas propostas são quase impossíveis de serem implantadas. A política da União Europeia é o direcionamento dos recursos para os bancos.
Somente a prometida conversão das hipotecas (financiamentos imobiliários) de francos suíços para zloties representa um custo, para os bancos, de aproximadamente US$ 10 bilhões. Vários bancos poderiam ir à bancarrota.
A redução da idade das aposentadorias custaria, aos cofres públicos, algo em torno a US$ 19 bilhões nos próximos cinco anos. O aumento da faixa dos salários sobre os quais incide o imposto de renda, de US$ 800 para US$ 2.100, representa um custo de US$ 5 bilhões.
Sobre o pagamento de impostos, Duda tomou como exemplo o mercado de varejo, dominado pela França (Carrefour) e a Grã-Bretanha (Tesco), para propor que os impostos sobre os lucros sejam pagos não somente nas matrizes, mas também na Polônia.
Dois terços do setor financeiro se encontram sob o controle dos bancos europeus, como o Unicredit (Itália), o Commerzbank (Alemanha) e o Santander (Espanha). Duda declarou que os bancos deveriam ser nacionalizados. Se o partido Lei e Justiça vencer as eleições parlamentares de outubro, passará a controlar as empresas públicas, que podem ser utilizadas como alavanca para avançar. Uma espécie de chavismo pela extrema-direita.
É evidente que essas propostas eleitorais envolvem altas doses de demagogia, mas todas essas medidas se opõem aos planos de austeridade da União Europeia.
Para o próximo período, está colocado à ordem do dia um colapso econômico de larguíssimas proporções. A burguesia tentará descarregar o peso sobre os trabalhadores em ainda maior escala na tentativa de salvar os lucros a qualquer custo. O enfrentamento entre a burguesia e os trabalhadores ficará no primeiro plano da evolução da situação política mundial.
Alejandro Acosta está atualmente na Rússia acompanhando os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.