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putin merkelRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Os laços da Europa com a Rússia são enormes. A metade do comércio exterior russo, que foi de 326 bilhões de euros em 2013, aconteceu com a União Europeia. Aproximadamente 30% da energia europeia depende da Rússia. Seis mil empresas alemãs estão implantadas na Rússia.


Sanções e contra sanções. Tudo conduz ao Novo Caminho da Seda...

O governo alemão tem declarado que poderia passar a implementar a terceira onda de sanções contra a Rússia no caso da crise escalar na Ucrânia. Ao mesmo tempo, tem sido cada vez mais frequentes as colocações no sentido da necessidade de aplicar os acordos de Minsk e de que "o mesmo esforço relacionado com a aplicação das sanções também seja aplicado em relação a evitá-las", como declarou o ministro das relações exteriores, Frank-Walter Steinmeier, no dia 9 de abril.

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As declarações do dia 6 de março, feitas pela presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, ilustram as pressões da direita pró-imperialista. "A Europa deve, primeiramente, levar em conta que o que a Rússia está fazendo agora é uma tentativa de redesenhar o mapa e as fronteiras de pós-guerra. Primeiro, a Ucrânia, depois a Moldávia, e, finalmente, os países Bálticos e a Polônia."

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A Alemanha e a França buscam atuar como um polo de atração desses países em direção à Europa e aos Estados Unidos. Neste caso, as contradições com a Rússia são muito maiores, inclusive historicamente, que as existentes com a Ucrânia ou outros lugares habitados por russos. A população russa é minoritária, apesar dos partidos políticos pró-russos terem uma influência bastante significativa.

As contradições da Rússia com os países bálticos e a Polônia

Os países Bálticos representam um problema crítico para a segurança da Rússia devido a fazerem parte da OTAN e à curta distância de São Petersburgo, a segunda maior cidade do país. Em várias ocasiões, a Rússia cortou o fornecimento de gás, nos últimos anos, que representa o grosso do consumo de energia, apesar de terem sido implantados terminais de gás liquefeito.

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A Polônia representa a principal base manufatureira da indústria europeia, que é viabilizada por meio da mão de obra de baixo custo da Europa Oriental. Nesses e em vários outros países da Europa Oriental os governos são controlados por partidos políticos de direita que se alimentam, em grande medida, da propaganda anti-russa e do acirramento das contradições nacionais.

Sobre o ponto de vista dos interesses econômicos, o imperialismo europeu, encabeçado pela Alemanha e a França, é contrário a aumentar as sanções sobre a Rússia. Ao mesmo tempo, existem as pressões do imperialismo norte-americano e de várias das ex-repúblicas da União Soviética e do bloco soviético, que buscam um distanciamento da Rússia, em primeiro lugar a Polônia e os países do Báltico.

A Polônia e especificamente a Lituânia são os países envolvidos de maneira mais ativa na chamada "Parceria Oriental", que inclui também a Bielorrússia, a Ucrânia, a Moldávia, a Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão. O relacionamento tanto da Rússia como da União Europeia com esses países é contraditório e passa por uma série de pressões e contra pressões comerciais, na luta por vantagens.

A União Europeia busca integra-los na zona de livre comércio, o que implica na submissão aos interesses dos monopólios europeus. Vide a política de terra arrasada que foi aplicada na Grécia, na Irlanda, em Portugal ou na Espanha, por exemplo.

A Rússia pressiona por meio do fornecimento de energia e a União Euroasiática, que tem avançado por causa da falta de fôlego financeiro da União Europeia e das potências imperialistas em geral. O próprio Ianukóvich (Ucrânia) foi pressionado pelo governo russo por meio de sanções comerciais, no último período no governo, o que o levou a buscar uma posição de equilíbrio.

A União Europeia e a Rússia buscam uma aproximação comercial. Até aí seria uma luta (cheia de contradições) por mercados que envolve uma potência regional, a Rússia, e potências imperialistas. O problema é que o governo norte-americano, dominado cada vez mais pelos setores direitistas, busca cercar e sufocar a Rússia, e implodir as relações entre a Europa e a Rússia, e dos dois com a China.

A contraditória inclusão da Alemanha e da França no novo caminho da seda

Recentemente, a chanceler alemã Angela Merkel declarou que acredita numa zona de livre comércio com a Rússia no futuro, apesar das tensões com a União Europeia por causa da crise na Ucrânia. "Passo a passo, nós fazemos tudo o que é possível para criar uma área econômica comum – como o presidente russo Vladimir Putin disse uma vez [em 2014]– desde Vladivostok até Lisboa." Merkel disse que os problemas existentes entre a Rússia e a Alemanha devem ser resolvidos pela via diplomática. A via para resolver a crise política passaria pela implementação dos acordos de Minsk. Os recentes acordos de associação com a Ucrânia, a Geórgia e a Moldávia não devem ser direcionados contra a Rússia. Uma medida inicial para avançar nesse sentido seria a implementação de uma zona de livre comércio entre a União Europeia e a União Econômica Euroasiática. O recente acordo assinado entre a União Europeia e a Ucrânia teria como o principal objetivo minimizar os problemas entre a Ucrânia e a Rússia e avançar na direção do objetivo principal, a estabilidade para desenvolver os interesses econômicos.

O imperialismo europeu, encabeçado pela Alemanha e a França, tem fortes laços com o imperialismo norte-americano. Mas, conforme a crise capitalista tem se aprofundado, as rachaduras ficam mais evidentes e também avança a política do "salve-se quem puder". É como se as políticas econômicas fossem implementadas com o freio de mão puxado. O cancelamento do gasoduto do Sul (South Stream) e o desvio do escoamento do gás para a Turquia obrigará os europeus a pagarem uma sobre taxa.

A crise na Europa está deixando a "locomotiva alemã" sem fôlego. As exportações estão despencando e a única saída, além de aumentar a exploração dos países do leste da Europa e do aperto financeiro sobre a União Europeia, parecia ser a busca por novos mercados na Ásia. A aproximação também é procurada pelos chineses e a Rússia. O trem bala que unirá Pequim a Moscou poderá ser estendido até Berlim, segundo a proposta feita pelo presidente chinês na visita realizada à Europa no ano passado. A linha passará pelas repúblicas da Ásia Central, o que aumentará a influência chinesa na região.

Será desenvolvida uma rota marítima pelo Mar Ártico que unirá a Ásia à Europa. No meio do caminho, pegam carona a Índia, Paquistão e o Irã.

A crise capitalista impulsiona o novo caminho da seda

Os laços da Europa com a Rússia são enormes. A metade do comércio exterior russo, que foi de 326 bilhões de euros em 2013, aconteceu com a União Europeia. Aproximadamente 30% da energia europeia depende da Rússia. Seis mil empresas alemãs estão implantadas na Rússia.

As sanções impostas contra a Rússia, após os acontecimentos na Ucrânia, foram os fatores determinantes da virada em relação à China. Trata-se de uma virada da situação política na comparação com os anos anteriores. A Rússia tinha apoiado a "guerra contra o terror", tinha facilitado a instalação de bases norte-americanas nos países da Europa Central e tinha aplicado sanções contra o Irã.

O aprofundamento da crise na Rússia por causa da queda dos preços do petróleo e das sanções levaram a uma grande volatilidade do rublo que, nas últimas semanas, foi relativamente controlada. Mas a economia continua em contração. As importações alemãs (principalmente automóveis, produtos químicos e industriais) sofreram queda de 35% em janeiro. As vendas de automóveis caíram 10% no ano passado e poderão cair mais 35% neste ano. De acordo com o Banco Mundial, a economia russa deverá encolher quase 4% neste ano. A Opel, divisão da General Motors, abandonará a Rússia neste ano, a um custo de US$ 600 milhões, fechando uma fábrica com 1.150 empregados em São Petersburgo. No mês de março, os investimentos caíram 5,3%, a produção industrial 0,6% e o varejo 8,7%.

As sanções têm dificultado a obtenção de empréstimos.

A forte pressão contra a Rússia tende a se repetir contra a China. A desestabilização de Hong Kong, o Tibete e Xinjiang se completa com a intervenção direta dos Estados Unidos no Mar do Sul da China, no fortalecimento da aliança militar com o Vietnam, as Filipinas e a Malásia, a União do Transpacífico e o direcionamento da metade do orçamento do Pentágono para a região Pacífico da Ásia.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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