No dia 1º de dezembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, cancelou o South Stream, um gasoduto que abasteceria a Europa passando pela Turquia. Junto comNord Stream, essa seria mais uma rota de abastecimento para os países da União Europeia (UE) que evitaria a passagem pela Ucrânia. O lobby contra o Nord Stream era grande, enfrentando oposição da Suécia e da Polônia. Como o projeto interessava a Alemanha, o projeto acabou indo pra frente. No caso do South Stream, que interessava especialmente à Áustria e à Itália, os políticos da Comissão Europeia (CE) acabaram inviabilizando o projeto por meio da proibição de que a mesma empresa fabricasse os gasodutos e fornecesse o gás. Essa restrição atingiu diretamente a estatal russa Gazprom.
A Rússia, no entanto, encontrou uma alternativa. O gasoduto que passaria pela Turquia, agora vai abastecer a própria Turquia. O País governado pelo presidente Recep Erdogan já é o segundo maior importador de gás russo, atrás apenas da Alemanha. Esse é mais um resultado da tentativa dos EUA de isolarem a Rússia, dando um golpe na Ucrânia e pressionando a UE a impor mais sanções econômicas.
Quem sai perdendo com o deslocamento dos negócios da Rússia para o oriente, com mais acordos com a China e com a Turquia, é a própria Europa. A chanceler alemã Angela Merkel tem encontrado resistência de empresários e industriais em seu próprio País. Recentemente, dois grandes industriais deixaram de apoiar o partido de Angela Merkel, o Partido Democrata-Cristão, para apoiar o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (que se opões às sanções). Os capitalistas alemães se queixam de que estão perdendo um grande mercado.
O cancelamento do South Stream deve causar uma divisão no bloco da União Europeia. Países como Hungria e os Países Bálticos tinham grande interesse na construção do gasoduto, para importar gás por essa via.
O medo dos norte-americanos é uma maior integração da Europa com a Ásia envolvendo a Rússia, a China e a Alemanha, por fora de seu controle. Os alemães são ligados aos russos por conta de uma série de amarrações comerciais, uma aproximação que já tem meio século, desde a época da União Soviética. Os russos importam produtos industriais alemães, e fornecem para a Alemanha 40% de todo o gás utilizado pelo País. Por enquanto, a Alemanha ainda está sob forte influência norte-americana, mas já mostrou hesitação em impor sanções contra a Rússia, que sofrem oposição também de industriais alemães.
Com o colapso do neoliberalismo em 2008, a crise capitalista entrou em uma nova etapa. O avanço da crise aumentou as contradições entre as potências regionais e o imperialismo, ao mesmo tempo em que intensificou também a dependência econômica nas duas direções. Diante desse quadro, aumentaram as tendências golpistas nos países atrasados em todo o mundo, com as tentativas do imperialismo de controlar diretamente a economia no máximo de países que puder, pressionando cada vez mais os países que mantenham alguma independência em sua política.