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230314 marchaEstado espanhol - Opera Mundi - [Rafael Duque] Aos gritos de "sim, sim, sim. Nós vamos a Madri", milhares de pessoas percorreram mais de 600 km para chegar à capital espanhola neste sábado (22/03) para a manifestação que ganhou o nome de Marcha pela Dignidade. 


Foto: Rafael Duque/Opera Mundi.

No total, seis colunas se deslocaram das comunidades autônomas de Andaluzia, Astúrias, Galíza, Cantábria, Castilla e León, Catalunha, Aragão, Extremadura, País Basco, La Rioja, Burgos, Murcia e Valência.

Segundo diferentes organizadores da manifestação, esta é a primeira vez, desde a transição democrática na Espanha, que todos os grupos de esquerda se reúnem em uma mesma pauta de reivindicações. "Estávamos vendo muitas lutas de diferentes grupos e, depois de debater, chegamos à conclusão que tínhamos que reunir as diferentes frentes, buscar a máxima unidade, inclusive entre os grupos que não mantinham relações entre si", conta Ginês Fernandéz, membro do Centro Cívico Somos Maioria e um dos organizadores do evento.

O número de coletivos que se unirá à manifestação deste sábado passa dos 150. Entre eles, está a Plataforma de Afetados pela Hipoteca, grupo que se tornou famoso no país por conseguir impedir o despejo de milhares de pessoas que, após perderem seus empregos, não puderam pagar a hipoteca de suas casas. Além da sociedade civil, os principais sindicatos do país e quase todos os partidos de esquerda se unirão à Marcha pela Dignidade. A única exceção será o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), principal grupo político de oposição.

Para conseguir reunir tantas opiniões diferentes, a pauta de reivindicações da marcha inclui diversos pontos, entre os quais destacam-se: o uso do dinheiro utilizado para pagar a dívida pública para fins sociais (em 2013, a dívida chegou a 94% do PIB), a diminuição do desemprego (que no fim de 2013 chegou a 27,1% da população) e o fim dos cortes orçamentários em Saúde e Educação (nos últimos quatro anos, o orçamento da Saúde diminuiu 7 bilhões de euros e da Educação outros 6,3 bilhões).

Com os pés cansados

Às 18h de ontem, cerca de 1,5 mil pessoas chegavam ao centro de Getafe, cidade da região metropolitana de Madri, sob uma chuva de aplausos. O grupo caminhou durante oito dias pelas estradas que ligam a região da Andaluzia, no sul da Espanha, à capital. "Hoje entramos em Getafe com mil e poucas pessoas. Desde o começo, na Andaluzia, nunca tivemos menos de 500 e estamos nos multiplicando. Amanhã devemos ter 5 ou 6 mil pessoas porque vêm muitíssimos ônibus da Andaluzia", calcula Pepe Caballero, secretário do Sindicato Andaluz de Trabalhadores.

Depois de realizar um ato em frente à prefeitura de Getafe, o grupo, que já havia aumentado com manifestantes locais, seguiu em direção a uma escola municipal. Durante o caminho, moradores da cidade aplaudiam os manifestantes das janelas dos edifícios e carros que passavam por uma das principais vias de entrada de Madri buzinavam em apoio ao grupo. Caballero conta que, ao longo de todo o trajeto, os habitantes das cidades por onde passavam sempre apoiaram a iniciativa. "A verdade é que as pessoas nos receberam muito bem. Eles se vêm identificados com os problemas, quase todos temos os mesmos problemas. Estamos devolvendo a esperança que estas pessoas perderam.", afirma.

Ao chegar à escola municipal, cedida pela prefeitura, o grupo se dirigiu ao refeitório para jantar. A comida foi preparada por funcionários do colégio que trabalharam de maneira voluntária. De acordo com uma das cozinheiras, mais de 2 mil asas de frango foram compradas com dinheiro doado por entidades sem fins lucrativos e por particulares. Carmen Quintana, uma das professoras do colégio que dedicou a tarde de ontem para ajudar na preparação do jantar, contou à reportagem de Opera Mundi que, como não poderá ir à manifestação deste sábado, resolveu ajudar às pessoas que iriam. "O que eles fazem é representar a todos nós que sofremos com este tipo de política", explicou.

Depois do jantar, o grupo se encaminhou a um pavilhão esportivo, também cedido pela prefeitura, onde iriam descansar até este sábado. "Temos que nos preparar para amanhã, vamos sair em direção a Madri às 9h. Também tenho que assumir que já estamos com os pés um pouco cansados", diz Caballero.

Centenas de milhares

Como organizador, Ginês Fernández calcula que o protesto deve reunir ao menos 200 mil pessoas. Porém, esta cifra não é uma unanimidade. O político Juan Manuel Sánchez Gordillo acredita que é possível que até 1 milhão de pessoas saiam às ruas de Madri. Apesar de estar otimista quanto à participação, Gordillo, que integra o partido Esquerda Unida, teme pela segurança do evento. "Temos medo que grupos violentos de direita possam aparecer, mas nós pedimos uma jornada de paz e tranquilidade", conta.

Na última quinta-feira (20/03), o governador da Comunidade de Madri, Ignácio González, criticou os participantes da manifestação. Inclusive, o político do PP (Partido Popular) chegou a comparar as reivindicações do protesto a ideais neonazistas do grupo de extrema-direita grego Amanhecer Dourado. Para Gordillo, as declarações de González são pensadas e o governador pretende "usar o discurso para legitimar uma futura violência policial".

De acordo com a organização do evento, dezenas de ônibus foram parados na manhã deste sábado em distintos locais da comunidade madrilenha. Em uma nota divulgada à imprensa, a assessoria da marcha conta que pelo menos 30 ônibus foram impedidos de chegar à capital.


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