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kurdwomanCurdistám - Diário Liberdade - Tropas iraquianas e curdas vêm de recuperar a barragem de Mosul de mãos do ISIS, no que é o maior golpe militar contra o 'Estado Islâmico do Iraque e do Levante' até o momento. No contingente curdo, o PKK tem especial relevância e é onde destacam, à sua vez, as mulheres combatentes.


As mulheres constituem até uma terceira parte das forças curdas no Iraque, integradas principalmente no Partido das Trabalhadoras do Curdistão (PKK), onde no geral o 40% das suas tropas são mulheres. São militantes que têm lutado por um Curdistão livre durante já mais de 30 anos, principalmente contra a Turquia. Contudo, o ISIS representa-lhes uma nova ameaça.

Ruwayda, comandante duma brigada inteiramente feminina na Síria, diz "Leio Nietzche e Marx, autores que eles não aceitam. Não aceitam mulheres em posições de liderança. Querem que nos cobramos e sejamos donas de casa, só para atendermos as suas necessidades. Acham que não temos direito de falar e controlar as nossas vidas".

Rengin, combatente do PKK na Turquia desde 1990, comenta "As mulheres crescemos escravizadas pelas sociedade. No momento que nasces mulher, és inibida pela sociedade. Se sou uma mulher, preciso ser reconhecida pela força da minha feminilidade, ganhar o respeito. Esse é o meu direito".

Considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos e outros países, a recente situação estratégica no Iraque forçou uma estranha aliança militar entre combatentes curdas e tropas norte-americanas e iraquianas. Na tradicional hipocrisia ocidental, os e as combatentes curdas na Turquia (país membro da OTAN) continuam a serem tratadas como terroristas, enquanto no Iraque ou na Síria são "lutadoras pela liberdade".

O PKK combina aspectos do nacionalismo curdo com inspiração socialista (já não estritamente marxista), como a igualdade e propriedade comunal. As militantes afirmam que a sua causa evoluiu além do simples desejo do estabelecimento dum Estado Curdo, pois agora também lutam, à vez, por gerar uma mudança social total.

Parte do discurso actual do PKK lida com a ideia de as crises globais e injustiças serem resultado de milénios de patriarcado e machismo. Assim, as mulheres do partido organizam as suas próprias acções e participam das estruturas de comando, partilhando todos os trabalhos.

Em 1998, quando o histórico líder Abdullah Öcalan declarou o grupo como "um partido das mulheres", foi algo difícil de aceitar para muitos homens.

Karim, homem membro do PKK, declara que "houve um intenso debate sobre o papel das mulheres. No início não queríamos aceita-las. Pensávamos que não eram suficientemente fortes para o combate. Mas Öcalan disse no seu livro que se realmente quisermos criar uma nova sociedade, temos que alargar o papel das mulheres. Enquanto as mulheres estiverem escravizadas, também estão os homens".

Ronahi Serhat, uma mulher membro do comité executivo do PKK, acrescenta "Ler Öcalan era como ler algo que nunca lera antes. Expressava ideias feministas. Quando alguém entra no PKK o primeiro que aprende é como respeitar as mulheres".

Yildiz, uma jovem combatente, conclui "A nossa luta trata sobre muitas coisas. Mudar as pessoas, retornar aos valores fundamentais, livrar-se da escravidão enraizada na sociedade. Quando cheguei aqui percebi muito melhor as injustiças sociais. Como podíamos ter vivido assim por tanto tempo? Como podíamos ter aceitado isto por tanto tempo?".

Com Institut Kurde, BBC, Worldcrunch e Vice.


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