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310715 rotasReino Unido - RBA - Nas últimas horas, ao menos dois imigrantes morreram ao tentar cruzar terminal; autoridades estudam erguer muro.


As autoridades do Canal da Mancha — que liga o norte da França ao Reino Unido — foram responsáveis por deter mais de 37 mil imigrantes apenas em 2015, anunciou o grupo Eurotúnel, que administra a conexão ferroviária, hoje (29). Em meio à crise humanitária na região, ministros dos dois países investem milhões na construção de um muro na cidade litorânea francesa de Calais, ponto de entrada do túnel.

Nesta manhã, um egípcio morreu eletrocutado por uma cerca que dava acesso ao terminal, reportou a Agence France-Presse. Ele foi a décima pessoa a morrer nos últimos dois meses na região. Na noite de ontem, um sudanês de entre 25 e 30 anos morreu após ser atropelado ao tentar subir no caminhão para atravessar o túnel sob o Canal da Mancha.

Hoje, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou que a situação no porto de Calais é "muito preocupante", informou a Agência Efe. "Não faz sentido buscar culpados. Trata-se de trabalhar com os franceses, de iniciar as medidas de segurança adicionais, investir mais onde se necessite”, afirmou o chefe de governo, que está em visita oficial em Cingapura.

Ontem, o ministro do Interior da França, Bernad Cazeneuve, se encontrou com a sua homóloga britânica, Theresa May, que confirmou que o Reino Unido investirá 7 milhões de libras (cerca de R$ 36,4 milhões) em um muro de segurança de 1,9 quilômetros no terminal do Eurotúnel em Coquelles, nos arredores de Calais.

Para Cazeneuve, o consórcio que controla o Eurotúnel não tem feito o suficiente “para garantir a segurança” no terminal. Em resposta, a empresa afirmou que investiu 160 milhões de euros na construção de barreiras, instalação de câmeras de segurança e de mais iluminação, bem como criticou a falta de policiais e equipamentos por parte dos governos.

Em comunicado, o grupo ainda argumentou que está alertando as autoridades há meses sobre a "explosão do número de imigrantes" em Calais e das graves consequências desse crescimento.

Caos humanitário
Entretanto, o reforço na segurança do porto acabou piorando a situação dos imigrantes, incitando-os a buscar “outras soluções para chegar a todo custo na Inglaterra”, explicou a prefeita de Calais, Natacha Bouchart, ao Le Monde. “Para ter acesso ao túnel, eles devem primeiro atravessar a estrada e isso é muito perigoso”, acrescentou.

Nos últimos meses, cada vez mais imigrantes, a maioria refugiados, têm acampado em campos informais nas redondezas de Calais na tentativa de embarcar em caminhões e trens que viajam da França para a Grã-Bretanha. Segundo o Eurotúnel, houve cerca de 1.500 tentativas de acessar o túnel só na noite de terça, após 2.000 tentativas na noite anterior.

De acordo com a última conta oficial divulgada pelos governos europeus no início de julho, há cerca de 3.000 imigrantes acampados na cidade francesa, embora estime-se que esse número já tenha ultrapassado de 5.000 ao longo do mês. Eles são oriundos, principalmente, de países como Etiópia, Eritreia, Sudão e Afeganistão.

Em busca de uma vida melhor
De acordo com Chloe Lorieux, da ONG Médecins du Monde, há muitas pessoas com ferimentos graves que precisam de atendimentos urgentes no hospital improvisado do grupo em Calais. “Esta definitivamente pior do que antes. Quanto mais difícil [a situação] fica, mais riscos as pessoas tomam”, explica ao The Guardian.

Para a agente humanitária, há uma falta de entendimento dos políticos em relação à situação real dessas pessoas, que são maciçamente refugiadas. “Essas pessoas estão vindo de Darfur, Eritreia, Afeganistão... Elas estão fugindo de guerras e de ditaduras”, afirmou Lorieux.

Shahnawez, um paquistanês que vivia na fronteira do Afeganistão e que foi feito de prisioneiro pelo Talibã por trabalhar em uma ONG norte-americana, contou ao veículo britânico que gastou três anos e oito mil euros para chegar a Calais. “Muitas pessoas aqui [no campo improvisado] falam inglês e pensam que o Reino Unido é seguro e tem mais justiça e oportunidades. É por isso que todos querem ir pra lá”, esclarece.

Já Mesti, uma jovem cristã da Eritreia, relata que fugiu de seu país por conta de perseguições, mas que chorou quando viu a situação caótica do campo nos arredores de Calais. “Se você me levar de volta para casa, você vai me matar. É melhor morrer aqui”, diz.

Além da atual situação no Canal da Mancha, o continente europeu é palco de outras crises humanitárias que envolvem imigrantes, refugiados e a falta de uma resposta apropriada das autoridades europeias e à altura das necessidades dessas pessoas.

Uma delas é a do Mar Mediterrâneo, onde, apenas nas últimas 24 horas, mais de 1,4 mil imigrantes foram resgatados em suas águas pela Guarda Costeira da Itália. Os oficiais informam que ao menos 14 corpos também foram encontrados e as causas das mortes estão sendo avaliadas.


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