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Makarenko frase educativaUcrânia - PGL - [José Paz Rodrigues] Anton Semionovich Makarenko é o mais conhecido dos pedagogos soviéticos.


Nasceu em Belopolye (Ucrânia) no ano de 1988, filho de um operário ferroviário e de uma dona de casa. Faleceu em Moscovo em 1939. Aprendeu a ler e escrever com a mãe, como a maioria das crianças da época, e logo depois foi matriculado numa escola primária. Lá teve acesso às disciplinas de Língua Russa, Aritmética, Geografia, História, Ciências Naturais, Física, Desenho, Canto, Ginástica e Catecismo, mas não pôde estudar a sua língua materna, a ucraniana, proibida pelo império czarista na Rússia, nem Lógica e Filosofia, exclusivas da elite. Aos 17 anos, Makarenko concluiu o curso de Magistério e entrou em contato com as ideias revolucionárias de Lenine e Máximo Gorki, que influenciaram a sua visão do mundo e da educação. A sua primeira experiência em sala de aula ocorreu em 1906, na Escola Primária das Oficinas Ferroviárias, onde lecionou por oito anos. Logo assumiu a direção de uma escola secundária. Porém, consciente do modelo de educação que queria aplicar, ampliou o espaço cultural e mudou o currículo com a ajuda de pais e professores; ainda, estabeleceu o ensino da língua ucraniana.

Foi professor de história em tempos do czar. Depois de 1917 encarregou-se da direção de comunas de readaptação de adolescentes vagabundos ou delinquentes. A sua mais marcante experiência deu-se de 1920 a 1928, na direção da Colónia Gorki, instituição rural que atendia crianças e jovens órfãos que haviam vivido na marginalidade. Lá, ele pôs em prática um ensino que privilegiava a vida em comunidade, a participação da criança na organização da escola, o trabalho e a disciplina. De 1928 a 1935 dirigiu a Colónia e comunidade de F. Dzerzinski, chegando a ser aginha um escritor e conferencista de prestígio. Publicou novelas, peças de teatro e livros sobre educação, sendo Poema Pedagógico e Bandeiras nas Torres os mais importantes. Morreu de ataque cardíaco durante uma viagem de trem em 1939, ano que ficaria marcado pelo início da Segunda Guerra Mundial.

Pedagogo original pelo seu estilo pessoal, conceções educativas e prática pedagógica. Depois de 1936, a sua pedagogia foi considerada pelo partido no poder como o melhor meio de formação do novo homem soviético. Manifestou-se refratário dos que chamava “pedagogos do Olimpo”, por estarem à margem da prática, teorias e métodos da Escola Nova ocidental e ainda pelo caráter individualista das suas orientações. Concebe a educação com a finalidade de construir o comunismo. Pretendia que cada um dos seus colonos chegasse a ser um comunista convencido, construtor ativo e consciente do comunismo. O coletivo –a organização da comuna-, para além de método base é a essência mesma do seu sistema educativo. Nele, o educador desempenha o papel de animador e guia. Estrutura o tempo do coletivo entre o trabalho manual produtivo e a escola. Embora não de forma integrada –educação politécnica-, como pretendiam Marx, Lenine, Krupskaia e outros, senão como aspetos desvinculados entre si na prática pedagógica. Trabalho é fabrico de produtos para o coletivo e a educação do caráter. E ensino é a aprofundação em todas as matérias, unida a uma forte formação política. Makarenko revela-se partidário de uma disciplina forte no coletivo, uma “disciplina consciente”, fruto de uma alta consciência política.

Anton Makarenko viveu as grandes transformações históricas do fim do século 19 e do começo do 20: o nascimento das grandes cidades e as suas indústrias, as longas jornadas de trabalho, os movimentos revolucionários contra o império do czar Nicolau II, a Primeira Guerra Mundial e a revolução de outubro de 1917, que pôs fim à monarquia e instituiu a ditadura do proletariado na União Soviética. Em meio a tantas mudanças, o papel da criança, dos pais e da escola também estava em xeque. Que ser humano formar para viver nesse novo mundo? Makarenko conhecia, na prática, as necessidades da grande massa pobre da Ucrânia. Os seus problemas não eram diferentes dos enfrentados hoje: a carência afetiva e material dos filhos dos operários; a audácia dos filhos dos burocratas, que não queriam fazer os trabalhos manuais e intelectuais, tão valorizados na sociedade socialista; e a ausência da família. Por isso, ele acreditava que a escola tinha que formar seres participativos por meio de uma organização coletiva e democrática, com muita disciplina e trabalho. E os pais que não conseguiam educar seus filhos deveriam ser reeducados por essa escola.

Em 1931, sob o título de “O caminho da vida”, foi realizado um filme no que se recolhem parte das experiências educativas de Makarenko. Mais tarde, em 1955, foi rodado outro com o título de “Poema pedagógico”. Do que, em 1969, se fez uma série para a TV soviética.

FICHA TÉCNICA DOS FILMES:

1.-Título original: Putyovka v zhizn (O caminho da vida).

  • Diretor: Nikolai Ekk (URSS, 1931, 119 min., preto e branco).

  • Roteiro: Nikolai Ekk, Osip Brik, Aleksandr Stolper e Regina Yanushkevich, segundo a obra Poema pedagógico de A. S. Makarenko.
  • Música: Yakov Stollyar. Fotografia: Vasili Pronin. Produtora: Mezhrabpomfilm.
  • Prémio: Filmes estrangeiros: National Board of Review (NBR), em 1932.
  • Nota: Pode ser olhado entrando aqui e aqui.
  • Atores: Nikolai Batalov, Yvan Kyrlya, Mikhail Dzhagofarov, Mikhail Zharov, Aleksandr Novikov, Mariya Andropova, Vladimir Vesnovsky, Mariya Gonfa e Regina Yanushkevich.
  • Argumento: Com o fim de solucionar o problema das crianças da rua que deixaram os últimos anos da era czarista, o governo cria uma organização que lhes da acolhida em comunas sem nenhum tipo de guardas. O filme segue o relacionamento entre o oficial Nikolai Sergueiev e um grupo de rapazes destinados à comuna que dirige; juntos se embarcam no projeto de levantar uma via de caminho de ferro. Filme realizado na União Soviética em 1931, sendo o primeiro em formato sonoro. Expõe em forma de ficção a obra pedagógica de Anton Makarenko que se manifestara nos seus livros posteriores Poema Pedagógico e Bandeiras nas Torres. Considerado uma forma de expressão artística baixo o Realismo Socialista, se nota a integração da modalidade de cinema mudo com o som e uma maneira de chegar a todo o povo. No grupo dos rapazes existem várias nacionalidades e elo também é importante considerar, assim como a crítica ao burocratismo que prejudica o processo educativo. Aparecem referências à contrarrevolução e os seus sequazes.

2.-Título original: Pedagogicheskaya poema (Poema pedagógico).

  • Diretores: Aleksei Maslyukov e Mechislava Mayevskaya (URSS, 1955, 111 min., cor).

  • Roteiro: Aleksandr Makarenko, Iosif Manevich e Aleksei Maslyukov, segundo a obra homónima de Makarenko.
  • Fotografia: Ivan Shekker. Música: Anatoli Svechnikov.
  • Produtora: Kievskaya Kinostudiya (Kiev Film Studio). O filme foi apresentado no Festival de Cannes de 1956.
  • Nota: Pode olhar-se entrando aqui.
  • Atores: Vladimir Yemelyanov (Anton Semyonovich Makarenko), Georgi Yumatov (Sasha Zadorov), Mikhail Pokotilo (Kalina Ivanovich), Yelena Litskanovich (Yekaterina Grigoryevna), Nina Krachkovskaya (Lidia Petrovna), M. Chernov (Anton Semyenovich “Toska” Solovyev),
    Yuri Sarantsev (Grisha Burun) (como Yu. Sarantsev), P. Grubnik (Mityagan), Ya. Panichev (Gud), A. Chistik (Taranets), Yulian Panich (Semyen Karabanov), A. Susnin (Ivan Lapot), K. Yevgenyev (Vetikovsky), V. Zhinovyev (Zhorka Volkov) e Ye. Zhinovyev (Galamenko).
    Argumento: Para solucionar o problema das crianças abandonadas, resultado dos anos do czarismo e dos anos da revolução russa, são criadas comunas para acolhe-las. Na comuna “Colônia Gorki” o pedagogo Makarenko desenvolve com elas um excelente labor educativo, experiência que se recolhe no seu livro Poema pedagógico, e que se apresenta em este formoso filme.

3.-Título original: Pedagogicheskaya poema (Poema pedagógico).

  • Diretor: Aleksandr Belinsky (URSS, 1969, 150 min., preto e branco). Série para a TV.

  • Roteiro: A. Belinsky, segundo a obra homónima de Makarenko.
  • Produtora: TV de Leningrado. Lugar de rodagem: São Petersburgo.
  • Música: Venyamin Basner. Fotografia: Lev Bunin.
  • Atores: Kirill Yurevich Lavrov (A. S. Makarenko), Konstantin Adashevsky, Petr Shelokhonov e outros.
  • Argumento: Cinebiografia baseada no livro homônimo de Anton Makarenko, cujo inovador e humano tratamento dos prisioneiros fez muitos amigos e inimigos também. Anton Makarenko, interpretado por Kirill Lavrov, é um escritor ucraniano, soviético proeminente e educador. As suas ideias revolucionárias e de luita pela democracia na resistência da União Soviética para formar os comunistas auténticos, foi muito importante. Mas, Anton Makarenko organizou uma aldeia experimental onde os condenados aprendiam a viver e auto-governar-se, de acordo com os princípios fundamentais dos direitos humanos e da democracia.

CARATERÍSTICAS BÁSICAS DA PEDAGOGIA DE MAKARENKO:

Segundo a investigadora brasileira Roberta Bencini, o mestre ucraniano Anton Makarenko concebeu um modelo de escola baseado na vida em grupo, na autogestão, no trabalho e na disciplina que contribuiu para a recuperação de jovens infratores. Ele foi um dos homens que ajudou a repensar o papel da escola e da família na recém-criada sociedade comunista, no início do século XX. A sua pedagogia tornou-se conhecida por transformar centenas de crianças e adolescentes marginalizados em cidadãos. O método criado por ele era uma novidade porque organizava a escola como coletividade e tinha em conta os sentimentos dos alunos na busca pela felicidade aliás, um conceito que só teria sentido se fosse para todos. O que importava eram os interesses da comunidade e a criança tinha privilégios impensáveis na época, como opinar e discutir as suas necessidades no universo escolar. Foi esta a primeira vez que a infância foi encarada com respeito e direitos. Mais que educar com rigidez e disciplina, ele quis formar personalidades, criar pessoas conscientes do seu papel político, cultas e sadias que se tornassem trabalhadores preocupados com o bem-estar do grupo, ou seja, solidários. Na sociedade socialista da altura, o trabalho era considerado essencial para a formação do homem, não apenas um valor económico. Makarenko aprendeu tudo na prática, na base de acertos e erros, primeiro na escola da Colônia Gorki e, em seguida, na Comuna Dzerjinski. Cada etapa das suas experiências foi registada em relatórios, textos e livros. As dificuldades e os desafios têm muitos paralelos com os dos professores de hoje. A saída encontrada há quase um século correspondia às necessidades da época, mas servem de reflexão para procurarsoluções atuais e entender a educação no mundo. Os pontos básicos da sua inovadora pedagogia são os seguintes:

  1. Proteger a infância: A ideia do coletivo surge como respeito a cada aluno, oposta à visão de massificação que despersonaliza a criança. O grupo estimula o desenvolvimento individual. Como a instituição familiar (e tudo o mais na União Soviética) estava em crise, essa foi a alternativa encontrada pelo educador para proteger a infância do seu país. O sentimento de grupo não era uma ideia abstrata. Tinha raízes nos ideais revolucionários e Makarenko soube como transformá-la nalgo concreto. A colónia era autossuficiente e a sobrevivência de cada um dependia do trabalho de todos. Caso contrário, não haveria comida nem condições de habitação aceitáveis.
  2. Valorizar a disciplina: Para que a vida em comunidade desse certo, era essencial que cada aluno tivesse claras as suas responsabilidades. «Nunca mais ladrões nem mendigos: somos os dirigentes». Makarenko era conhecido como um educador aberto, mas rígido e duro. Ele acreditava que o planejamento e o cumprimento das metas estabelecidas por todos só se concretizariam com uma direção muito firme. Por isso, os alunos tinham consciência de que a disciplina não era um fim, mas um meio para o sucesso da vida na escola. O descumprimento de uma norma podia ser punido severamente, desde que alunos e professores assim o desejassem, depois de muita discussão.
  3. Envolver a família: Makarenko publicou em 1938, incompleto, o Livro dos Pais. O objetivo era mostrar a importância da participação da família na escola e como educar as crianças em tempos difíceis. Alguns estudantes moravam nas escolas dirigidas por ele. O educador ucraniano fazia questão da presença dos pais, que eram estimulados a participar de atividades culturais e recriativas. A escola tinha o papel de orientar a família, que deveria encará-la como um órgão normativo. Pais muito “melosos” ou ausentes seriam incapazes de educar uma pessoa forte, madura e inteligente. «O carinho, como o jogo e a comida, exige certa dosagem», dizia.
  4. O aluno deve ter voz na escola: Makarenko queria formar crianças capazes de dirigirem a própria vida no presente e a vida do país no futuro. Exercícios físicos, trabalhos manuais, recriação, excursões, aulas de música e idas ao teatro faziam parte da rotina. A escola tinha que permitir o contato com a sociedade e com a natureza, ou seja, ser um lugar para o jovem viver a realidade concreta e participar das decisões sociais. O estudo do meio já era comum na escola de Makarenko, ainda que sem esse nome. Na Colónia Gorki, meninos e meninas eram divididos em grupos de dez e de diferentes faixas etárias. Um representante de cada turma participava de assembleias e reuniões em que se discutiam as situações da escola: um objeto roubado, a melhoria do prédio, a compra de materiais, a limpeza dos banheiros, os problemas particulares. Sexo e namoro também tinham espaço nas reuniões. Normas e decisões não podiam ser predeterminadas. O primeiro e o último voto eram sempre dos alunos. Talvez Makarenko tenha sido o educador que levou às consequências mais radicais as questões do espírito de grupo e do trabalho coletivo. Tudo era discutido entre alunos, professores e a direção da Colónia Gorki e da Comuna Dzerzinski. Por essa razão, embora tenha vivido numa época e num contexto totalmente diferentes dos atuais, vale a pena conhecer as suas ideias e pensar sobre elas. A sua obra provoca ainda uma reflexão sobre a disciplina. «Estamos sendo permissivos demais? Como atingir o equilíbrio entre limites e liberdade?. Makarenko dá algumas respostas. Podemos não concordar totalmente com elas, mas é inegável que o seu trabalho produziu resultados positivos num momento de grandes dificuldades sociais. Não estaremos nós em momento equivalente?», escreve Roberta Bencini.

Nos trabalhos de Makarenko destaca o compromisso com a concretização de um projeto educacional centrado na formação coletiva para a vida coletiva. A escola baseada na vida em grupo deveria ter também como princípios o autocontrole, a disciplina e o trabalho. Por isto Makarenko diz: «É preciso mostrar aos alunos que o trabalho e a vida deles são parte do trabalho e da vida do país».

Segundo o pedagogo italiano Lombardo Radice, numa palestra pronunciada em dezembro de 1951, ao julgar Makarenko podemos incorrer em dous erros opostos. Podemos cometer o erro de considerá-lo como o criador de um “sistema pedagógico” pessoal, de uma “experiência pedagógica” ligada essencialmente à sua personalidade, e que, por isso mesmo poderia ter-se desenvolvido em Genebra ou em Paris, Poltava ou Karkov, e tanto há cinquenta anos como em nossos dias. Também se pode cometer o erro oposto: o de reduzir toda a pedagogia soviética ao pensamento de Makarenko, identificando-a com as suas ideias e experiências educativas, é certo que a pedagogia de Makarenko é uma parte, e muito importante, da pedagogia soviética: as suas experiências e conclusões são fundamentais e, podemos dizer, modelares no desenvolvimento da escola e da pedagogia socialistas. Mas são sempre uma parte, não tudo; uma experiência e uma fase, não um surpreendente sistema fechado e definitivo. Em poucas palavras, pensamos que Anton S. Makarenko pode ser definido como a mais forte e rica personalidade da escola e da pedagogia soviéticas nas suas primeiras fases de desenvolvimento, desde a Revolução de Outubro até a vitória da edificação do socialismo (1936). O conteúdo de toda a palestra de Radice não tem desperdício nenhum, sendo muito interessante lê-la toda completa. Também é de grande interesse a leitura do que considero o estudo último mais acertado e completo, realizado pela brasileira Cecília da Silveira Luedemann, que, sob o título de Anton Makarenko, Vida e Obra. A Pedagogia na Revolução, o livro foi publicado pela editora Expressão Popular de São Paulo em 2002.

SÍNTESE DO SEU PENSAMENTO PEDAGÓGICO:

Para Makarenko, o coletivo é um organismo social vivo colocado, ao mesmo tempo, como meio e fim da educação. É um conjunto finalizado de indivíduos, ligados entre si pela comum responsabilidade sobre o trabalho e a comum participação no trabalho coletivo. Makarenko acrescenta que «(…) só através do ‘coletivo’ é possível formar aqueles “homens novos”, engajados e socialistas, que são requeridos para a criação e o desenvolvimento da sociedade revolucionária». A relevância do trabalho coletivo para o pedagogo soviético também pode ser demonstrada quando esse menciona que «é a participação no trabalho coletivo que permite a cada homem manter relações moralmente corretas com os seus semelhantes». Outro pressuposto metodológico de Makarenko é o apelo à moderação permanente quanto a elogios e demonstrações afetivas, como antídoto ao desenvolvimento de sentimentos individualistas entre as crianças. Neste sentido, o educador soviético menciona que: «(…) Elogiar a sua criatividade, o seu espírito de empreendimento, os seus métodos de trabalho, a sua capacidade para esforçar-se, é também recompensá-la. Mas não se deve abusar das aprovações verbais, particularmente das felicitações diante dos companheiros e dos amigos de seus pais».

De acordo com Makarenko, não se deve também castigar fisicamente as crianças. Para ele, em nenhum caso se deve recorrer à coação física. A disciplina era também outro importante pressuposto da educação de Makarenko. Entretanto, para o pedagogo russo, o que importava não era a disciplina consciente, mas a autodisciplina. Nas suas próprias palavras, “do cidadão soviético exigimos uma disciplina muito mais ampla. Exigimos que não só compreenda por que e para que deve cumprir uma ordem, mas que sinta a necessidade e desejo de cumpri-la da melhor maneira possível. Exigimos dele, além disso, que esteja disposto a cumprir com o seu dever em cada minuto da sua vida sem esperar resoluções nem ordens; que possua iniciativa e vontade criadora” . Enfim, como pressuposto metodológico, percebemos que para Makarenko o coletivo devia receber toda a prioridade sobre o individual. Não poderia haver educação senão na coletividade, através da vida e do trabalho coletivo.

Retomando, então, todos os principais pressupostos didáticos da pedagogia de Anton Makarenko, podemos sintetiza-los nos seguintes:

  • grande confiança na organização e na autoridade;
  • formas participativas de gestão;
  • estratégias de democracia e direção coletiva;
  • o trabalho coletivo;
  • a moderação quanto a elogios e demonstrações afetivas;
  • o repúdio à coação física;
  • a disciplina; e
  • a preponderância dos interesses do coletivo sobre o individual.

Com relação aos pressupostos teóricos da pedagogia de Makarenko, observamos que há uma grande presença da teoria marxista na obra e no contexto social em que o autor viveu.

A pedagogia de Makarenko foi completamente voltada para a formação do novo homem soviético, um homem comunista. E, para tal empresa, o marxismo pedagógico foi o modelo teórico e prático no qual o pedagogo que estamos estudando se inspirou no desenvolvimento de um paradigma educacional nitidamente diferente das pedagogias burguesas de até então. As posições pedagógicas de Makarenko resultam, por um lado, intimamente entrelaçadas com a ideologia revolucionária da Rússia soviética do pós-1917, explicitando na vertente educativa os seus aspetos mais originais e profundos, enquanto, por outro lado, com singular coerência levaram às últimas consequências aqueles princípios de educação social que estão na base de muitas filosofias contemporâneas, de Hegel a Marx, de Comte a Dewey.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Servindo-se da técnica do Cinemaforum, analisar e debater sobre a forma (linguagem cinematográfica) e o fundo dos filmes anteriormente resenhados.

Organizar nos estabelecimentos de ensino de todos os níveis uma amostra monográfica sobre a vida e obra pedagógica de Anton S. Makarenko. A mesma terá que incluir fotos, textos, frases educativas, cartazes, autocolantes, desenhos e mesmo textos dos próprios estudantes. Deve aproveitar-se o muito que há na internet sobre a sua figura. Com todo o material podemos editar e/ou policopiar uma monografia dedicada a Makarenko. Paralelamente a esta amostra, podemos projetar os filmes anteriormente resenhados e organizar um debate-papo sobre as imagens olhadas nos mesmos, e analisar a peculiar pedagogia prática do pedagogo russo-ucraniano. Comentando também as estratégias didáticas por ele utilizadas, que podem ser levadas às nossas atuais aulas.

Organizar um Livroforum, depois de ler, estudantes e professores, um livro escolhido por todos, relacionado com o tema. Entre eles podemos escolher Poema pedagógico (3 volumes), editado em 1983 pela editora Brasiliense, Conferências sobre Educação Infantil, editado pela editora portuguesa Moraes em 1981, e mesmo o livro citado de Cecília da Silveira sobre a vida e obra pedagógica de Makarenko.


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