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Giner com Cossio e RubioEstado espanhol - PGL - [José Paz Rodrigues] O dia 18 de fevereiro, foi o primeiro centenário do falecimento do grande educador Francisco Giner de los Ríos.


Fundador, com outros dos seus companheiros, da Instituição Livre do Ensino (ILE) em 1876, Giner é junto com Cossio, o pedagogo que mais fez pela educação no nosso país no último terço do século XIX e o primeiro do XX. Este grande educador, verdadeiramente singular, faleceu em Madrid a 18 de fevereiro de 1915, enquanto na Europa acontecia uma das mais nefastas guerras da história. Catedrático de Filosofia do Direito e Direito Internacional da Universidade Complutense de Madrid, por culpa dum ministro de instrução pública, chamado Manuel Orovio, que quis controlar a lealdade dos professores à coroa e à doutrina católica, por meio da assinatura dum documento de compromisso, provocou que um grupo de amigos liderado por Giner, que não aceitou tal imposição, criassem o que muitos consideramos o mais importante projeto educativo na Europa, como foi a ILE, instituição educativa, privada, livre e independente. Ao não assinar o documento, Giner perdeu a sua cátedra, embora, tal injustiça foi o caldo de cultivo do que nasceu uma maravilhosa realidade pedagógica. A ILE foi, num primeiro momento, um centro privado de educação superior, mas, aos dous anos da sua fundação centrou o seu trabalho também no ensino infantil, primário e secundário. Seguindo o seu formoso princípio de que o mestre é a alma da escola, este lindo projeto procurava a regeneração da sociedade, tendo como ferramenta principal a educação. Nesta altura é quando nasce em Giner a sua profunda vocação pedagógica, que encheu toda a sua vida. Dedicou-se sempre em corpo e alma à educação, não se casou e os seus alunos e colaboradores eram a sua autêntica família.

São muito poucos os galegos que conhecem o importante relacionamento que Giner teve com a Galiza e com Portugal, tema de grande interesse que é necessário recuperar e pesquisar. No verão de 1883, junto com o seu discípulo principal Cossio, um grupo de professores, entre os que entre outros estavam Julián Besteiro, Eduardo e Alejandro Chao, José Garay e Pedro Blanco, e vários dos seus estudantes, organizou Giner um interessantíssimo roteiro a Lisboa, passando primeiro por Castela, Cantábria, Picos de Europa, Astúrias e Leão. A famosa excursão, que saíra de Madrid o 14 de julho, entrou na Galiza a primeiros de setembro e chegou à Corunha o 10 deste mês. Para continuar depois a Portugal, tendo como meta a linda cidade de Lisboa, onde precisamente, no ano de 1890, falecia aos 80 anos o seu pai Francisco Giner de la Fuente. A Academia da História, nos seus Anais, qualificou esta excursão como “Memorável”. Também com Cossio, em 1884, acudiu Giner ao Congresso Pedagógico Internacional de Londres. Ambos, com vários dos seus estudantes, realizaram em 1886 um roteiro por França, Bélgica, Holanda e Reino Unido. Em 1891 começa Giner o seu importante relacionamento com Galiza. No verão de esse ano mora no paço de São Vitório, em São Fiz de Vijoi (Vergondo), propriedade dos López-Cortão, experiência que repetiria em anos sucessivos. A sua grande amizade com a família proprietária do paço, era devida a que o seu principal discípulo Cossio iniciara no ano anterior de 1890 seu noivado com Carmem López-Cortão Biqueira, filha dos donos da grande casa, com a que se casaria em 1893. Por tal motivo, ambos educadores eram muito bem-vindos para poder desfrutar das suas férias de verão no paço. Ademais, a noiva, e logo esposa, de Cossio, era tia do nosso sempre admirado João Vicente Biqueira, que, como todos sabemos, se formou na ILE. Giner acostumava fazer nas suas estâncias em terras betanceiras grandes passeios a pé pela comarca, percorria a Espenuca pelas ribeiras do Mandeu, e muitas vezes acudia ao paço de Meirás da sua amiga Emília Pardo Bazán, para manter com ela debates-papo. Por isto, depois do que comentei antes, não deve estranhar-nos que o contacto com a natureza fosse um dos principais princípios educativos da ILE. E que foram também criadas as famosas colónias escolares de verão. A primeira tivera lugar em 1897 no povo cântabro de S. Vicente de la Barquera, coordenada pelo Museu Pedagógico que dirigia Cossio. A primeira colónia celebrada em Sada, nas Lagoas, teve lugar em 1902, com repetição em anos sucessivos até 1907. A partires de 1911 o cenário das colónias foi o Sanatório Marítimo de Oça.

Durante os seus estudos de Filosofia e Direito em Granada recebe o magistério dum professor chamado Fernández e González, que o põe por primeira vez em contato com as ideias do filósofo alemão Friedrich Krause. O ano de 1863, depois de deslocar-se a Madrid, é crucial na sua vida. Tem 24 anos e conhece ao catedrático de história da filosofia Julián Sanz del Río, introdutor do krausismo no nosso país, e a outros professores universitários como Gumersindo de Azcárate e Fernando de Castro, e conecta com as suas ideias filosóficas. Enquanto prepara a sua tese de doutoramento, assistindo aos cursos correspondentes. Esta sua formação influiu muito no seu pensamento educativo posto em prática na ILE. Dos seus princípios educativos fundamentais quero eu destacar dous: em primeiro lugar a sua total oposição a realizar exames, tanta, que na constituição da ILE o 2º artigo da mesma é a proibição total de realizar exames; em segundo lugar a grande importância que lhe da à formação ética e moral dos estudantes. Eu comparto plenamente o seu pensamento e ideário pedagógico que, curiosamente, também é o de Robindronath Tagore. Existe muita informação bibliográfica sobre Giner e sobre a ILE. E também muitas webs, nas que podemos encontrar valiosas informações sobre este grande educador e sobre a ILE. Na que se formaram grandes pessoas como Lorca, Dalí, Buñuel, Alberti, Cernuda, e os prémios Nobel Echegaray, Ramón y Cajal, Severo Ochoa, Juan Ramón Jiménez e Vicente Aleixandre. No PGL tenho escrito bastante sobre a ILE, sobre Cossio e sobre as Missões Pedagógicas, que pode ser consultado entrando em :

 

Pode consultar-se também o sítio web :


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