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Foto - Slow ScienceACP-PI - A tendência instalada na Europa e na América do Norte de avaliar a produção de conhecimento e a investigação científica através do número e do ritmo de publicações em revistas científicas indexadas começa a ser contestada.


 

O manifesto slow science (http://www.petities24.com/slow_science_manifesto) propõe que os critérios de competitividade e utilitarismo que servem de base à ‘corrida’ às publicações devem ser repensados e resistidos. Os argumentos principais subjacentes a esta crítica são: 1) que a produção de conhecimento precisa de tempo, para formular questões e produzir respostas, 2) que o conhecimento é múltiplo e não se concentra apenas nas universidades, mas deve ser um processo partilhado com as comunidades envolvidas, que não necessariamente dominam os jargões da academia, ou têm acesso às revistas científicas onde os resultados são partilhados, 3) que o objetivo principal da produção conhecimento não é servir interesses privados ou as necessidades de financiamento das instituições, mas contribuir para o bem comum.

A adoção de critérios comuns a áreas distintas do conhecimento e a imposição de ritmos acelerados de produção científica prejudicam a academia e a ciência. Quando os cientistas têm que estar direcionados para a produção de resultados em pouco tempo e para a partilha em meios académicos exclusivos e fechados, a qualidade do trabalho científico é menor e a academia limita o seu propósito de serviço à sociedade.

No mesmo sentido, embora de âmbito mais limitado, vai Declaração de San Francisco sobre a Avaliação da Investigação Científica, ou DORA, (http://am.ascb.org/dora/), ao questionar o critério dos fatores de impacto das revistas científicas para avaliar o mérito dos cientistas. Recuando na história deste indicador, torna-se evidente que ele surgiu para avaliar a popularidade das revistas entre a comunidade científica e não para avaliar a qualidade do trabalho científico de quem nelas publica (ou não). Os autores desta declaração propõem um conjunto de medidas que podem ser adotadas por várias entidades (instituições, agências financiadoras, editoras, etc) para alargar o leque de indicadores que avaliam o mérito científico. A declaração propõe que se abandonem indicadores de publicações, como os fatores de impacto das revistas científicas, para medir a qualidade da contribuição científica de um investigador. E recomendam a consideração do conteúdo científico dos artigos (independentemente das revistas), outros outputs (software ou bases de dados), indicadores qualitativos do impacto da investigação como a influência prática e em políticas, entre outros

Numa época em que o acesso a financiamento para a investigação e para os investigadores -crescentemente com vínculos temporários e precários – depende sobretudo da avaliação a que são sujeitas as unidades de investigação e os currículos dos investigadores, os critérios aplicados devem merecer à comunidade académica e à sociedade em geral uma reflexão crítica e séria. Os caminhos da ciência e da produção de conhecimento e os benefícios que daí decorrem para a sociedade dependem, também, deste debate.

 


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