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capitalDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] A lei do valor é o motor que regula o funcionamento da sociedade capitalista. Ela determina o fluxo e o refluxo dos capitais dos vários setores da economia, de acordo com a lucratividade.


"O capitalismo não está funcionando", protesto anticapitalista em Londres, 2009. Foto: Wikimedia Commons (CC BY-SA 2.0)

Conforme Karl Marx demonstrou detalhadamente na sua obra prima, O Capital, o único gerador de valor é o trabalho humano. As máquinas são amortizadas e, nos procedimentos contábeis, simplesmente repassam, de maneira gradual, o investimento realizado como custo. Na circulação, no processo de compra e venda, os ganhos e perdas têm a tendência a nivelar-se. A fonte de lucro dos capitalistas é a mais-valia, a diferença entre os salários pagos e o valor criado pelos trabalhadores.

A concorrência leva a que a massa geral de mais-valia gerada na sociedade seja repartida de maneira tendencialmente homogênea entre os capitalistas, independentemente do ramo de atividades. Hoje, a taxa de lucro das operações industriais nos países desenvolvidos é extremamente baixa. Por esse motivo, o grosso das manufaturas têm sido transferido a países onde a mão de obra é, ou foi, na prática, semiescrava.

O lucro da GM, por exemplo, vem das fábricas localizadas na China e no Brasil e, ainda mais, do Banco GM que participa, em larga escala, da especulação financeira, vendendo, comprando e apostando em títulos públicos e privados, inclusive os derivativos financeiros que, entre outros, contêm os títulos dos financiamentos de automóveis.

As bolhas financeiras quando estouram têm como finalidade, própria do funcionamento do capitalismo, ajustar as taxas de lucro à média, como pode ser visto claramente na crise financeira de 2008 e como poderá ser visto nas bolhas que deverão estourar no mundo todo no próximo período. O inacreditável volume de capital fictício acumulado no mundo, devido à falta de colocação produtiva, torna esse processo muito mais explosivo.

Ao mesmo tempo, as multinacionais imperialistas impõem preços de monopólio e por meio do controle do Estado burguês passaram a controlar todos os aspectos da sociedade burguesa.

A lei da tendência à queda da taxa de lucro

A concorrência entre os capitalistas conduz à procura pelo aumento da produtividade e à redução de custos, mediante a implementação de novos processos e da automação industrial, em cima de máquinas mais modernas, o que leva à redução do número de trabalhadores. Por esse motivo, a mais-valia extraída apresenta a tendência a cair, o que provoca a queda dos lucros que representam o motor da economia capitalista.

Na tentativa de conter a ação da lei, os capitalistas aumentam a intensidade do trabalho, reduzem os salários por meio de processos de terceirizações, promovem ataques por meio dos programas de austeridade e usam trabalho escravo em proporções nunca antes vistas nos últimos séculos.

Mas todas essas tentativas não conseguem abortar a ação da lei, apenas a contém temporariamente. Ela provoca o aumento das lutas operárias. Na China, por exemplo, o salário médio dos trabalhadores passou de US$ 30 na década de 1980 para mais de US$ 400 nas principais cidades do país. No Vietnã, que se pretendia que substituísse, parcialmente, à China, nos últimos seis anos, os salários passaram de US$ 45 para US$ 100. Agora, os monopólios tentam, sempre com “mais do mesmo”, a mesma operação na Birmânia.

A tentativa de agilizar os processos de vendas e a diminuição dos estoques, para acelerar a rotação do capital, tem se chocado com o crescente empobrecimento das massas. A crise de superprodução está na base da crise capitalista atual. O aumento exponencial do crédito, em cima de recursos públicos, está levando o mundo inteiro a enormes bolhas financeiras. No Brasil, o “modelo de crescimento Lula” se esgotou e deixou como saldo a disparada da inadimplência em níveis históricos, com o governo fomentando-o ainda mais devido à falta de alternativas.

A desvalorização do capital constante empregado (principalmente, as máquinas e equipamentos) e, fundamentalmente, a crise capitalista, que leva à destruição em larga escala das forças produtivas, permitem, junto com a superexploração dos trabalhadores, que os mecanismos capitalistas não engripem. Ao mesmo tempo, as crises aumentam as compras e consolidações, reforçando ainda mais a monopolização da economia. O grosso da competição agora se processa em escala mundial por grandes multinacionais imperialistas que, na disputa do mercado mundial, levam o parasitismo a níveis absurdos, além de impulsionarem o militarismo e as guerras.

O aumento da intervenção do Estado burguês na economia

O principal mecanismo que permitiu ao capitalismo superar a depressão da década de 1930 foi a escalada da intervenção do Estado burguês na economia. O keynesianismo foi a corrente da economia burguesa que deu corpo teórico à necessidade do Estado promover investimentos com o objetivo de servir como motor da economia. Os gastos militares dispararam e se estruturou o chamado complexo industrial-militar nos países desenvolvidos que disparou o parasitismo em cima dos recursos públicos pelas multinacionais.

A crise capitalista de 2007-2008 enterrou o papel redentor do Estado burguês, que agora aparece como o grande concentrador da crise capitalista mostrando o crescimento, nas entranhas da velha sociedade, da nova sociedade socialista. O gigantesco e crescente endividamento público demonstra que as crises não reciclam o capitalismo. Elas permitem a continuidade do funcionamento, mas ao custo do contínuo enfraquecimento. A comparação que ilustra graficamente este fenômeno seria o envelhecimento de um ser humano que na velhice continua vivendo, mas com doenças, e turbinado com remédios e pontes de safena.

Trata-se de um conteúdo cada vez mais parasitário e podre protegido por uma casca que é o Estado burguês. O papel histórico da revolução proletária, que representa o último ato da evolução histórica do capitalismo, reside na destruição dessa casca e na expropriação dos meios de produção do punhado de parasitas financeiros que domina o mundo.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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