O Partido Conservador voltou a fazer um governo de maioria depois da vitória eleitoral em maio. Com o desempenho nas eleições gerais, o partido do primeiro-ministro britânico David Cameron se livrou dos Partido Liberal Democrata, com o qual fazia um governo de coalizão. Desde a formação do novo governo, os conservadores tem colocado em prática uma série de medidas direitistas que não conseguia colocar em prática com os liberais democratas.
O principal alvo é a classe trabalhadora e suas organizações. O partido que impôs uma série de derrotas aos trabalhadores durante a década de 80, sob a liderança de Margaret Thatcher, agora pretende lançar um movimento sindical para os “membros moderados dos sindicatos”, que estariam “insatisfeitos” com os sindicatos “militantes”.
Em uma entrevista para a revista do Parlamento inglês, o vice-presidente do Partido Conservador, Robert Halfon, anunciou as pretensões do partido: “Agora nós estamos no terreno central da política britânica: agora nós somos o partido dos trabalhadores”. Isso significa que o partido vai tentar minar a organização dos trabalhadores por dentro, além dos outros ataques que já estão promovendo. O partido dos patrões vai se intrometer na organização dos trabalhadores dificultar a resistência da classe operária.
Durante a entrevista, Halfon argumentou que o sindicalismo deveria ser “para muitos”, e não “para poucos”, sugerindo que os líderes sindicais não “representam” os trabalhadores. É uma defesa da interferência direta dos patrões nos sindicatos, opondo a representação parlamentar burguesa à organização da luta dos trabalhadores no sindicato.
Em julho, o governo anunciou a pretensão de aprovar uma nova lei de greve que impõe uma série de restrições contra o direito de greve dos trabalhadores. Pela proposta de lei, uma greve, para ser legal, terá que ser aprovada em uma votação em que participem pelo menos 50% dos membros dos sindicatos. Mesmo que a maioria vote a favor de uma determinada greve, se esse quórum não for atingido essa greve será considerada ilegal.
Outra mudança contra o direito dos trabalhadores de fazerem greve é a permissão para que as empresas contratem trabalhadores que substituam, durante a greve, os que estiverem parados. Uma forma de sabotar a greve tirando o poder de barganha dos trabalhadores durante as negociações. Além de tudo isso, será crime fazer piquetes com mais de seis pessoas, e o governo pretende transformar em crime a “intimidação” dos trabalhadores que não quiserem aderir às greves.
A lei prevê também que os sindicatos sejam obrigados a informar à polícia detalhes de como as greves serão feitas, duas semanas antes. Os sindicatos terão que fornecer ao Estado os nomes das pessoas que participarão dos piquetes e até como pretendem usar as redes sociais durante as mobilizações, entre outros detalhes burocráticos que tornam quase impossível fazer uma greve legalmente.
Thatcher invejava o ditador chileno Augusto Pinochet por sua liberdade para implantar a política dos patrões sem as restrições impostas pelas formalidades da democracia burguesa. Agora o Partido Conservador tenta derrubar essas barreiras do regime por meio de leis como essas, que atacam diretamente os direitos dos trabalhadores e sabotam suas organizações.
A direita britânica, também, mostra o caminho para os golpistas no Brasil. O programa aplicado pelo governo Conservador será reproduzido em toda parte onde o imperialismo conseguir se impor por meio de seus fantoches locais. No Brasil, esse é o tipo de "reforma sindical" que o governo do PT não conseguiu fazer desde que Lula assumiu em 2003 e com que os grandes capitalistas, representantes dos monopólios imperialistas sonham já há muito tempo.