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jpDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] Os derivativos financeiros representam o principal mecanismo da especulação financeira.


JP Morgan, um dos cinco bancos que controlam 96% dos derivativos financeiros nos EUA. Foto: Håkan Dahlström (CC BY 2.0)

Os principais tipos são futuros, repasses (forwards), opções (options) e swaps.
O volume total de derivativos passou de aproximadamente US$ 700 trilhões em 2008 para mais de US$ 1 trilhão contra um PIB oficial mundial de aproximadamente US$ 70 trilhões.

Em torno de 96% dos derivativos financeiros, nos Estados Unidos, são controlados por apenas cinco grandes bancos: JP Morgan, Citigroup, Bank of America, Goldman Sachs e Morgan Stanley.
 As operações com taxas de juros representam aproximadamente 82% do total.
 Os derivativos do crédito, aqueles que são usados para assegurar as operações principais, têm representado, desde o ano de 2007, em torno de US$ 15 trilhões anuais em valores nominais. Os CD (credit derivatives) e os CDS (credit default swaps) foram impulsionados pela bolha imobiliária, mas têm crescido no impulso da disparada das dívidas públicas.

O direcionamento de enormes volumes de capitais para a especulação com commodities (matérias primas) nos mercados futuros tem distanciado a comercialização da produção real. A OPEP, por exemplo, calcula que os 86 milhões de barris de petróleo produzidos diariamente sejam comprados e vendidos trinta vezes, por meio de documentos financeiros, antes de chegar aos consumidores. Os contratos futuros com metais preciosos comercializados na Comex e na LBMA (London Bullion Market Association) movimentam em torno de 100 vezes mais ouro que a produção real.

De seguros à especulação financeira

No início, os derivativos eram usados para minimizar riscos (hedge) nas transações financeiras relacionadas com matérias primas agrícolas. Na década de 1850, as exportações agrícolas representavam mais de 80% das exportações norte-americanas (em torno de US$ 190 milhões) e as operações para assegurar problemas com as colheitas acabaram ficando nas mãos de especuladores, que fundaram a CBT (Chicago Board of Trade). Nas décadas seguintes, esse tipo de operações futuras, que tinha como objetivo assegurar (hedge) a produção agrícola, foi estendido a outros setores das matérias primas, como o carvão mineral, carvão vegetal, petróleo e gado. Os precursores dos atuais especuladores financeiros lucravam em cima da proteção do preço das matérias primas por meio da transferência do risco devido a problemas relacionados com o clima, safras e manipulações do mercado.

O sistema capitalista entrou, em cheio, na fase imperialista no século XX. A disputa pelo mercado mundial levou à Primeira Guerra Mundial e, nas décadas de 1920 e 1930, o capitalismo mergulhou numa profunda crise que acabou sendo parcialmente contida por meio do aumento astronômico dos gastos estatais, principalmente em armas. A crise somente foi fechada por meio da gigantesca destruição de forças produtivas durante a Segunda Guerra Mundial. Entre os anos 1948, o início do Plano Marshall, e, aproximadamente, 1967, o capitalismo viveu os chamados “anos dourados”. Este período teve a lápide em 1974, na chamada crise mundial do petróleo.

Em 1971, a Administração Richard Nixon liquidou o Tratado de Bretton Woods, de 1944. A conversão do dólar em ouro foi abandonada, por meio de um calote, e, no lugar, foi imposto o dólar sem lastro produtivo, baseado nas transações de petróleo, os “petrodólares”. Isso acabou impondo o principal mecanismo moderno da verdadeira ditadura financeira que domina o mundo.


Os derivativos com taxas de juros (interest rate derivatives) foram desenvolvidos nos anos 80 baseados nos contratos futuros derivativos de 3 meses Libor (London Interbank Offered Rate) para ETD (Eurodollar Time Deposits), onde a Associação Britânica dos Bancos estabelecia taxas diárias de referência, que eram comercializados na Bolsa Mercantil de Chicago.


Nos anos de 1980, após uma mudança na Lei dos Bancos do Canadá, além dos cinco grandes nacionais, começaram a operar no país 65 novos grandes bancos. O lobby daqueles obrigou aos novos 65 bancos a limitarem as suas operações, motivo pelo qual procuraram novas atividades rentáveis. Por meio da “engenharia financeira”, estes bancos criaram dois novos produtos OTC (Over The Counter), os FRAs (Future Rate Agreements) e os IRS (Interest Rate Swaps). A novidade envolvida nas operações foi que, ao invés de movimentar os recursos nominais das operações, passaram a movimentar somente as taxas de juros (interest-rates) que passaram a ser denominados como valores nominais (notional underlying amounts). Ao mesmo tempo, este tipo de operações foi baseado em tarifas, o que para feitos contábeis permitiram eliminá-las dos balanços e ultrapassar em muito os limites máximos legais de capital.

Os novos títulos financeiros focaram o mercado corporativo como uma maneira de capitalizar os monopólios que começavam a apresentar problemas de liquidez. Os primeiros FRAs e IRSs foram comercializados pelo Citibank de Toronto e o Chemical Bank de Toronto e eram uma aposta futura em relação ao estado futuro a três, seis e 12 meses da taxa Libor. O sucesso desse tipo de operações levou a que o Citibank de Toronto passasse a comercializar esse tipo de títulos para todas as subsidiárias do Citibank a nível mundial.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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