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99Estados Unidos - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O crescente empobrecimento dos trabalhadores norte-americanos.


De acordo com dados da agência governamental IRS, os 1% mais ricos detém mais riqueza que 90% da população. Foto: Glenn Halog (CC BY-NC 2.0)

Mais de 50 milhões de norte-americanos dependem dos programas sociais do governo, tais como os bônus de alimentação e o seguro desemprego. Os participantes dos programas de alimentação do governo passaram de 26 milhões em 2007 e 40 milhões em 2010, para 50 milhões, ou 17% da população. Enquanto o governo, pressionado pelo ascenso da direita, prepara cortes dos fundos destinados aos programas sociais, segundo o Departamento de Agricultura mais de 20 milhões de pessoas adicionais precisariam da ajuda.

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De acordo com o último censo, mais de 48 milhões de pessoas, ou 15% da população, vivem em situação de pobreza. Destas, 15,5 milhões seriam crianças, um aumento de 28% em relação ao ano 2000 e de 10% em relação a 2008. As cidades com as maiores taxas de pobreza seriam: Detroit (36,4%), Cleveland (35%), Buffalo (28,8%), Milwaukee (27,8%), St. Louis (26,7%), Miami (26,5%), Memphis (26,2%), Cincinnati (25,7%) e Philadelphia (25%).

A metodologia do censo usa os mesmos critérios estabelecidos em 1956, e deixa de lado componentes que têm se tornado críticos a partir da administração Ronald Reagan, na década de 1980, tais como os gastos com assistência médica, educação, transporte, cuidado com as crianças, e outros, devido à privatização generalizada dos serviços públicos. Segundo análise da Academia Nacional de Ciências, considerando alguns desses fatores, o número de pessoas pobres seria de 52.765.000, ou 17,3% da população, e o número de crianças pobres seria de 24%, ou 18,8 milhões.

De acordo com os resultados de um estudo feito pela Universidade de Columbia, publicado no jornal American Journal of Public Health, e que contempla o período de 1983 a 2007, mais de um milhão de mortes anuais podem ser atribuídas a causas relacionadas com o aumento da pobreza e as diferenças sociais, que têm se acentuado a partir de 2000.

A partir da promulgação do chamado Patriotic Act, no início da década passada, a população carcerária passou de 500.000 pessoas em 1980 para aproximadamente três milhões, em primeiro lugar por ter se tornado uma fonte de lucros por causa da privatização. Adicionalmente, existem quase 10 milhões de pessoas indiciadas nos EUA.

A maior concentração de renda da história

Nos últimos oito anos, a renda dos trabalhadores caiu mais de 20%, enquanto o custo de vida, nos últimos 25 anos, tem aumentado mais de 80%. A produtividade do trabalho aumentou 80% entre 1975 e 2010.

O endividamento tem se generalizado. Aos repasses frenéticos de recursos públicos para os grandes capitalistas se somam as dívidas das pessoas físicas, que se aproximam dos US$ 20 trilhões.

O valor médio das propriedades imobiliárias caiu 28%, desde 2008. Devido à ampla extensão que as hipotecas e os refinanciamentos tiveram, 20% das residências tem hoje valor zero ou negativo.

Mais de 35 milhões de pessoas não possuem acesso à saúde e 60% das falências de pessoas físicas têm como causa as contas médicas; 75% dessas bancarrotas são de pessoas que possuíam planos de saúde.

Enquanto 62 milhões de pessoas possuem renda igual a zero, um punhado de grandes capitalistas, segundo um estudo da empresa de consultoria Deloitte, possuíam, há dois anos, US$ 46 trilhões, dos quais aproximadamente US$ 6,3 trilhões seriam recursos não declarados em paraísos fiscais. O estudo apontou que, em 2020, esses valores deveriam aumentar para US$ 87,1 trilhões, além de US$ 100 trilhões não declarados.

De acordo com o The New York Times (artigo “Nossa República das Bananas”, de novembro de 2010), entre 1980 e 2005, 1% da população se apropriou de mais de 80% da riqueza, ajudados pelos fortes cortes de impostos promovidos pelos governos republicanos e mantidos pelos governos democratas. Com a acentuação dessa tendência a partir de 2005, os EUA tem uma distribuição da riqueza similar com a Nicarágua, a Venezuela e a Guiana.

Os salários dos diretores das grandes empresas aumentaram enormemente a partir da década de 1990. Somente em 2010, o aumento médio foi de 28%. Em 1980, o presidente de uma “multinacional” ganhava, em média, 48 vezes mais que um trabalhador médio; em 2001, 531 vezes.

De acordo com dados da agência governamental IRS (Serviço de Ingressos Internos), em 2009 apenas 0,076% da população teve ingressos acima de US$ 1 milhão, e somente 74 pessoas tiveram ingressos acima de US$ 50 milhões por ano, com uma média de US$ 91,2 milhões em 2008 e US$ 518,8 milhões em 2010. As 400 pessoas mais ricas do país têm a mesma riqueza que a metade da população (154 milhões de pessoas), e pagam 18% de impostos, contra 30% em 1995. Os 1% mais ricos detém mais riqueza que 90% da população.

Os impostos que as “multinacionais” pagavam, em 1955, representavam 27,3% (4,3% do PIB) dos ingressos federais, e apenas 8,9% (1,3% do PIB) em 2010.

Os cinco maiores monopólios petrolíferos, que tiveram US$ 70 bilhões de lucro no ano passado, recebem mais de US$ 10 bilhões de isenções fiscais por ano.

Mas os casos mais escandalosos pertencem ao setor financeiro. O ex-presidente do Goldman Sachs, Hank Paulson, tornou-se Secretário do Tesouro do governo Bush, e foi o responsável pela diminuição dos impostos para os ricos e a liberação dos megapacotes, que representaram trilhões de dólares de repasse aos bancos que quebraram em 2007-2008, entre outros. Em 2009, os repasses, promovidos principalmente por meio das isenções fiscais, somaram US$ 145 bilhões e, em 2010, US$ 149 bilhões. Os principais executivos do Goldman Sachs receberam bônus e compensações acima de US$ 60 milhões em 2010. O presidente do Citigroup, Vikram Pandit, US$ 200 milhões. O presidente do JP Morgan Chase recebeu US$ 90 milhões.

No setor da saúde, o ex-presidente da Cigna, H. Edward Hanway, recebeu um pacote de aposentadoria de US$ 110,9 bilhões, e David Cordani, o seu sucessor, ganhou US$ 136,3 milhões em 2010. O presidente da Aetna, Ron Williams, ganhou US$ 72 milhões em 2010.

Não por acaso, o megaespeculador Warren Buffett declarou ao jornal The New York Times em 26 de novembro de 2006: “É verdade que há uma guerra de classes, mas é a minha classe, a classe dos ricos, que está fazendo essa guerra, e nós estamos ganhando”.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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