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bakerEstados Unidos - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Bonança ou enorme desemprego?


Mais de 100 milhões de trabalhadores norte-americanos não possuem emprego formal. Foto: Steve Baker (CC BY-ND 2.0)

De acordo com o BLS (Escritório de Estatísticas do Trabalho), órgão do governo norte-americano responsável pelas estatísticas relacionadas ao mercado de trabalho, mais de 100 milhões de trabalhadores norte-americanos não possuem emprego formal e 20% das famílias não possuem um único membro que esteja empregado.

A propaganda da imprensa imperialista leva a cabo uma campanha afirmando que o desemprego seria hoje de apenas 5,1% da força de trabalho, manipulando de maneira descarada as estatísticas. Mas planilhas não levam pão para a mesa do trabalhador.

Leia também: Pleno emprego nos EUA? (Parte I)

Em março deste ano, o governo desconsidera a existência de milhões de trabalhadores devido aos critérios utilizados em relação ao que seriam trabalhadores empregados. De acordo com o governo, haveria oito milhões de “desempregados” e mais de 92 milhões de trabalhadores que “não fazem parte da força de trabalho”. Esses números são muito superiores (27 milhões a mais) aos 5,48 milhões e 69,27 milhões registrados respectivamente, no mês de abril do ano 2000.

O percentual da população em idade de trabalho teria caído, de acordo com o BLS, de 64,6% do total da população no ano 2000, para menos de 60%. Esse número é ainda mais baixo que os 60,6% registrados no início da Administração Obama.

De acordo com o BLS, existem nos Estados Unidos mais de 80 milhões famílias, das quais mais de 16 milhões não têm nenhum dos integrantes empregados.

Em relação às novas vagas de emprego adicionadas neste ano, na realidade se tratam de vagas precarizadas em sua maioria. Sete de cada oito dos “novos” empregos que foram adicionados à economia nos últimos seis anos são empregos de tempo parcial. Esse é um dos motivos que têm levado à queda vertiginosa dos ingressos. Mais de 60 milhões de pessoas dependem da ajuda do governo para sobreviver e quase 50 milhões recebem ajuda para comer.

Desemprego de mais de 22%

Os dados do BLS revelam que mais de 34 milhões de pessoas se encontram desempregadas, o que representa 22,5% da população economicamente ativa. Esse número não contabiliza os 60 milhões de norte-americanos que sobrevivem dos programas sociais do governo nem os trabalhadores que sobrevivem com trabalhos informais e de meio período, que os colocam por debaixo da linha oficial de pobreza.

O BLS só considera como trabalhadores de período parcial aqueles que, em algum momento, tiveram um emprego com 40 horas semanais e que, posteriormente, foram cortadas para menos de 34. Nesta situação se encontrariam quatro milhões de trabalhadores. Mas, na realidade, há nove milhões de trabalhadores de período parcial que são candidatos a empregos de período completo, e que não o têm porque não o acham.

O BLS não considera os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho, que demandariam aproximadamente 150.000 vagas adicionais por mês. A população carcerária também não é contabilizada, apesar de somar mais de três milhões de pessoas, porque é tratada como um negócio privatizado. Também não são considerados os trabalhadores que são obrigados a trabalhar por conta própria nem os trabalhadores aposentados de forma compulsória.

O reino do "sweat work"

A crise capitalista tem levado a fortes processos de terceirização e à migração de unidades produtivas para países onde a mão de obra é muito barata, como os países asiáticos e o México. Os remanescentes do parque industrial encontram-se em franca estagnação.

O chamado sweat work, trabalho por produção e sem direitos legais, tem crescido enormemente; aliás, é o que predomina. O sonho dos capitalistas norte-americanos é rebaixar os salários dos trabalhadores ao nível do Estado do Mississipi, onde a média é “apenas” 80% maior que a média dos salários dos trabalhadores industriais chineses. No último período, nem sequer os lucros do parque industrial direcionado à produção de armamentos e à indústria de segurança (o chamado complexo militar industrial) têm continuado crescendo em ritmo ascendente, apesar do direcionamento de mais de 60% dos gastos públicos para este setor. O único segmento da economia que está em alta é a exploração ultra-depredadora de petróleo e gás a partir do xisto, ao custo de estar convertendo o país num verdadeiro pântano explosivo, mas que agora, devido à queda dos preços da energia, foi colocado em xeque.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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