A China tem promovido a desvalorização do iuan por causa da desaceleração da economia, principalmente devido à queda do comércio com o Japão e a Europa. Foto: Philip Roeland (CC BY-NC-ND 2.0)
A aceleração das maquininhas de “criar” dinheiro podre a partir do ar trabalham a todo vapor. O repasse desse dinheiro para os monopólios está na base dos lucros que já não conseguem mais ser extraídos da produção. Por esse motivo, a propagandeada “ameaça da deflação” não passa de uma farsa para ocultar essas operações. A deflação foi um fenômeno próprio da década de 1930 quando o dólar, em primeiro lugar se encontrava atrelado ao padrão ouro. Esse atrelamento foi liquidado em 1971, com o colapso dos acordos de Bretton Woods (1944), que tinha criado um “lastro mundial” em cima do dólar. Os gastos da Guerra do Vietnã colocaram uma pá de cal sobre a estabilidade promovida, nos países desenvolvidos, após a Segunda Guerra Mundial.
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Para o próximo período, a tendência geral é ao aumento das pressões inflacionárias, em direção acelerada à hiperinflação. Como disse o dirigente da Revolução Russa de 1917, não existe nada mais revolucionário que a inflação. Esta foi a base de todas as revoluções do século passado e da ascensão do movimento operário na década de 1980. E esta é a base da retomada do movimento operário, em escala mundial, no próximo período.
O impacto da desvalorização do iuan sobre a crise capitalista
Enquanto o iene japonês, por exemplo, tem sofrido recorrentes desvalorizações, o iuan se valorizou fortemente no último ano (13,5%), mais do que o dólar (12,8%) e o franco suíço (11,4%).
O governo chinês tem promovido a desvalorização do iuan por causa da desaceleração da economia, principalmente devido à queda do comércio com o Japão e a Europa. A gritaria da imprensa dos países imperialistas representa mais uma amostra da fragilidade da economia mundial, da escalada da política do “salve-se quem puder”.
A China busca internacionalizar o iuan (Renmenbi). Como próximo passo, busca que o FMI (Fundo Monetário Internacional) o inclua na cesta das moedas com direitos especiais (Special Drawing Rights). O FMI tem adiado a medida para setembro de 2016, alegando que o iuan não seria uma moeda “livremente usável” (“freely usable”). Mas o fantasioso “livre mercado” cobra um preço caro. Um mínimo descontrole do iuan ameaça a levar a um novo colapso capitalista de largas proporções.
Ao mesmo tempo que a desvalorização do iuan favorece as exportações, impacta negativamente as importações, das quais a China é extremamente dependente. É uma equação muito frágil que atinge a todos os países em cheio. O aprofundamento da crise no Brasil representa mais uma amostra neste sentido. A tendência geral mundial é no sentido do aumento da inflação, que esteve na base da ascensão do movimento grevista, em 2009 e 2010, na China.