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180515 hsbcPrensa Latina - O banco HSBC, gigante das finanças europeias, dá os primeiros passos de sua estratégia para superar os problemas depois do escândalo da lista Falciani e ao mesmo tempo lidar com a crise econômica.


Este plano, delineado pelo diretor executivo da entidade, Stuart Gulliver, entre outras ações, supõe a sua retirada de vários países que representam grandes perdas, dos quais até o momento só se anunciaram Brasil e Turquia.

Nesta última nação, onde existem 300 sucursais do HSBC, no ano passado a operação de banca varejista teve uma perda de 155 milhões de dólares, enquanto o gigante sul-americano, com 850 escritórios, apresentou uma perda total de 247 milhões de dólares.

Estados Unidos e México também estão sendo avaliados para o abandono do HSBC, no entanto devido aos tratados de livre comércio, nestes casos os critérios da diretora ainda não foram definitivos.

A administração Gulliver no HSBC, desde seu início em 2011 até o presente, despediu 50 mil empregados em todo mundo, e teve uma relação de custo-benefício superior a 67 por cento, informou o jornal The Financial Times.

A mesma fonte acrescenta que as utilidades do banco caíram 17 por cento no ano passado e os crescentes requerimentos de capital propiciaram o atual plano de redução do objetivo de rendimento sobre o capital investido, que oscila hoje entre 12 e 15 por cento e baixará para cerca de 10 por cento em um prazo de três a cinco anos.

Recentes declarações do presidente desta corporação, Douglas Flint, revelam a possível retirada de seu escritório principal fora da atual localização: o Reino Unido.

"No quadro de uma revisão estratégica mais ampla, o conselho de administração, a pedido da direção, deverá trabalhar para saber qual é o melhor lugar para a sede do HSBC neste novo clima", manifestou o titular.

O "novo clima", enfeitado pelas reformas regulamentares e estruturais depois da crise bancária, não é outro que a possível separação do Reino Unido da União Europeia, apoiada pelo atual primeiro-ministro, David Cameron, e que é quase uma realidade devido ao seu triunfo nas recentes eleições gerais.

Todas estas situações não surgiram espontaneamente, mas em sua essência compartilham um denominador comum: o escândalo de corrupção e evasão fiscal da sucursal suíça.

HSBC tenta recuperar das consequências das "falhas" na dita filial, que permitiram 106 mil clientes de 200 países guardar e extrair dinheiro de suas contas sem reportar às autoridades correspondentes.

Os assíduos de referida sede podiam fazer retiros rotineiros de dinheiro em numerário, com frequência em moeda estrangeira de pouco uso na Suíça; este banco ajudava-lhes ocultando as contas não declaradas para evitar o pagamento de impostos mediante incompreensíveis esquemas, informou o site de Forbes Latinoamérica.

As referências foram obtidas por meio de Hervé Falciani, um engenheiro informático da sucursal que hackeou o banco de dados dos clientes, correspondente ao período de 2005 a 2007, e fugiu para a França para depois compartilhar com as autoridades fiscais de diferentes países.

Esta façanha fez-se pública nos primeiros meses deste ano devido ao trabalho do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e de periódicos como o francês Le Monde e o britânico The Guardian, que indagara a informação paralelamente à justiça do Reino Unido, com auditorias de mais de mil cidadãos com contas que somavam 135 milhões de libras (205 milhões de dólares).

Na chamada "Lista Falciani" encontram-se nomes de empresários, celebridades, esportistas ou figuras políticas da Europa e do resto do mundo.

Destacam o dono estadunidense de uma construtora de shoppings Alfred Taubman, possuidor de uma fortuna de 3,2 bilhões de dólares, bem como a herdeira da empresa de moda e perfumaria francesa Arlette Ricci ou os reis Abdullah II da Jordânia, Mohammed VI do Marrocos, e o Sultão Qaboos do Omã.

Este caso constitui um exemplo de evasão e lavagem de dinheiro sem precedentes na história, já que se estima que pelo escritório transitaram 180,6 bilhões de euros.

O presidente do HSBC Douglas Flint admitiu a vergonha e reconhece "o horrível dano à reputação" sofrido pelo banco depois das revelações da subsidiaria na Suíça, no entanto nega-se a assumir qualquer responsabilidade pessoal pelas falhas.

Flint, quem fora diretor financeiro ao mesmo tempo em que a corporação fundara sua sede no país centro-europeu, alega que os diretores dos ditos escritórios são os que devem encarar toda a responsabilidade, pois o segredo bancário da nação atenta contra os mecanismos de transparência do HSBC.

Com tal critério coincidem as declarações do próprio Hervé Falciani, quem manifestou que se não houver vontade política não haverá uma real necessidade regulamentar, mas impunidade.

"A fraude fiscal é uma questão de engenharia judicial ou jurídica, o mesmo constrói-se graças à ausência de controles, bem como a partir da complexidade dos dispositivos financeiros que os bancos inventam" acrescenta o especialista.

Quanto mais complexo é, mais difícil fica detectar ou desmontar a fraude e hoje conta-se com a prova absoluta de que essa falta de controles foi voluntária, declarou o especialista ao portal argentino Página 12.

"Esses bancos, que já com o que é legal podem atuar de forma amoral, vão atuar também de maneira ilegal graças à impunidade", atestou.

"Algum dia é preciso romper esse círculo. A única maneira de fazê-lo é rompendo o segredo", conclui Falciani.

Na Suíça, o setor financeiro desenvolveu-se a tal ponto que hoje aporta 10,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e conta com uma indústria composta por 312 bancos onde operam 29 mil empregados.

No entanto, a ideia de terminar com o segredo bancário, que não é exclusivo da Suíça ainda que defendido com unhas e dentes por este governo, se estendeu por todo o mundo como um passo lógico para eliminar a corrupção e a evasão fiscal.

Países como Luxemburgo e Áustria já estão aplicando um sistema de intercâmbio automático de informação que logo se propagará de forma obrigada ao restante da União Europeia, informam meios de imprensa.

O modelo consiste em dar a conhecer todas as operações financeiras às autoridades fiscais, plano que se pretende estender a todo o mundo para conhecer as contas e as transações dos cidadãos, e assim conseguir maior transparência na obtenção dos ajustes e balanços uma vez ao ano.

A situação dos últimos tempos e a pressão da União Europeia tornou possível que a Suíça aceitasse se somar em 2018 ao intercâmbio automático de informação, aprovado previamente por mais de 50 países.

HSBC é só um dos tantos casos que demonstram a decadência deste sistema, um mais das lavagens de dinheiro sujo de todo mundo e fiel guardião do dinheiro dos poderosos.

Certamente o fim do segredo fiscal será um passo importante na luta contra a corrupção e o desvio de fundos, e necessariamente obrigaria à banca do país helvético, bem como a todos os que lucram com este modelo distorcido, a reinventar-se para sobreviver em um mundo que defende o capital limpo.


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