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270215 guerra MoedaUnião Europeia - La Haine - [Wim Dierckxsens, tradução do Diário Liberdade] Segundo a revista alemã prestigiosa ´Der Spiegel´ de 20 de fevereiro de 2015, os bancos em toda a Europa, incluindo ao Banco Central Europeu (BCE), estão a preparar-se para a eventualidade de a Grécia deixar a zona euro.


Os ministros das finanças da zona euro anunciaram que concedem à Grécia uma pausa de quatro meses, até junho, a partir do acordo que atingiram a 20 de fevereiro entre o Eurogrupo e o governo grego, para alargarem por quatro meses o programa de assistência financeira a Atenas. Durante esta pausa, o governo recém eleito aumentará o emprego público, melhorará as pensões de velhice e as leis trabalhistas, e aplicará inclusive retrocesso em matéria de privatizações. Durante o período de quatro meses, não é possível formular uma nova política económica mais profunda, ao não poder desvalorizar a própria moeda. Ao findar a pausa sem pressões do mercado financeiro global e com uma economia em recessão, o resultado será um acréscimo no déficit fiscal.

O povo grego sabe que, no fim dos quatro meses, vão vir as pressões fiscais e, sem qualquer dúvida, tentará retirar as suas poupanças dos bancos.

Posteriormente à pausa, um arranjo político é praticamente impossível, devido à dívida imensa. Com as diferenças entre Atenas e Bruxelas, a eventualidade do ´Grexit´ parece hoje uma possibilidade mais real do que antes. Para salvar os bancos (bail-out) e não só os gregos, o país já está desintegrado. As suas ilhas, as suas indústrias marinhas e tudo o que valia a pena economicamente ficou leiloado. O desemprego disparou e a Grécia entrou numa profunda depressão económica. Durante a atual pausa apresenta-se uma oportunidade geopolítica única para a Rússia de negociar a integração da Grécia dentro de zona comercial de Eurasia. A decisão que vão ter de tomar é entre um colapso económico paulatino ou abandonarem a zona euro.

A eventual saída da Grécia da Zona euro vai vir necessariamente quando o país se declarar em falência. O colapso quando se dá será impactante e não somente para a Grécia. A pergunta surge logo: Quais serão as implicações deste chamado ´Grexit´. Caso a Grécia deixe a zona euro, o euro poderá ficar abaixo da paridade com o dólar. Isto repercutiria não só nos bancos europeus aos quais a Grécia deve dinheiro, como sobretudo aos grandes bancos da City de Londres e Wall Street, ao afetar a pirâmide invertida de derivados. Não só se trata de perdas pelo reasseguramento dos bancos europeus contra a eventual falência de países devedores como a Grécia e a consequente alavancagem para os grandes bancos. Os seguros contra as inevitáveis mudanças bruscas em taxas de juro e flutuações grandes em tipos de câmbio entre moedas alcançarão milhares de milhões de dólares, que atingirão Wall Street e a City de Londres nos seus fundamentos.

Neste contexto, é claro que a pressão de Wall Street e a City de Londres será evitar a falência da Grécia, já que o seu efeito domino sobre Espanha, Portugal, etc. não só é imaginário. Se a Grécia se recuperar depois da falência com certa facilidade, com ou sem a eventual ajuda dos BRICS, a pressão sobre os outros membros da União Europeia com economias frágeis será imediata. A elite financeira pressionará os bancos afetados para que os saneamentos financeiros se efetuem através de resgates privados ("bail-in"), ou seja, que sejam os credores e acionistas dos bancos ou instituições em questão (fundos de pensões) e não os governos (bail-out) os que se encarreguem de salvar as entidades em problemas. Isto poderá ser feito mediante a conversão de dívida em ações. (Nadeem_Walayat, 26 de janeiro de 2015, Greece Vote for Syriza Hyperinflation - Threatening Euro-zone Collapse, www.marketoracle.co.uk ).

A saída da Grécia da zona euro é mais uma derrota política para Bruxelas do que uma ameaça económica. Bruxelas não vê com bons olhos oferecer à Grécia direitos especiais que depois não poderá negar aos outros membros. Nisso precisamente aposta o presidente da França François Hollande, ao afirmar que "a Europa deve mostrar credibilidade e também solidariedade. Credibilidade porque temos que mostrar que temos regras e que valem para todos os países" e "solidariedade porque, quando há países que sofrem (como França hoje), é legítimo podermos acompanhá-los" (Agência EFE, sáb, 21 feb 2015). A Grécia conhece as cartas da Troika, mas Bruxelas não sabe com certeza quais cartas guarda a Grécia. Há vários anos que o Syriza tem relações com a Rússia e Putin. Em Bruxelas, não se sabe o que é que ofereceram a Tsipras na sua recente visita a Moscovo, em torno do possível oleoduto via Turquia e Grécia, em direção à Europa. Só por ceder a passagem, a Grécia poderia obter facilmente um rendimento anual de seis centos milhões de dólares por ano. Bruxelas também não sabe ao certo que classe de assistência financeira é que a China e a Rússia ofereceram à Grécia, nem se ofereceram em troca eventualmente permitir uma base naval russa. As relações entre Moscovo e Chipre levam-nos a pensar nessa possibilidade.

A discórdia dentro da União é muito grande. Enquanto o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker buscou um compromisso com a Grécia, o ministro das finanças da Alemanha Schäuble mostrou uma posição inflexível como se preferisse que a Grécia saísse da zona euro. Tal poderia ser um passo para preparar a sua própria saída da União Europeia. Quanto mais tempo levar a negociação, tanto mais claro ficará que nenhuma das duas partes tem a vontade de fazer sacrifícios necessários. (Veja, Nikolaus Blome, Martin Hesse, et. a o. The Grexit Dilemma: What Would Happen if Greece Leaves the Euro Zone?, http://www.spiegel.de/; 20 de fevereiro de 2015).

A Alemanha bem poderia deixar que a Grécia declare a falência. Depois não seria estranho que a Alemanha mesma abandone a União Europeia para evitar a crescente colonização por Wall Street e a City de Londres e criar assim caos nos bancos de Londres e Nova Iorque. As multas contra a Rússia seriam suspensas imediatamente, já que as mesmas afetaram mais a Alemanha e Europa do que a mesma Rússia. A Alemanha, juntamente com outras economias mais fortes, poderão tomar a decisão de saírem não só do euro, como também da NATO. Ao se desintegrar assim, não haverá Tratado de Livre Comércio nem uma moeda única entre os EUA e a UE. A banca privada de Wall Street e a City de Londres perderá toda a sua credibilidade e os governos terão de tomar de novo o controlo sobre as suas moedas.

No meio do caos, um novo sistema monetário emergirá e, sem dúvida, o padrão oro será reinstaurado. A Rússia e a China estão a preparar-se com muita paciência para esse momento. A zona comercial da Eurásia será construída sobre a ´rota de ouro´ e o ressurgimento da ´Rota de Seda´ acompanhada de rotas marítimas. Esta zona de comércio ascendente mais cedo que tarde incluirá a Alemanha e outras nações aderirão. Esta tendência é difícil de deter, nem pelo recurso à guerra. Antes, a ´Guerra da Ucrânia´ catalisará a entrada de países europeus para a Eurasia, deixando isolados os EUA e buscando refúgio no novo porto seguro que já não é ´o dólar´. A crise atual descreve-se melhor, portanto, como A Guerra Monetária Global. Logo o mundo inteiro estará em pé de guerra com o atual Sistema Monetário Internacional baseado no império do dólar, à procura de maior segurança no padrão oro (Veja, Ian Gordon, Implications of the Impending Collapse of the Fiat Paper Money System, 22 de fevereiro de 2015 e Jim Willie, Gold Will Return to Its Rightful Throne!, 19 de fevereiro de 2015).


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