O governo alemão comemora o orçamento do ano que vem. Em 2015, será a primeira vez desde 1969 em que a Alemanha terá déficit zero. A ideia é que cortando gastos os investidores teriam mais "confiança" e investiriam mais. A realidade, porém, é que o ritmo da produção da indústria do País já começou a cair, por causa da crise nos vizinhos, e a Alemanha está entrando em recessão. Apesar disso, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, diz orgulhoso que a Alemanha "cumpriu o que prometeu" ao apresentar o orçamento de 2015.
Os alemães estão numa queda de braço com a França e a Itália, que querem menos "responsabilidade fiscal", menos "austeridade" e mais incentivo à economia. O que isso quer dizer, na verdade, é mais emissão de dívida e compra de títulos podres, alimentando a especulação, e não a produção. O Banco Central Europeu (BCE) tem resistido à pressão para aplicar o chamado "quantitative easing", a compra de ativos para injetar mais dinheiro na economia. O BCE vem adiando essa "solução" mas também não tem uma saída para a crise, que se arrasta desde 2008 sem que os capitalistas consigam inventar nada para resolvê-la.
As tentativas de conter a crise têm sido artificiais e não passam de remendos. Todas as medidas tomadas pelo BCE (Banco Central Europeu) fracassaram. A última medida importante, que foi tomada em julho de 2013, colocou 80% dos bancos sob o controle direto do BCE, passando por cima dos bancos centrais com o objetivo de impedir o colapso da especulação com as dívidas públicas. Dessa maneira, foi evitada a bancarrota da Espanha, e provavelmente a da Itália, mas, em contrapartida, aumentou o contágio em direção ao coração do capitalismo europeu, a própria Alemanha.