1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (2 Votos)

240914 ouroResistir - [Paul Craig Roberts e Dave Kranzler - 22\10\14] O Federal Reserve e os seus agentes bancários para o ouro (JP Morgan, Scotia e HSBC) desde Setembro de 2011 têm utilizado vendas a descoberto (naked short-selling) para deitar abaixo o preço do ouro.


O mais recente esforço de contenção começou em meados de Julho deste ano, depois de o ouro se ter movido para preços mais altos em relação ao princípio de Junho e estar a ameaçar subir para níveis técnicos decisivos, o que teria disparado uma inundação de compras por parte dos hedge funds.

O Fed e seus agentes manipulam o preço do ouro no mercado do New York Comex futures (ouro-papel). Os bancos do ouro têm a capacidade para imprimir uma oferta ilimitada de contratos-ouro, os quais são vendidos em grandes volumes nas ocasiões em que a actividade do Comex está fraca.

Geralmente, do outro lado da transacção, os compradores de contratos são grandes hedge funds e outros especuladores, os quais utilizam os contratos para especular sobre a direcção do preço do ouro. Os hedge funds e os especuladores não têm interesse em adquirir ouro físico e acertam as suas apostas em cash, o que torna possível para os bancos do ouro venderem direitos ao mesmo que eles não podem suportar com o metal físico. Contratos vendidos sem ouro subjacente para apoiá-los são chamados "contratos descobertos" ou "naked shorts". É ilegal o envolvimento em vendas a descoberto nos mercados de acções e de títulos, mas isso é permitido no mercado a termo de ouro (gold futures market).

O facto de que o preço do ouro é determinado num mercado de futuros no qual papeis com direitos a ouro são comerciados meramente para especular sobre o preço significa que o Fed e seus agentes bancários pode conter o preço do outro muito embora a procura por ouro físico esteja a ascender. Se houvesse exigências estritas de que vendas de ouro não poderiam ser a descoberto e teriam de ser apoiadas pela posse de ouro físico por parte do vendedor representado nos contratos futuros, o Federal Reserve e seus agentes seriam incapazes de controlar o preço do ouro e este seria muito mais alto do que é agora.

A manipulação do preço do ouro é utilizada quando a procura pela entrega de ouro físico (gold bullion) começa a fazer pressão ascendente sobre o preço do ouro e os hedge funds especulam sobre a ascensão do preço do ouro através da compra de grandes quantidades de contratos Comex futures (ouro-papel). Esta especulação acelera o movimento ascendente no preço do ouro. O TF Metals Report proporciona uma boa descrição desta manipulação ilegal do mercado de ouro:

Ao longo de um período de 10 semanas, no princípio do ano, os bancos do Comex ouro foram capazes de limitar a corrida para apenas 15% através do fornecimento ao "mercado" de 95 mil novos contratos de venda a descoberto. Isto equivale a 9,5 milhões de onças de pretenso ouro-papel, ou cerca de 295 toneladas métricas.

Ao longo de um período de apenas 5 semanas em Junho e Julho, os bancos do Comex ouro foram capazes de limitar a corrida a apenas 7% através do abastecimento ao "mercado" de 79 mil novos contratos de venda a descoberto. Isto equivale a 7,9 milhões de onças de pretenso ouro-papel, ou cerca de 246 toneladas métricas.

Em artigos anteriores documentámos a forte venda a descoberto em períodos de mercado fraco. Ver por exemplo aqui.

Os bancos do ouro não têm suficiente metal na sua posse para entregar aos compradores se estes decidirem optar pela entrega nos termos do contrato ouro-papel. A razão porque este esquema funciona é que a maioria dos compradores dos contratos são especuladores, não compradores de ouro, e nunca pedem a entrega do metal. Ao invés, eles liquidam os contratos em cash. Estão à procura de lucros no comércio a curto prazo, não de um ouro que os defenda contra a inflação da divisa. Se uma maioria dos que têm títulos longos (os compradores dos contratos) exigisse a entrega do ouro, os reguladores não tolerariam a extensão na qual o ouro é tomado a short com contratos a descoberto.

Na nossa opinião, a manipulação é ilegal porque se trata de comércio de iniciados (insider trading). Os bancos do ouro que vendem no mercado são membros da câmara de compensação do Comex/NYMEX/CME. Nesse papel, os bancos do ouro têm acesso ao sistema computacional utilizado para ajustar e acertar transacções, o que significa que os bancos do ouro têm acesso a todas as informações comerciais (trading positions), incluindo aquelas dos hedge funds. Quando os hedge funds estão na [posição] mais funda, os bancos do ouro despejam contratos a descoberto no Comex, reduzindo os preços futuros, os quais disparam vendas com ordens para travar perdas e pedidos de cobertura (margin calls) que conduzem o preço mais uma vez para baixo. Então os bancos do ouro compram os contratos a um preço mais baixo do que aquele a que venderam e embolsam a diferença, servindo simultaneamente o Fed ao proteger o dólar da sua política monetária frouxa através da redução do preço do ouro e prevenindo a preocupação que um preço do ouro em ascensão traria ao dólar.

Desde meados de Julho, quase toda noite nos EUA o preço do ouro permanece firme ou deriva para cima. Isto acontece quando os mercados do hemisfério oriental estão abertos e os participantes do mercado estão ocupados a comprar ouro físico para o qual a entrega é obrigatória. Mas tão regularmente quanto o mecanismo de um relógio, a seguir ao fecho dos mercados asiáticos abrem os mercados de ouro-papel de Londres e Nova York e o preço do ouro é imediatamente puxado para baixo quando contratos em ouro-papel inundam o mercado estabelecendo um tom negativo para a compra e venda no fim do dia.

O ouro serve como uma advertência às pessoas conscientes de que estão a fermentar perturbações financeiras e económicas.

Exemplo: a partir do período de tempo imediatamente anterior o colapso da bolha tech (Janeiro 2000) até pouco antes de o colapso do Bear Stearns ter disparado a Grande Crise Financeira (Março 2008), o ouro ascendeu em valor de US$250 para US$1020 por onça, ou simplesmente mais de 400%. Além disso, no período a partir do Grande Colapso Financeiro o ouro subiu 61% apesar das afirmações de que o sistema financeiro fora reparado. O aumento foi de até 225% (Setembro 2011) até que o Fed começou a sistemática redução e contenção do ouro a fim de proteger o dólar da criação maciça de novos dólares exigida pela Facilidade quantitativa (Quantitative Easing).

A economia e o sistema financeiro dos EUA estão em pior condição do que afirmam o Fed e o Tesouro e do que informam os media financeiros. Os fardos da divida, tanto pública como privada, são altos. Corporações estão a tomar emprestado de bancos a fim de comprar de volta suas próprias acções. Isto deixa as corporações com nova dívida mas sem fluxos de rendimento de novos investimentos com os quais possam servir a dívida. Lojas de retalho estão em perturbação, incluindo cadeias de lojas a dólar. O mercado habitacional está a mostrar sinais de retracção renovada. A divulgação em 16 de Setembro do relatório "Rendimento e pobreza em 2013" mostra que o rendimento familiar mediano real declinou para o nível de 1994, duas décadas atrás, e está realmente mais baixo do que no fim da década de 1960 e princípios da de 1970. A combinação de alto endividamento e declínio no rendimento real significa que não há motor para impelir a economia.

O dólar também está em perturbação porque o seu papel como divisa de reserva do mundo está ameaçado devido ao abuso deste papel a fim de ganhar hegemonia financeira sobre outros e punir com sanções aqueles países que não cumprem os objectivos a política externa dos EUA. A Doutrina Wolfowitz, que é a base da política externa estado-unidense, diz que é imperativo para Washington impedir a ascensão de outros países, tais como a Rússia e a China, que podem limitar o exercício do poder dos EUA.

As sanções e as ameaças de sanções encorajam outros países a abandonarem o sistema de pagamentos em dólar e a abandonar o petrodólar. Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) formaram-se precisamente para fazer isso. A Rússia e a China organizaram um maciço acordo energético a longo prazo que evita a utilização do US dólar. Ambos os países estão a liquidar as contas comerciais entre si nas suas próprias divisas e esta prática está a propagar-se. A China está a considerar o yuan apoiado por ouro, o que tornaria a divisa chinesa altamente desejável como activo de reserva. É possível que o ataque do Fed ao ouro seja destinado a tornar a acumulação chinesa e russa de ouro menos apoiante das suas divisas. Uma divisa ligada a um ouro com preço cadente não é o mesmo que uma divisa ligada a um ouro com preço ascendente.

Não esta claro se a nova bolsa do ouro chinesa em Shangai substituirá os mercados de futuros em Londres e Nova York. A venda a descoberto não é permitida na bolsa chinesa de ouro. O mundo poderia acabar com dois mercados futuros de ouro: um baseado na avaliação da realidade e o outro baseado no jogo e na manipulação de preços (price-rigging).

O futuro também determinará se o papel de divisa de reserva foi superado pelo tempo. O US dólar assumiu esse papel no rescaldo da II Guerra Mundial, um tempo em que os EUA tinham a única economia industrial que não fora destruída na guerra. Era necessário um meio estável para estabelecer contas internacionais. Hoje há muitas economias que têm divisas comerciáveis e podem ser estabelecidas contas entre países nas suas próprias divisas.

Já não há mais necessidade de uma única divisa de reserva. Quando esta percepção se difundir, a pressão sobre o valor do dólar intensificar-se-á.

Durante algum tempo o Federal Reserve pode suportar o valor cambial do dólar pressionando o Japão e o Banco Central Europeu a imprimir suas divisas com que suportar o dólar através de compras no mercado de câmbios externo. Outros países, tais como a Suíça, imprimirão suas próprias divisas de modo a não por em perigo suas exportações devido a uma ascensão no preço em dólar das mesmas. Mas finalmente os grandes défices comerciais dos EUA, provocados pela deslocalização da produção de bens e serviços vendidos dentro dos mercados estado-unidenses e pelo colapso da classe média e da base fiscal causada pela deslocalização de empregos destruirá o valor do US dólar.

Quando chegar esse dia, os padrões de vida nos EUA, já em perigo, afundarão a pique. O poder americano terá sido destruído pela cobiça corporativa e a política do Fed de sacrificar a economia dos EUA a fim de salvar quatro ou cinco mega-bancos cujos antigos executivos controlam o Fed, o Tesouro e as agências regulatórias financeiras federais.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.