No que até pode parecer uma burla, o porta-voz da empresa, Mpumi Sithole, alegou que a Amplats tem enfrentado despesas adicionais por conta do abandono dos postos de trabalho porque "teve que dedicar recursos para garantir a segurança das suas plantas e manter os grevistas sob controle".
Segundo o grupo metalúrgico, a Associação de Mineiros de África do Sul (AMCU) deverá efetuar um pagamento de 591 milhões de rands (aproximadamente 54 milhões de dólares) para ressarcir os supostos bens danificados à corporação. Este montante também inclui um incremento de custos para pagar horas extraordinárias ao pessoal de segurança, bem como perdas relacionadas com o pessoal que não fazia parte da greve e não pôde ir a seus postos de trabalho.
A decisão de Amplats complica a situação da mesa de negociações para resolver o conflito que começou em 23 de janeiro e envolve a 70 mil trabalhadores no eixo norte da platina de Marikana, North West.
Uma reunião entre delegados de AMCU e das patronais estava prevista para a sexta-feira (14), mas líderes sindicais explicaram que não puderam assistir porque tiveram que organizar o funeral de um operário morto em um choque com a polícia do depósito da Amplats.
Nerine Kahn, diretora da Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem (CCMA), esteve de acordo com que o processo de conversas se desenvolvesse de forma gradual e sem sobressaltos. "O ritmo deste procedimento de práticas não pode ser apressado, se quer ser conseguido um diálogo social progressista e soluções duradouras" sublinhou Kahn, que em nome do governo de Pretoria tenta procurar uma solução a questão.
Além disso, porta-vozes do Congresso Nacional Africano afirmam que é uma "distração negativa a três meses de eleições gerais".