A crise capitalista, que estourou, com particular intensidade, nos países mais fracos da UE (União Europeia), continua avançando a passos largos em direção ao centro do coração do imperialismo europeu.
Após o colapso capitalista de 2007-2008, as exportações alemãs foram impactadas com força, da mesma maneira que aconteceu em escala mundial, devido à queda da demanda, pois se trata, na essência, de uma crise de superprodução.
O imperialismo alemão tinha injetado bilhões de euros, na forma de crédito facilitado, nos demais países da região, com o objetivo de promover as exportações e obter lucros fáceis da especulação financeira, principalmente no setor imobiliário. Esse é o fator que levou à escalada do déficit e do endividamento público em países como a Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, Chipre e Itália. Os chamados "resgates", de fato, têm sido resgates dos bancos alemães, em primeiro lugar, seguidos pelo resgate dos demais bancos imperialistas, aqueles qualificados como os "demasiado grandes para falirem".
A forte queda nas exportações levou à recessão industrial. A Alemanha começou a se direcionar de maneira, cada vez mais, intensa para a especulação financeira, transformando-se numa verdadeira lavanderia dos recursos que tem chegado a Frankfurt (principal centro financeiro do País), provenientes dos países mais endividados, onde recebem taxas de juros próximas a 0%, na busca de um "porto seguro", devido ao aumento da aversão ao risco, e têm retornado, na forma de empréstimos públicos, para receberem altas taxas de juros.
A manutenção desse esquema parasitário levou o sistema financeiro e a economia, em geral, da UE a um ponto de estresse tão grande que tem obrigado o imperialismo alemão a aumentar a contaminação aos títulos podres de maneira crescente. As políticas de austeridade, que até o momento eram impostas nos países mais endividados, começaram a ser implementadas na própria Alemanha.
Políticas de austeridade na Alemanha
O ministro da Economia, Philip Rösler, anunciou recentemente a adoção de medidas destinadas a reduzir o déficit público em 9% em 2013. O gasto público deverá ser reduzido em 3,1%, para € 302 bilhões. Para cortar o déficit público de € 18,8 bilhões para € 17,1 bilhões, o governo aumentará os impostos e reduzirá os custos com a seguridade social.
As medidas se refletirão numa maior queda do crescimento da estancada economia e, portanto, também impactarão as exportações dos demais países para a Alemanha, aprofundando a crise na UE. Na França, a segunda maior economia da Europa, a queda da produção industrial, registrada no mês de setembro, foi de 2,7%, em tendência negativa. Até a Suécia, um dos países europeus menos afetados pela crise, registrou contração industrial de 4,1% no mesmo mês.
De acordo com as declarações de Rösler, ao comentar a queda da produção industrial e das exportações, "teremos um dinamismo econômico notadamente mais fraco no primeiro semestre do próximo ano".
A política de controle da classe operária alemã por meio de algumas regalias econômicas está chegando ao fim. A crise tem provocado a redução das horas extras, o que tem impactado os rendimentos dos trabalhadores. Os aumentos de salários, mais de duas vezes acima da inflação (oficial) que os trabalhadores metalúrgicos e os funcionários públicos receberam no primeiro semestre, após gigantescas greves, deverá colocar o xeque o regime no próximo período. O aumento do descontentamento social e o acirramento da luta de classes é inevitável.