1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)

espanhaEstado espanhol - PCO - O maior desemprego da Europa. A maior dívida pública em 100 anos. A maior queda do crédito em 50 anos. O Orçamento de 2013 reflete o aumento dos ataques contra os trabalhadores e da submissão ao imperialismo alemão


A Espanha é o país que hoje se encontra mais exposto ao aprofundamento da crise capitalista mundial e à agudização da luta de classes. As massas populares têm respondido, de maneira cada vez mais intensa, aos ataques da burguesia e do imperialismo, com maciças e combativas manifestações de protesto e greves.

A explosão do nacionalismo nas comunidades autônomas ameaça implodir o reacionário Reino Espanhol e aprofundar a crise ainda mais.

Trata-se da quarta maior economia da Europa e, por esse motivo, é irresgatável. O colapso tem capacidade de levar o capitalismo mundial à bancarrota em proporções muito maiores que as de 2008. Todas as tentativas para conter o avanço da crise capitalista no País têm fracassado e a situação só tem piorado. E não podia ser diferente, pois essas medidas têm como objetivo manter em pé os mecanismos especulativos de onde proveem os lucros do punhado de especuladores que domina o mundo.

A Espanha foi transformada, pelo imperialismo alemão, numa espécie de laboratório piloto para as políticas poderem ser, posteriormente, implementadas em outras grandes potências da região fortemente endividadas, como a Itália e, eventualmente, até na França. A condição para a monetização das dívidas públicas nacionais pelo BCE (Banco Central Europeu), controlado pelo governo alemão, é o maior controle dos estados nacionais.

Orçamento de 2013: a submissão ao imperialismo alemão

Todos os brutais cortes nos gastos públicos e os programas de austeridade, implementados pelo governo "socialista" do PSOE a partir de 2010 e, com especial dureza, pelo governo direitista do PP (Partido Popular), a partir do final do ano passado, não serviram para reduzir o gasto público em 2013. Esses recursos somente conseguirão cobrir a metade do aumento dos juros da dívida pública de acordo com o Orçamento para 2013 ("Presupuestos Generales del Estado") aprovado pelo governo.

O gasto total está estimado em € 169,775 bilhões, 5,6% a mais que em 2012. Os ingressos públicos previstos somam € 124,044 bilhões, o que implica que a diferença deverá ser coberta com o aumento do endividamento, que provavelmente será bastante maior que o estimado.

O objetivo dessas medidas é manter o repasse de recursos públicos, principalmente, por meio do pagamento dos serviços da dívida pública, e abrir caminho para a monetização da dívida em larga escala pelo BCE (Banco Central Europeu), mediante a submissão às imposições da UE (União Europeia) que é controlada pelo imperialismo alemão. Entre os novos mecanismos para facilitar esse controle, o governo anunciou a promulgação de 43 novas leis e a implementação de um novo órgão para controlar os gastos públicos.

Orçamento de 2013: a escalada dos ataques contra os trabalhadores

O ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, estimou os novos cortes em € 13,4 bilhões, mas vários economistas estimam que, para atingir o déficit de 3,8% do PIB, se as condições atuais não piorarem, o que é muito pouco provável, os cortes deverão ser de, pelo menos, € 25 bilhões. Trata-se da quinta rodada de cortes de gastos públicos, em apenas nove meses, que se somará aos cortes por € 65 bilhões aprovados em julho. Os gastos sociais serão os principais afetados. Por esse motivo, os cortes no Ministério de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente serão de 24,4%, no Ministério de Indústria, Energia e Turismo de 21,3% e no Ministério de Educação, Cultura e Esporte de 17,2%.

Por outro lado, a maioria do PP no parlamento aprovou um decreto lei que destinará € 31 bilhões para projetos militares até 2025.

O salário dos funcionários públicos da Administração Central, que são 590 mil, ficará congelado pelo terceiro ano consecutivo. Em 2010, tinham sofrido cortes de 5%. Segundo o sindicato do funcionalismo, o CSI-F, a perda salarial no período acumula entre 25% e 30%. A inflação (oficial) passou de 2%, no início do ano, para 3,5%.

O desemprego afeta mais de 4,7 milhões de trabalhadores, segundo os dados oficiais, ou em torno a 26% da força de trabalho. Somente no mês de setembro foram mais de 79 mil novos desempregados. O número de novas contratações caíram 10,9%, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o que demonstra que a reforma trabalhista, que liquidou boa parte dos direitos dos trabalhadores, longe de contribuir para a geração de novos empregos, teve como objetivo manter os lucros dos capitalistas.

A expectativa para 2013 é que a economia contraia em 0,5%, o que é muito otimista considerando que, em 2012, a contração deverá ser maior que -1%.

A maior queda do crédito em 50 anos

De acordo com o BdE (Banco da Espanha), a queda dos empréstimos, registrada em julho, foi a pior desde 1962. Na comparação com o ano passado, supera os 5%.

Ao mesmo tempo que o crédito para os consumidores e empresas sofrem severa contração, situando-se no mesmo patamar de setembro de 2007 no geral, e de 2002 em relação aos bens duráveis (eletrodomésticos e automóveis por exemplo), os empréstimos públicos têm batido sucessivos recordes.

As restrições para a concessão de novo crédito têm levado a uma queda de 25%, e 50% na comparação com os anos de 2011 e 2010 respectivamente.

Os empréstimos para as empresas não financeiras caíram pela metade em três anos.

O volume de crédito existente no mercado imobiliário soma em torno de € 287 bilhões, apenas € 38 bilhões a menos que em 2009, o que revela a enorme explossividade da especulação no setor que tem sido o responsável pela bancarrota de vários bancos. O setor da construção civil, também relacionado, conta com € 91,8 bilhões, apenas € 8 bilhões a menos que no ano passado.

O valor necessário para "recapitalizar" (melhor seria dizer resgatar) os bancos que operam na Espanha é muito maior que os € 60 bilhões estimados pelas consultorias independentes. A agência qualificadora de riscos Moody's estima que o valor deverá ficar entre € 70 bilhões e € 100 bilhões. Mas o valor poderá ser muito superior considerando que além dos € 370 bilhões em crédito imobiliário, há milhares de imóveis nas mãos os bancos que não conseguem ser vendidos. O volume de títulos podres tem crescido dia a dia devido ao aumento da inadimplência.

A disparada da dívida pública

A dívida pública, segundo os dados oficiais, disparou para 75,9% do PIB, o maior nível dos últimos 100 anos.

O acelerado crescimento da dívida pública da Espanha foi de 14% nos últimos 12 meses, até os € 804,388 bilhões. Somente no último trimestre, o aumento foi de 3,8%.

A disparada do endividamento da Administração Central, que soma 58,3% do PIB e é responsável por 8% dos 9,2% do aumento neste ano, se relaciona com a política de aumentar o aperto sobre as comunidades autônomas, impondo níveis de endividamento menores, que somam 14,2% do PIB geral, e déficit muito baixos, com o objetivo de centralizar a dívida e reduzir a autonomia financeira das comunidades, seguindo a cartilha imposta pelo imperialismo alemão.

O déficit público acumulou, neste ano até agosto, 4,77% do PIB, um 23,8% maior que no mesmo período do ano passado. Para atingir o déficit de 3,8% do PIB, os cortes deverão ser de € 25 bilhões caso a situação não piorar, o que é muito pouco provável que aconteça.

Enquanto os gastos aumentaram em 8,5%, a arrecadação caiu em 1,7%, o que torna a escalada do endividamento inevitável. As empresas somente pagaram 11,6% de impostos sobre os lucros em 2011 (9,4% em 2010), o que representa mais uma evidência do repasse do peso da crise sobre as massas trabalhadoras.

A fuga de capitais soma mais de € 235 bilhões neste ano, mais do dobro de 2011, quando atingiu € 97,765 bilhões.

O total de títulos públicos nas mãos de estrangeiros caiu de 50,48% em dezembro, para 34,09%, uma redução de € 100 bilhões. O aumento da aversão ao risco tem levado os especuladores a priorizarem os investimentos nos títulos das principais potências imperialistas e nas ações dos bancos que operam na Espanha e que deverão ser resgatados no caso de bancarrota. Boa parte dos recursos que têm fugido à Alemanha, têm retornado na forma de empréstimos públicos, garantidos pelo estado espanhol.

Em 2013, o Tesouro será obrigado a emitir mais títulos com vencimento a curto prazo, devido ao aumento da aversão ao risco, o que criará ainda mais dificuldades para vender os mais de € 207 bilhões que serão necessários cobrir os vencimentos (que somam quase € 160 bilhões) e os mais de € 48 bilhões para cobrir o déficit público, um aumento de, pelo menos, 33% em relação a 2012. Em outras palavras, o aumento das pressões por altas taxas de juros são inevitáveis.

Como o governo espanhol poderá enfrentar o aumento dos ataques especulativos com a economia em recessão? As alternativas são extremamente limitadas e se resumem a mais endividamento, mais ataques sobre os trabalhadores e mais submissão ao imperialismo alemão, que poderá monetizar a dívida pública nacional, em escala ainda maior, por meio do aumento das intervenções do BCE. Todas essas políticas têm efeitos catastróficos para o capitalismo mundial – o aumento da inflação e do desemprego, a depressão econômica e a hiperinflação. O maior contágio da Alemanha, da Europa e dos demais países é inevitável, assim como também é inevitável a escalada da luta dos trabalhadores conforme o tem evidenciado o aumento da radicalização dos protestos e greves nas últimas semanas.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.