Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol, reflectem, pelo quarto trimestre consecutivo, uma quebra do PIB nacional que, no segundo trimestre de 2012, foi de 0,4%, 0,1% mais agravada do que no trimestre anterior. Comparativamente com o ano anterior, o PIB contraiu-se 1,3%, contra os 1% anteriormente anunciados pelo INE.
Para esta degradação da actividade económica do país contribui, segunda adianta o El País, a diminuição do consumo das famílias, que registou um decréscimo de 1% na sua taxa trimestral.
O aumento exponencial da taxa de desemprego, que ascende atualmente a quase 25%, as dificuldades no acesso a créditos bancários, os cortes nos rendimentos a que se sujeitaram as famílias espanholas, e a perspectiva de desconfiança no que respeita ao futuro da economia do país, justificam esta retracção do consumo privado.
A diminuição da despesa com as Administrações Públicas, de 0,7%, e a quebra do investimento, de 3%, também colocam entraves a uma possível recuperação económica.
No total, o consumo interno diminui 3,9% no segundo trimestre, sete décimas a mais do que no trimestre anterior.
"A procura, tanto pública como privada, contribui cada vez menos para o crescimento, devido à quebra do consumo das famílias e à consolidação fiscal a que se encontra obrigado o governo, explica Juan Rubio-Ramírez, da Fundação de estudos de Economia Aplicada (FEDEA), citado pelo El País. E a segunda parte do ano será "ainda pior", já que "as comunidades autónomas estão muito atrasadas no processo de cumprimento do objectivo do défice", adverte.
Apenas as exportações contribuíram para o crescimento do PIB, tendo-se invertido a quebra registada no primeiro trimestre, que deu lugar a um aumento de 1,6%. Contudo, a dependência do crescimento das exportações torna o país muito vulnerável aos desenvolvimentos de outras economias além fronteiras.
Para o governo de rajoy, ainda é "cedo" para questionar a exequibilidade da meta orçamental estabelecida para 2012. "Acreditamos que houve uma estabilização na queda do PIB", afirmou o secretário de Estado de Desenvolvimento Económico, Fernando Jiménez Latorre, em conferência de imprensa, adiantando ainda que Espanha está "no pico de queda e haverá uma correção a partir dos primeiros trimestres de 2013".
Recessão começou três meses mais cedo
Após o INE ter revisto em baixa o crescimento do país em 2010 e 2011, verificou-se que o primeiro trimestre que apresentou um crescimento negativo trimestral, apesar de pequena dimensão, foi o terceiro, e não o quarto, como inicialmente estimado".
"Os dados indicam que a recessão começou no terceiro trimestre do ano passado", admitiu o secretário de Estado para os Assuntos Económicos.
Da revisão promovida pelo INE resultou também a conclusão de que, no último trimestre de 2011, o PIB caiu mais do que o inicialmente calculado: 0,5% em vez de 0,3%.