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UE crise italiaItália - PCO - A economia deverá contrair mais de 2,5% neste ano. A dívida pública supera os 126% do PIB e com os juros em aumento ameaça colapsar o estado burguês. A exposição ao risco dos bancos alemães


A Confindustria, a confederação geral da indústria italiana, atualizou recentemente a expectativa para o crescimento do País neste ano para -2,4%, o dobro das previsões do governo Monti. Em dezembro, a previsão era de uma contração de -1,6%. A expectativa de crescimento para 2013 foi rebaixada de 0,6% para -0,3%, mas, obviamente, nada indica que a economia italiana irá melhorar no ano próximo, muito pelo contrário irá piorar.

Em junho, a Itália completou um ano em recessão.

Em relação ao desemprego, as previsões são de 10,4% neste ano, 11,8% em 2013 e 12,4% em 2014, mas, também neste caso, as estatísticas são manipuladas, pois deixam de lado, entre outros indicadores, os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho, os trabalhadores que estão desempregados há mais de seis meses e a crescente piora dos salários.

A economia italiana representa 17% da zona do euro e está sendo atraída ao olho do furacão da crise pelo efeito contágio da Espanha, principalmente, mas também, ao mesmo tempo, pela deterioração da economia nos países centrais, principalmente na Alemanha, que continua implementando mecanismos, cada vez mais, parasitários para aumentar a participação no mercado especulativo mundial devido à recessão industrial provocada pela queda da demanda mundial.

A disparada do endividamento público

Para sustentar a dívida pública de mais € 2 trilhões (mais de 125% do PIB), o governo é obrigado a pagar mais de € 100 bilhões por ano (em aumento constante).

O crescente aumento do déficit fiscal, os crescentes custos de manutenção da dívida pública e os repasses de recursos para os capitalistas provocaram uma ciranda financeira imparável e insustentável. Com a economia sofrendo forte contração é impossível manter o pagamento de taxa de juros superiores aos 5% ou 7%. As recentes medidas monetaristas promovidas pelo BCE (Banco Central Europeu), que é controlado pelo imperialismo alemão, se esgotaram rapidamente e não conseguiram impedir a recente disparada das taxas de juros no País. Uma certa trégua foi obtida no último dia 30 de julho, após o BCE, ter anunciado que intervirá de maneira decidida. Os juros dos títulos com vencimento a cinco anos foram de 5,29%, frente aos 5,84% de 28 de junho, e os de 10 anos foram de 5,96%, frente aos 6,19% anteriores. Mas o volume de títulos que precisam ser vendidos e tão gigantesco que mesmo essas tréguas são fenômenos parciais, como uma pessoa quando está prestes a se afogar.

Os especuladores têm reduzido a exposição aos títulos públicos italianos de 52% do total, em 2012, para 36% no último mês de março. O aumento da aversão ao risco, devido ao aprofundamento da crise capitalista, tem levado ao “estacionamento” de crescentes volumes de capitais especulativos nos títulos públicos considerados mais seguros, os das grandes potências imperialistas principalmente – a Alemanha, os EUA, a Grã Bretanha e o Japão.

A dependência dos recursos do BCE superará € 415 bilhões, ou 25% do PIB, neste ano.

A falência do capitalismo se expressa no principal componente – o sistema financeiro parasitário

Os bancos que operam na Itália, e que têm sido vítimas de fortes degradações pelas agências qualificadoras de risco, encontram crescente dificuldades para acederem aos mercados interbancários internacionais, pois o crédito enfrenta enorme seca. A dependência dos empréstimos do BCE são crescentes. Os custos do crédito para os consumidores finais não para de crescer. No segundo semestre do ano passado, o custo dos empréstimos para as empresas aumentou em 1% e para os financiamentos imobiliários em 0,8%. As taxas de juros não dispararam ainda mais devido à queda das atividades econômicas na Itália.

O aprofundamento da crise capitalista na Itália tem sido acentuado pelos planos de austeridades implementados pelo governo de Mario Monti, o “tecnocrata” imposto pelo imperialismo alemão.

A economia italiana encontra-se numa enorme encruzilhada, mas da qual não há saída possível. A única “saída” é a monetização da dívida pública que teria como efeito o aumento do repasse do peso da crise para as massas trabalhadoras mantendo o lucro dos capitalistas. Como esta operação só pode ser feito pelo BCE, o imperialismo italiano verá o seu papel ser reduzido, cada vez mais, e ficar a reboque do imperialismo alemão. Mesmo assim, os efeitos dessa política podem ser vistos nos EUA e no Japão, onde, as crescentes emissões de papel moeda podre não têm conseguido mais que alguns suspiros adicionais do semidefunto às custas do pior endividamento da história, que está em crescimento exponencial apesar das taxas de juros estarem próximas a 0%.

A exposição ao risco dos bancos alemães

A exposição direta dos bancos alemães à dívida pública dos chamados países PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) caiu em torno de 20% desde o início deste ano e representa o menor nível desde 2005 de acordo com o Bundesbank (o banco central alemão).

Entre janeiro e maio, a redução da exposição foi de € 55 bilhões, de um total de € 241 bilhões. Os empréstimos à Itália caíram 25%; em 2011, tinham caído 7%.

De qualquer maneira, a falência da Itália ocasionaria imediatamente, e em efeito dominó, a falência do sistema financeiro mundial devido aos gigantescos envolvidos. Ao mesmo tempo, a diminuição da exposição direta dos bancos alemães, não deixa de lado o aumento da exposição indireta, principalmente, por meio dos empréstimos do Bundesbank para os demais bancos centrais e o disparado aumento de títulos podres da região que o BCE detém. Trata-se do preço que o imperialismo alemão paga para aumentar o papel como grande potência imperialista especuladora.

Os empréstimos dos bancos franceses, que é a segunda potência da zona do euro, ao resto da zona do euro caíram pela metade e representavam € 489 bilhões no mesmo período.

Os depósitos têm aumentado em alguns países (4% na Bélgica, 1,3% na Holanda, 1,2% na França), assim como os empréstimos (acima de 2% na França e na Áustria).

Os empréstimos caíram em todos os países PIIGS. Os depósitos aumentaram na Itália, mas como uma amostra da crescente tendência à retirada de capitais das aplicações produtivas. Eles também diminuirão conforme a crise capitalista continuar avançando no País.

As atividades bancárias tradicionais estão encolhendo em todo o mundo, se concentrando em atividades, cada vez mais, especulativas e disparando a dependência do estado burguês que aparece como o grande concentrador da crise devido à impossibilidade das multinacionais imperialistas funcionarem além de operações parasitárias. O enorme, e imparável, endividamento público é um fator no processo de contínuo enfraquecimento do imperialismo, mas revela, ao mesmo tempo, a semente do socialismo crescendo dentro do capitalismo – a necessidade do planejamento centralizado da economia.


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