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180512 greveChina - PCO - O avanço do movimento grevista tem jogado a burocracia sindical numa crise gigantesca. Os trabalhadores têm conseguido aumentos salariais o reconhecimento de comissões de fábrica e têm enfrentado o aparelho do estado


O ascenso do movimento grevista na China começou em abril de 2010 na Província de Guangdong e acabou se alastrando para as demais regiões industriais do País colocando em xeque a política do imperialismo e da burguesia local de viabilizar enormes taxas de lucro em cima do pagamento de salários miseráveis. A maior parte das greves têm se concentrado na costa leste, onde estão localizadas as manufaturadas orientadas às exportações, e onde trabalham principalmente trabalhadores imigrantes. Todo tipo de abusos têm sido praticado por essas manufaturas, inclusive o pagamento de salários inferiores ao salario mínimo, o não pagamento de horas extras e o atraso dos pagamentos até durante vários meses.

O avanço das greves pode ser verificado nos resultados práticos. Os salários dos trabalhadores chineses têm aumentado entre 20% e 50% nos últimos três anos; inclusive as empresas não afetadas pelas greves têm outorgado esses aumentos como medida preventiva.

As greves têm acontecido de maneira espontânea, ultrapassando a burocracia sindical. Em muitos casos, os trabalhadores têm demandado a eleição dos seus representantes e comissões de fábrica. A maioria dos grevistas são trabalhadores com idade abaixo dos 30 anos, filhos dos operários da primeira geração que tinha fortes ligações com o campo. O fato da nova geração de operários ter rompido os seus vínculos com as atividades rurais tem levado a considerar na composição salarial os custos de reprodução da força de trabalho e de manutenção das suas famílias que, no caso dos seus pais, eram pagos, em grande medida, pela economia agrícola. As pressões inflacionárias, fortemente promovidas pelos altos preços da energia, dos alimentos e da moradia, também estão entre os fatores que têm servido como combustível para o ascenso das mobilizações operárias.

O avanço do movimento grevista joga a burocracia sindical numa crise gigantesca

A burocracia sindical, ligada ao PCCH (Partido Comunista da China) enfrenta uma crise gigantesca, principalmente devido a que a maior parte dos aumentos têm sido conseguidos a partir das negociações entre as empresas e os representantes eleitos pelos trabalhadores.

O avanço do movimento operário tem estado no centro das preocupações da burocracia burguesa chinesa que governa o País desde o início do último colapso capitalista. O chamado Plano Arco-íris, de 2008, do Ministério do Trabalho, estabelecia que a FTSC (Federação de Todos os Sindicatos da China) e as empresas governamentais deviam assinar acordos coletivos até 2012. De acordo com declarações do ministro de Recursos Humanos e da Seguridade Social, Yang Zhiming, de 20 de abril de 2011, "o País tentará garantir que os trabalhadores tenham aumentos salariais de 15% por ano, com o objetivo de alcançar a meta do XII Plano Quinquenal (2011-2015) de dobrar os salários."

O movimento da classe operária chinesa, que representa o maior contingente de operários em escala mundial considerando os números absolutos, também tem provocado o alerta da burguesia mundial e é um dos motivos principais por trás da concentração do poderio militar do imperialismo norte-americano na região Ásia-Pacífico. De acordo com os dados da FTSC, o número de trabalhadores chineses ascendia a 789 milhões em 2009, sendo 320 milhões deles trabalhadores urbanos e 469 milhões trabalhadores rurais, dos quais 156 milhões eram empregados rurais assalariados que trabalhavam nas empresas dos municípios e 31 milhões em empresas privadas.

O aumento da radicalização do movimento grevista na China

Em 2010, aconteceram em torno de 1.000 greves na China, 95% das quais foram no setor manufatureiro. Na província de Guangzhou, apenas entre os meses de maio e junho, aconteceram 77 greves. Em Lianing, localizada na região nordeste do País, aconteceram 100 greves e em Shenzhen 300.

O movimento grevista tem continuado em ascenso em 2011 e 2012. Em Guangzhou, aconteceram 83 greves em 2011 e 28 apenas no primeiro trimestre deste ano.

A greves não têm se restringido às manufaturas orientadas à exportação, que estão sujeitas a fortes pressões por aumentos salariais, mas também têm acontecido nas indústrias automobilísticas e do setor metalúrgico orientados à produção doméstica. O forte impacto que as greves tiveram sobre as multinacionais imperialistas, principalmente sobre as japonesas, levou a que a imprensa criasse um cordão sanitário com o objetivo de silenciar ao máximo possível as notícias sobre o movimento grevista na tentativa de conter o efeito contágio perante a sua crescente radicalização como o revela várias das greves acontecidas recentemente.

No dia 30 de março deste ano, 2.000 trabalhadores da empresa com matriz em Hong-Kong, Toys & Novelty Manufacturing, localizada em Huizhou, uma cidade da província de Guangdong, entraram em greve e formaram piquetes nos portões de entrada pelo recebimento de salários atrasados e o pagamento das horas extras.

No dia 29 de março, 5.000 trabalhadores da filial da multinacional japonesa Panasonic, Ohm Electronics, localizada em Shenzhen, entraram em greve, pois depois de terem recebido a premiação anual pelos resultados da empresa, os salários médios não atingiram o salário mínimo mensal da região de 1500 yuanes (US$ 237). Entre as 12 reinvindicações dos trabalhadores estavam o aumento dos salários em 200 yuanes mensais (em torno de US$ 31,6) e o reconhecimento dos representantes eleitos pelos trabalhadores para a formação de uma comissão de fábrica contra o sindicato encabeçado por 12 gerentes que foi imposto pelo governo em 2007. Após três dias de paralisações, os patrões concordaram em atender as exigências dos trabalhadores.

Em 23 de março deste ano, 8.000 trabalhadores da sul-coreana LG, em Naijing, entraram em greve contra o valor dos bônus de final de ano que foram equivalentes a um salário mensal, 1.400 yuanes (US$ 221).

No final do ano passado, foram divulgadas pela imprensa burguesa as greves dos trabalhadores da Pepsi, da Sanyo e da Panasonic, e da Japan's Ahresty, que produz autopeças para a Toyota e a Honda.

O aumento do confronto dos trabalhadores com o estado chinês

Também têm sido frequentes as greves onde os trabalhadores têm entrado em choque de maneira frontal com o governo central. Em 28 de março, 4.000 trabalhadores entraram em greve na fábrica de motocicletas de Jinan Qingqi, uma filial do conglomerado estatal China Ordenance and Equipment Group, contra a manobra do governo de transferir a empresa para o conglomerado militar Tyen e registra-la como privada, com um capital social de apenas um milhão de yuanes, sendo que o anterior era de um bilhão de yuanes, e omitindo que a fabricação de motocicletas estava nas suas atividades fins. Os trabalhadores têm sido mantidos em estado de "semi-fechamento" da fábrica desde o início do ano passado, o que possibilitou a redução dos salários dos trabalhadores da linha de montagem para 1.200 yuanes, 300 yuanes abaixo do salario mínimo, e para 860 yuanes, sem considerar os descontos das contribuições sociais, os salários dos trabalhadores considerados como "redundantes" pela empresa.

No dia 27 de março, 500 trabalhadores da fábrica Fujian Nanping Motor iniciaram uma greve pelo cancelamento da venda da empresa para uma pequena empresa privada, que aconteceu no ano passado, que foi feita a um preço irrisório. Os trabalhadores marcharam até a prefeitura local levantando palavras de ordem como "Onde estão os ativos públicos da Nanping Motor?" e "Castigo aos funcionários públicos corruptos, devolvam o dinheiro que foi ganho pelos trabalhadores!"

No dia 27 de abril, 1.000 trabalhadores da empresa fabricante de foguetes e mísseis China Aerospace Science & Industry Corp (CASIC), da província de Guizhou, formaram piquetes e bloquearam as estradas de acesso à fábrica em protesto contra a falta de auxílio moradia, que somente é pago aos engenheiros e gerentes, e que os têm forçado a pagar alugueis muito altos. Houve enfrentamentos com a polícia e mais de 10 trabalhadores resultaram feridos.

As transferências de empresas públicas para proprietários particulares, ligados à burocracia burguesa que governa o País, têm sido operações comuns, e visam promover o seu enriquecimento facilitando o levantamento de capital nas bolsas de valores, através de operações de IPO. A superexploração dos trabalhadores chineses tem se tornado a regra das indústrias estatais que têm se transformado em joint-stocksa partir dos anos de 1990, quando passaram a produzir em torno das necessidades e os planos impostos pelas multinacionais imperialistas.


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