1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)

020512 lawFrança - Opera Mundi - Especulador buscaria solucionar crise da dívida pública com a emissão de papel-moeda


No dia 2 de maio de 1716, em meio à grande hostilidade de financistas, o escocês John Law recebe o aval da corte francesa para instalar o Banco Geral no país.

Por ocasião da morte de Luis XIV em 1715, as finanças do reino francês iam muito mal. No tesouro, restavam apenas 800 mil libras, saldo que contracenava com uma dívida de 165 milhões e com uma receita de 69 milhões de libras. Mais além, as restrições de crédito elevavam a taxa de juros à marca dos 2,5% ao mês.

Esse é o cenário que o escocês John Law, um filho de ourives de Edimburgo, encontra ao chegar a Paris. Foi obrigado a fugir depois de ter sido condenado à pena de morte por ter assassinado um adversário durante um duelo. Percorreria toda a Europa e adquiriria uma fortuna colossal com seus dons de especulação.

Em 1705, retornaria à Escócia e publicaria Considerações sobre o Numerário e o Comércio. Nessa obra, dois séculos à frente de seu tempo, mostra que a prosperidade de um país está ligada à abundância de papel-moeda e independe das entradas de metais preciosos da América.

Estabelecido em Paris, suas habilidades chegam ao conhecimento do Regente. Law o convence de que, ao substituir ouro por papel-moeda, seria possível relançar o investimento dos particulares e liquidar a dívida do Estado.

Um banco privado praticaria as operações clássicas de câmbio e desconto. Emitiria também o papel-moeda que os banqueiros tratavam de reembolsar em ouro e prata, a quem desejasse, a uma taxa nominal. Isto valeu ao Banco Geral um vivo sucesso.

Preocupado em estender suas atividades, Law assume então uma companhia encarregada de avaliar a Louisiana, a Companhia do Mississipi e mais tarde criar o monopólio do comércio colonial da França na bacia do Mississipi. A avaliação da Louisiana coincidiu com a fundação em 25 de agosto de 1718 de Nova Orleans, na foz do Mississipi, assim chamada em homenagem ao regente Philippe d'Orléans.

O Banco Geral obtém o privilégio de receber os impostos indiretos a fim de garantir receita. Por um édito de 4 de dezembro de 1718, torna-se Banco Real e obtém a garantia do Estado.

Law não esquece, porém, que a finalidade primeira de sua companhia é reabsorver a dívida pública da França a curto prazo. A Companhia dos Índias Ocidentais emitiria ações de 500 libras que poderiam ser compradas no Banco Real com títulos da dívida pública de mesmo valor nominal. O Estado começa assim a retirar do mercado os títulos de sua dívida a curto prazo num montante de 100 milhões de libras

Ele também desejava conter o avanço da dívida pública no longo prazo. Em 26 de agosto de 1719, Law apresenta ao regente um novo projeto relativo aos títulos da dívida de longo prazo. A Companhia emprestaria ao rei 1,2 bilhão de libras a uma modesta taxa de 3% ao ano para pagar as dívidas de longo prazo e o que restava do curto prazo.

Em 30 de dezembro de 1719, o Banco Real, que já havia emitido papel-moeda num montante de 630 milhões de libras – dez vezes a receita fiscal de 1715 – abre escritórios de compra e venda para facilitar as transações. Os investidores se precipitam ao bairro de Halles, sede do banco, e disputam as ações. Tratava-se de pura especulação ou agiotagem. Os agiotas só tinham por objetivo comprar as ações para revendê-las em seguida contando com a alta contínua de seu curso.

Em 5 de janeiro de 1720, Law, já convertido ao catolicismo, torna-se controlador geral das finanças, o personagem mais importante depois do rei e do regente. Seus inimigos passam ao ataque. São principalmente os banqueiros tradicionais e a alta aristocracia. A inveja destes é alimentada pelo espetacular sucesso do dândi escocês e o rápido enriquecimento de muita gente.

WikiCommons

020512 charge

Charge inglesa ironizando bolha de títulos da dívida pública francesa

 

O duque de Bourbon, neto de Luis XIV, e o príncipe de Conti, um libertino amoral, que, devido a sua feiura, era alcunhado de macaco verde, se apresentam na sede do Banco para exigir a conversão em ouro de seus bilhetes de papel. Instala-se o pânico. O valor da moeda derrete. Os servidores e burgueses que se acreditavam ricos veem a miragem se desvanecer.

Law tenta reagir, mas em julho de 1720, o edifício Mazarin, que abrigava o Banco Real e a Companhia do Mississippi, é invadido pela multidão. Law se refugia no Palais-Royal, residência do regente, para escapar do linchamento. Foge em dezembro para Bruxelas. Devido ao seu talento para a especulação, recupera um pouco de sua desenvoltura. Morre em Veneza em 1729.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.