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260412 inglaterraInglaterra - PCO - A economia sofreu contração de 0,2% no último trimestre e de 0,3% no anterior. A indústria está sucateada e os sistema financeiro, um dos principais centros da especulação mundial, acumula dívidas de 200% do PIB


De acordo com informações publicadas pelo BoE (Banco da Inglaterra), a Grã Bretanha entrou, no primeiro trimestre deste ano, tecnicamente em recessão após ter registrado contração de 0,2% do PIB, que se acumula à contração de 0,3% registrada no último trimestre do ano passado. É a primeira vez desde a crise do petróleo dos anos 70 que o País registra dois trimestres seguidos de queda das atividades econômicas.

De acordo com o ONS (Escritório Nacional de Estatísticas), a construção civil sofreu contração de 3% no último trimestre e 0,2% no quarto trimestre de 2011.

Em relação ao setor de serviços, que é responsável por 75% da economia britânica e que contempla as atividades especulativas da Citi de Londres, o Índice de Serviços teve um leve aumento de 0,1% no trimestre passado, mas sofreu uma contração de 0,4% no mês de fevereiro mantendo a tendência geral à contração que no último trimestre de 2011 foi de -0,1%.

Os efeitos da crise na zona do euro, que são o principal destino das exportações britânicas, têm impactado em cheio à indústria britânica. A Grã Bretanha se junta assim aos seis países da região que já entraram em recessão - Grécia, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Holanda.

Os pacotes de austeridade cortaram os gastos sociais os investimentos em infraestrutura e aumentaram os impostos com o objetivo de priorizar os repasses para os especuladores financeiros e provocaram um déficit fiscal de 8,3% do PIB em 2011, o quarto pior da Europa, somente atrás dos da Irlanda (13%), Grécia (9,1%) e Espanha (8,5%). Essas políticas acentuaram a contração da economia.

A Grã Bretanha tem o sistema financeiro mais endividado do mundo

Após a Grã Bretanha ter sido responsável por mais do 55% da produção industrial mundial no final do século XIX, hoje, a sua produção manufatureira é decadente e a sua economia está orientada à especulação financeira. A indústria registrou queda de 0,4% no primeiro trimestre deste ano.

Como sócio menor do imperialismo norte-americano, o imperialismo britânico domina os mercados especulativos mundiais através do controle exercido pelas multinacionais financeiras que têm o seu centro na Citi de Londres que é o principal emissor e negociador dos nefastos derivativos financeiros.

A dívida acumulada pelo setor financeiro é de 200% do PIB e se soma à dívida pública (oficial) de £ 1,02 trilhões, ou 66% do PIB, que aumentou 5,5% em 2011, e à dívida das empresas e dos consumidores que alcança em torno de 150% do PIB.

A situação é tão grave que o próprio primeiro ministro, George Osborne, declarou que "é uma situação econômica muito crítica. Está tomando muito mais tempo que o que qualquer pessoa poderia ter imaginado para a recuperação da crise da dívida. A questão que poderia fazer a situação piorar ainda mais seria abandonar nosso plano e deliberadamente adicionar a tomada de mais empréstimos e aumentar o endividamento ainda mais". E como solução, o governo conservador cogita exatamente as mesmas políticas anteriores, numa continuidade do "mais do mesmo"- basicamente, a continuidade das emissões de papel moeda, sem lastro produtivo, que são introduzidas no mercado através de repasses para o sistema financeiro através do programa QE (quantitative easing ou facilitação quantitativa).

Na realidade, o aprofundamento da crise capitalista na Grã Bretanha, que é uma das quatro principais potências imperialistas do mundo, não pode ser contida e avança fortemente, sob efeito do contágio generalizado da crise capitalista mundial, alastrando o mundo para a depressão econômica com hiperinflação.

O crescente aumento da dependência da especulação financeira não tem volta e faz parecer o parasitismo das décadas anteriores como um auge produtivo.

As políticas do governo são implementadas de maneira quase que automática direcionadas pela falta de alternativas para "salvar" o capitalismo decrépito. Elas não dependem da boa vontade de tal ou qual pessoa e conduzem exatamente aos efeitos qualificados pelo primeiro ministro direitista como catastróficos: "adicionar a tomada de mais empréstimos e aumentar o endividamento ainda mais".

As emissões de papel moeda em larga escala são o principal instrumento para salvar os especuladores financeiros da bancarrota e jogar o peso da crise para as costas das massas trabalhadoras. E isto é possível devido à enorme integração dos poderosos sindicatos ingleses ao regime burguês. Brendan Barber, secretário geral da TUC (Trade Union Central ou Central Sindical da Grã Bretanha) declarou recentemente que a "austeridade não está funcionando. O governo deveria olhar do outro lado do Atlântico e seguir a alternativa do Presidente Obama que tem reduzido o desemprego e trazido o crescimento de volta aos EUA". A alternativa norte-americana da "solução" para conter a crise não passa de uma miragem, ou, mais exatamente, de jogos de artifícios, para viabilizar a reeleição de Obama, perante o aprofundamento da crise capitalista nos EUA, como o favorito dos especuladores imperialistas para impor as suas políticas e conter as massas trabalhadoras. Todos os indicadores mostram uma séria piora dos indicadores econômicos e sociais mais importantes, principalmente, se avaliarmos a situação na perspectiva dos últimos quatro anos, desde o colapso capitalista de 2007-2008: disparada do endividamento em todos os níveis e setores e com perspectivas catastróficas se levarmos em conta os gastos não provisionados; inflação acima de 11%, simplesmente considerando as métricas anteriores ao ex presidente da Reserva Federal Allan Greespan; desemprego acima de 30%, simplesmente considerando os critérios anteriores à administração de Ronald Reagan; o sucateamento da indústria; a crescente dependência da especulação financeira, do complexo industrial militar e das atividades ilícitas etc.

A economia da Grã Bretanha encontra-se nos mesmos níveis de 2008 apesar dos bilhões de libras esterlinas repassados para o sistema financeiro nos últimos quatro anos para salvar os especuladores financeiros, mas com a nova caraterística de que o estado burguês está muito mais endividado, assim como as empresas e os consumidores. O nível de intervenção estatal bateu todos os recordes históricos, apesar das papagaiadas do chamado livre mercado, mas, com isso, entrou em situação falimentar, pois o estado burguês acabou concentrado nele a falência dos capitalistas que sem essa intervenção entrariam imediatamente em bancarrota. O estado britânico, assim como acontece com todos os estados burgueses do mundo, se sustentam nas emissões de títulos públicos, o que provoca a disparada do endividamento público. Somente em 2011 foram emitidos títulos por £ 126 bilhões, ou 8,3% do PIB.

As revoltas que aconteceram nos bairros pobres da periferia de Londres no ano passado foram um prenúncio do que está por vir no próximo período. Os ataques contra as condições de vida das massas trabalhadoras as colocará em movimento contra o regime burguês e despertará as condições revolucionárias que possibilitarão a estruturação da sua vanguarda que as conduzirá à derrubada do capitalismo e do seu estado burguês e à implantação da sociedade socialista.


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