"Posso ir a Portugal ou à Grécia e as pessoas protestam porque temos liberdade de movimentos, liberdade de expressão e liberdade religiosa, é essa a democracia europeia de que nos orgulhamos", respondeu a chanceler, que se candidata a um terceiro mandato nas eleições legislativas do próximo dia 22.
Embora não tenham conseguido interromper o discurso, como várias vezes aconteceu em Portugal a membros do Governo que se confrontaram com manifestantes a cantar "Grândola Vila Morena" em aparições públicas de ministros, os apitos fizeram-se ouvir durante praticamente toda a intervenção, que durou cerca de 45 minutos.
Em declarações à agência Lusa, um dos jovens que encabeçou o protesto, que não se quis identificar, afirmou que "a política de que Angela Merkel fala e aquela que pratica são completamente diferentes".
"O que ela faz não tem nada de social, é tudo virado para a economia. "Nem todos os alemães são como ela, é isso que queremos mostrar aos povos da Grécia e de Portugal", acrescentou.
Com cartazes em que se liam mensagens como "contra a homofobia" e "Energia atómica não, obrigado", o grupo de manifestantes preferiu cantar a Internacional enquanto no palco montado pelos democratas-cristãos, Merkel cantava o hino nacional alemão, com os outros candidatos por Potsdam, uma localidade com 160 mil habitantes a cerca de 30 quilómetros do centro da capital alemã, Berlim.
Para entrar no perímetro vedado da Bassinplatz, junto à imponente igreja de São Paulo, os sacos eram revistados pela segurança da CDU sob o olhar de vários agentes da polícia.
A chanceler, que acusou no discurso algum cansaço, com falhas na voz e algumas hesitações, acusou o toque do barulho que procurou sobrepor-se à sua voz, referindo-se aos "anormais" responsáveis pelo protesto.
Ruben Salomon, soldado nas Forças Armadas alemãs, declarou Lusa que a sua principal preocupação para o futuro do país é "a educação, porque se não houver um investimento aí, estraga-se o futuro".
Em relação à política europeia, afirmou que os países da União têm que "manter-se unidos" e ajudar-se "quando as coisas não vão bem para algum deles".
A Grécia, o país que está há mais tempo sob resgate financeiro, "ajudou a Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial", indicou.