O jornal publico domingo um extenso artigo titulado Quatro horas com Bárcenas, no qual o antigo administrador confessou que o PP esteve nos últimos 20 anos recebendo doações em dinheiro de empresários.
Em troca dessas dádivas, os homens de negócio, muitos deles vinculados ao setor da construção, obtinham adjudicações ou contratos das administrações governadas pelo agora partido no poder.
Em seu artigo, o diretor do El Mundo, Pedro J. Ramírez, relata a forma, finalidade e alcance dessas supostas retribuições ilícitas, além de mencionar a alguns supostos implicados, como assegura, em todo o momento, que o descreveu Bárcenas.
Segundo o depoimento do outrora tesoureiro, entrevistado por Ramírez poucos dias antes de ser preso, o dinheiro entrava nas contas do partido.
Parte do mesmo era destinado a financiar campanhas eleitorais e outra parte ficava no cofre para "outros fins".
Esses outros fins eram, de acordo com sua versão, o pagamento trimestral de dinheiro extra ao presidente do partido, ao secretário-geral e aos vice-secretários-gerais.
A Audiência Nacional (AN) impôs na sexta-feira passada uma fiança de 43,25 milhões de euros por responsabilidade civil ao ex-tesoureiro, acusado de vários escândalos de corrupção.
Esta fiança é muito superior aos 28,1 milhões de euros que a Promotoria Anticorrupção pediu em 27 junho passado, no mesmo dia em que o juiz da AN Pablo Ruz decretou o pedido de prisão incondicional do antigo gerente.
O juíz explicou então que com essa decisão queria evitar o risco de fuga de Bárcenas e assegurar sua presença na causa na qual investiga as atividades da conhecida trama corrupta Gurtel, que em 2009 implicou conotados políticos do PP.
Com esse dinheiro como garantia, Ruz quer garantir que, no caso de ser condenado, o também ex-senador popular enfrente o pagamento das penas diante de uma futura sentença condenatória.
Além de estar sendo investigado pela suposta rede de corrupção vinculada com políticos da direita dirigente, Bárcenas está no centro de um escândalo pela possível existência de uma contabilidade oculta e do pagamento de dinheiro extra a dirigentes populares.
A AN -principal instância penal espanhola- estimou no final de março que existe relação entre a investigação pelas hipotéticas contas secretas dos conservadores e Gurtel, motivo pelo qual decidiu confiar Ruz em ambos os processos.
Esta investigação judicial, que ainda não finalizou, revelou que o homem que se encarregou da tesouraria do PP durante quase três décadas chegou a acumular uns 47 milhões de euros em contas na Suíça.