Como parte da campanha "Francisco Franco presente!", admiradores do militar foram convidados a participar de uma missa neste sábado (24/11) pela ocasião do 37º aniversário de sua morte e da celebração dos 120 anos de seu nascimento, no dia 2 de dezembro.
Neste primeiro evento, em uma paroquia católica, os presentes devem rezar pela alma do ditador e "por todos aqueles mortos que deram sua vida por Deus e pela Espanha". Já o segundo, descrito pelos organizadores como um "ato de afirmação", contará com uma refeição e será realizado em um edifício público.
"Franco está ausente e presente. Ausente porque concluiu sua vida no tempo, e presente, ainda que não possamos vê-lo ou ouvi-lo, pois a verdadeira memória história, que é coletiva, nos faz mais perto", diz o texto da organização ao justificar os eventos. As celebrações têm como objetivo reavivar o legado de Franco e protestar contra a retirada de seus nomes de ruas e praças públicas, bem como da difamação que sofre nos "meios de comunicação".
"A mim, ao menos, o que mais me enche de indignação", escreve Blas Piñas López, importante político franquista, no site da Fundação, "não é a difamação, mas sim o silêncio covarde de quem deveria defendê-lo, assim como a participação cumplice de quem tinha obrigação de cumprir aquilo que lhe prometeram".
O editorial de novembro do grupo franquista diz que é importante evocar a imagem de Franco em um momento que o país está se dividindo pelo surgimento de movimentos separatistas, como o catalão. Como nacionalista, o ditador fascista reprimiu as iniciativas regionais de independência do Estado.
Sob seu governo, pelo menos 113 mil pessoas desapareceram e milhares perderam suas vidas em decorrência da perseguição política. O ditador, que assumiu o poder por meio de um golpe, colaborou com o regime nazista de Adolf Hitler.
Pela memória das vítimas e o orçamento público
O coordenador federal da Esquerda Unida, Cayo Lara, manifestou nesta quinta-feira (22/11) no Congresso uma iniciativa parlamentar para impedir a comemoração do aniversário de 120 anos de Franco, que "exalta a ditadura franquista". Lara quer que o governo do PP (Partido Popular) explique "se vai proibir o ato que atenta com a lei da memoria histórica e democrática da Espanha".
O líder de esquerda disse que tais convocações coincidem com o corte no orçamento público de 2013 para a lei de memória, que resgata a história das vítimas da Guerra Civil espanhola (1936 – 1939) e da ditadura franquista (1938 – 1973). "Este governo parece não ter dotação orçamental para os direitos humanos", acrescentou ele.
Apesar dos cortes, o governo espanhol mantém a doação de recursos a Fundação Francisco Franco, que conseguiu alugar o Palácio de Congressos de Madri para realização do evento do dia 2 de dezembro. O edifício, que pertence ao Instituto de Turismo da Espanha, vinculado ao Ministério de Indústria, Turismo e Comércio, cobra tarifas que vão de 680 euros a 6 mil euros a diária.
Contribuintes pagam o túmulo de Franco
As celebrações pela memória de Franco coincidem com o pedido ao chefe de governo, Mariano Rajoi, da Associação para a Recuperação da Memória Histórica. para que as vítimas do franquismo "deixem de pagar com seus impostos o túmulo do ditador". "Em países como Portugal ou Itália, os túmulos de seus ditadores são de responsabilidade familiar e não são tratadas como um bem público", afirma o grupo em comunicado citado pelo El Pais.