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081112 obEstados Unidos - PSTU - [Raíza Rocha] Presidente é reeleito com mais dificuldades do que há quatro anos.


Após meses de uma acirrada corrida eleitoral, Barack Obama é reeleito presidente dos EUA. O seu principal adversário, Mitt Romney, do Partido Republicano, um multimilionário ex-executivo de empresas de investimento, perdeu na votação por Estado e no voto popular. O sistema eleitoral nos EUA é indireto e o peso do voto dos delegados de cada estado é superior ao peso da população.

Obama levou 303 dos 538 votos dos delegados por Estado, e 50,2% dos votos populares contra 48,3% angariados pelo Partido Republicano. Até o momento do fechamento desta matéria, apenas o dividido Estado da Flórida não tinha manifestado os votos dos 29 delegados. O resultado do estado, entretanto, não influenciará o resultado final, pois Obama já alcançou os 270 votos necessários para a vitória. O Partido Democrata conta com a maioria no Senado, mas tem menos assentos na Câmara de Representantes, algo semelhante à Câmara de Deputados no Brasil.

Obama, no entanto, não conseguiu manter o mesmo número de eleitores que conquistou em 2008, e a diferença de votos entre republicanos e democratas foi reduzida em relação à eleição anterior. Contra o então candidato McCain, Obama havia vencido com 52,9% dos votos, contra 45,6%, uma vitória bem mais folgada que o resultado apertado deste ano.

O primeiro presidente negro dos EUA eleito em 2008 venceu esta reeleição com mais dificuldade que há quatro anos, quando o sentimento de mudança contagiou os americanos, descontentes com os oitos anos do governo de George W. Bush. Na época, o sonho de mudança diante do colapso da economia, do alto índice de desemprego e da derrota no Iraque e no Afeganistão foi traduzido nas urnas com a vitória de Obama, que simbolizava a esperança do novo, embora fosse uma das principais lideranças do Partido Democrata que há décadas se reveza com o Partido Republicano no poder aplicando a mesma política.

Agora, após quatro anos no comando do império norte-americano, Obama teve que resgatar a tática do medo, destacando uma possível volta dos anos Bush sob a roupagem do direitista Romney. Com os slogans "Pra Frente", "Mais quatro anos" e "América avança", a campanha de Obama buscou se apoiar no sentimento da população de não querer voltar ao passado, ao período de colapso da economia e da redução do padrão de vida da Era Bush (2000-2008). Ao mesmo tempo, tentou fugir do balanço do seu governo, que também teve sua cota de responsabilidade nos cortes de direitos e conquistas dos norte-americanos.

O candidato democrata contou ainda com os posicionamentos conservadores expressados por Romney, nas prévias do Partido Republicano, sobre temas como aborto e contracepção, imigração, direitos sindicais e LGBT. Obama conseguiu surfar também na tímida recuperação do índice de desemprego durante a campanha, que teve o menor índice desde janeiro de 2009.

Mais quatro anos

Com a vitória em uma das eleições mais caras dos EUA, na qual os candidatos e seus aliados gastaram juntos cerca de US$ 2 bilhões, as expectativas sob o segundo governo Obama não são tão eufóricas quanto foi em 2008. Nestes últimos quatro anos, Obama foi o responsável por aplicar os planos de cortes contra a classe trabalhadora para salvar banqueiros e empresários da crise econômica mundial. Não só suas promessas de mudança não foram cumpridas, como deu continuidade às políticas da Era Bush, como as guerras imperialistas, a manutenção da desregulamentação financeira, ampliação dos programas de Livre Comércio e a intensificação dos ataques aos trabalhadores, com cortes nos serviços públicos e a entrega de trilhões de dólares públicos para os grandes bancos e empresas.

A tendência do aprofundamento da crise econômica deverá resultar em mais ataques aos trabalhadores americanos nos próximos quatro anos. Neste sentido, a vitória de Obama nas eleições não tem o mesmo peso político que em 2008. O candidato democrata segue sendo o melhor nome da burguesia para impor à classe trabalhadora estadunidense a conta dessa crise, mas não encontrará a mesma tranquilidade para impor seus ataques.

A resistência dos trabalhadores aos efeitos da crise já respingou no coração do capitalismo. Ainda que no patamar mínimo quando comparado às lutas na Europa, os movimentos que explodiram nos EUA mostram a insatisfação com a política de Obama para superar a crise. Os protestos do ensino superior em 2009-2010, a resistência de Wisconsin e o movimento Occupy em 2011, a greve em uma das maiores empresas de telecomunicação dos EUA, em várias empresas de energia elétrica e luz e dos trabalhadores da saúde em uma das maiores redes hospitalares do país , assim como os protestos estudantis na Califórnia em 2012, já mostram a disposição de luta do povo norte-americano.


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