1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (4 Votos)

16086035514 0cd2f3bc00 zIrão - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O acordo sobre o programa nuclear do Irã foi viabilizado pela Administração Obama. O objetivo foi colocar em pé uma frente única que permitisse conter a desestabilização do Oriente Médio.


O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem ficado à cabeça da campanha histérica sobre o “perigo” do Irã para a existência do estado do Israel. Foto: Speaker John Boehner (CC by-nc/2.0/)

O apoio do Irã, por meio das milícias no Iraque, e do Hizbollah na Síria, é a condição fundamental para conter o avanço do Estado Islâmico e para conter os demais grupos guerrilheiros, em primeiro lugar a al-Nusra, a al-Qaeda na Síria.

Essa política busca conter a crise no Oriente Médio e manter a política da chamada “contrarrevolução democrática” como uma alternativa perante as eleições que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano, no contexto em que o Partido Republicano já controla ambas as câmaras do Congresso impulsionado, em grande medida, pela extrema-direita agrupada no Tea Party.

A ala direita do imperialismo não concorda com essa política e busca impor uma saída de força para a crise. No Oriente Médio, os sionistas israelenses e a Arábia Saudita são aliados da direita norte-americana e possuem contradições com a Administração Obama.

Leia também: Israel: crise de "identidade" no Oriente Médio?

Essas contradições ficaram evidentes a partir das últimas eleições presidenciais quando o candidato Republicano derrotado, Mitt Rommey, levantou como solução para a crise com o Irã e a China a guerra, inclusive a guerra nuclear.

Netanyahu e a ameaça do Irã

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem ficado à cabeça da campanha histérica sobre o “perigo” do Irã para a existência do estado do Israel.

Em primeiro lugar, a histeria busca agrupar os setores de extrema-direita, com o objetivo de dar sustentabilidade ao governo, e pressionar o governo norte-americano para continuar recebendo a ajuda militar de US$ 3 bilhões anuais, além de se manter como um aliado preferencial do imperialismo norte-americano.

Os próprios generais do Exército israelense e o Mossad, o serviço de inteligência sionista, descartaram a possibilidade do Irã atacar Israel e alertaram sobre os perigos de Israel atacar o Irã.

A política do Irã no Oriente Médio é fundamentalmente defensiva e busca, em primeiro lugar, garantir a estabilidade perante a agressividade da Arábia Saudita e dos sionistas israelenses. A atuação no Iraque e na Síria tem como objetivo garantir a estabilidade da fronteira ocidental, de onde tiveram origem os ataques com o Irã, o último dos quais foi feito por Saddam Husseim após a Revolução de 1979, apoiado pelo imperialismo norte-americano, a União Soviética, Israel e a Arábia Saudita.

No Líbano, o Hizbollah, que é amplamente apoiado e financiado pelo Irã, representa o principal instrumento de contenção da agressividade da reação na região e um dos principais aliados dos palestinos. Sendo estes sunitas e o Hizbollah e o regime dos aiotolás iranianos xiitas, esta aliança representa um alerta vermelho para a política imperialista na região que tem na base promover o sectarismo e a divisão dos povos árabes.

O Irã pode atacar Israel?

A probabilidade é muito remota. A política do regime dos aiatolás é fundamentalmente defensiva. O Líder Supremo tem declarado em várias ocasiões que o Irã não desenvolverá a bomba atômica, que é contra o Islã etc. Mas, mesmo se o Irã conseguisse desenvolver a bomba atômica, dificilmente conseguiria usá-la contra Israel.

Apesar do programa nuclear israelense ser mantido em segredo, os sionistas possuem em torno de 200 mísseis nucleares. O Irã ainda teria que enfrentar a retaliação dos Estados Unidos que conta com a VI Frota, armada até os dentes, estacionada no vizinho Catar.

Na situação política atual, Israel somente pode ser destruído a partir da evolução das contradições internas e não a partir de uma agressão externa.

As agressões genocidas contra os palestinos ainda não conseguiram colocar em movimento as massas israelenses. Grandes protestos aconteceram há dois anos por causa da carestia da vida.

No dia 31 de julho, terroristas de extrema-direita botaram fogo em duas casas de palestinos em Douma, perto da cidade de Nablus. Uma criança de um ano e meio de idade foi queimada viva e o pai dela faleceu uma semana depois. As agressões contra a população da Faixa de Gaza, que é um presídio a céu aberto, continuam de maneira recorrente. Mas a evolução da situação política poderá converter esses acontecimentos em faíscas altamente desestabilizadoras no próximo período.

Do sionismo ao Grande Israel

O sionismo é uma corrente nacionalista de extrema-direita que tem a origem na segunda metade do século XIX, quando ondas migratórias de judeus se assentaram na Palestina. Os representantes das origens do sionismo, Ahad Haam (Asher Ginsberg) e Zeev Jabotinsky, este um dos fundadores do Irgun, responsável pelo massacre de palestinos logo após a Segunda Guerra Mundial, buscavam impor um estado de Israel contra os palestinos. Jabotinsky chegou a dizer, em 1923, que era necessário construir um muro de ferro contra os árabes.

Israel representa o principal instrumento do imperialismo norte-americano para controlar o Oriente Médio, um revólver apontado contra os povos árabes. Os tratados de paz com a Jordânia e o Egito garantem a estabilidade das fronteiras. O chamado Conselho de Segurança do Golfo Pérsico, liderado pela ultrarreacionária monarquia saudita, representa o segundo pilar do controle da região pelo imperialismo. Mas neste caso o controle é mais contraditório e existem interesses próprios que, às vezes, se contrapõem à política imperialista.

O Hizbollah e os grupos guerrilheiros islâmicos têm pouca capacidade de ação contra Israel, mas a evolução política geral da região tende a apertar o cerco contra o estado sionista.

Os sionistas israelenses tentam aplicar o velho sonho de criar o Grande Israel, que passa por ampliar as fronteiras a partir da expulsão dos palestinos. Essa política tem impulsionada o desenvolvimento das tendências revolucionárias na região. A própria existência do Hizbollah, a milícia mais forte que existe em escala mundial, em grande medida, justifica sua existência por causa dessa política. Mas essa política é contraditória e enfrenta crescentes dificuldades para se sustentar por causa da crescente desestabilização da região.

O papel da extrema-direita sionista tende a se transformar num fator desestabilizador que pode quebrar a unidade nacional em Israel conforme a crise se desenvolver no próximo período. Rachaduras já começaram a aparecer, apesar de Netanyahu tentar ocultá-las. Foi estabelecida uma frente única entre os sionistas israelenses, os golpistas egípcios e o Hamas para combater o Estado Islâmico na Península do Sinai. Membros do governo falam em permitir a criação de um porto em Gaza e aceitar trabalhadores palestinos em Israel em troca de estabilidade durante 10 anos.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.