Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. Foto: Gabinete Real britânico (CC BY-NC-ND 2.0)
O colapso do governo de coalizão palestino representa o colapso da tentativa da Administração Obama de estabilizar a região, com os próprios métodos.
A direção da Autoridade Palestina representa a ala conciliadora com o imperialismo e, indiretamente, também com os sionistas israelenses. O Hamas (sunita) é apoiado pelo Hizbollah libanês e pelo governo do Irã (xiitas), o que representa uma crise enorme para a reação mundial.
Como contraponto à política Obama, os Republicanos, por meio do governo sionista de Netanyahu e a ultrarreacionária monarquia saudita, fizeram de tudo, e um pouco mais, para implodir esse governo.
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Há duas políticas colocadas no presente momento. A da "ala democrática" do imperialismo, encabeçada por Obama e a da "ala direita", ou "ala dura", do imperialismo. Para se ter uma ideia do que isso representa, lembremos das propostas feitas por Rommey, o candidato Republicano derrotado por Obama: fortalecimento dos sionistas israelenses e guerra contra o Irã, inclusive guerra atômica; aumento do cerco contra a Rússia e a China; intervenção militar no Oriente Médio; e outras pérolas parecidas. Para as próximas eleições presidenciais que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano, a burguesia monopolista tenta impor a vitória da ala direita. Hoje, as duas câmaras do Congresso estão controladas pelo Partido Republicano, com forte influência da extrema-direita do "Tea Party", que está agrupada no Partido Republicano.
Após o colapso das políticas neoliberais em 2008, o imperialismo não conseguiu colocar em pé uma política alternativa. E nem o conseguirá por causa do altíssimo grau de parasitismo da economia capitalista mundial, onde o coração é composto pela especulação financeira. Por esse motivo, o que temos visto nos últimos seis anos nunca passou de "mais do mesmo".
Qual é o impacto sobre Israel?
A Palestina representa o elo fraco do Oriente Médio, que somente é controlado por meio da truculenta repressão dos sionistas, que recebem uma ajuda militar de nada menos que US$ 3 bilhões anuais dos Estados Unidos.
A Faixa de Gaza foi transformada no maior presídio a céu aberto do mundo. Mas o desenvolvimento das tendências revolucionárias na Palestina se irradia na região. Conforme a crise avança na Síria e no Iraque, a pressão aumenta sobre Israel, a partir de todos os países vizinhos. A situação está se tornando crítica no Egito. Na Jordânia, existem mais de um milhão e meio de palestinos que vivem em situação miserável.
Quando, em 2013, aconteceram gigantescas manifestações contra a crise em Telaviv e várias outras cidades israelenses, as bandeiras políticas ficaram silenciadas. A situação foi controlada da mesma maneira que aconteceu na maioria dos países por meio de medidas relacionadas com a especulação financeira, que já começou a mostrar sérios sinais de esgotamento.
Para o próximo período, a desestabilização dos países vizinhos de Israel se somará ao aprofundamento da crise capitalista interna. O revólver do imperialismo norte-americano apontado contra os povos árabes, apesar de toda a ferocidade, tende a entrar em crise e a perder o poder de fogo.