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030615 eua israelEstados Unidos - O Diário - [Elhanan Miller] Este artigo – que poderia ser publicado como documento – é interessante a vários títulos.


Pela voz de um homem que foi o mais alto responsável militar no Iraque ocupado e depois chefe da CIA, temos de tudo: intriga, contra-informação, passagem de responsabilidades a outros, silêncio sobre os crimes cometidos. E ao mesmo tempo o apelo e a justificação do prosseguimento da criminosa e destruidora intervenção imperialista no Médio-Oriente.

Israel enfrenta uma "ameaça estratégica" materializada na campanha internacional Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), disse segunda-feira o ex-chefe da CIA David Petraeus. Em conversa com a escritora britânica Emma Sky na rua 92 de Manhattan sobre as suas experiências como comandante das forças estado-unidenses no Iraque em 2007 e 2008, Petraeus disse que Israel está experimentando actualmente "o seu melhor momento e o seu momento mais preocupante".

Apesar da sua solidez financeira e de ter derrotado eficazmente o Hezbollah na segunda guerra do Líbano em 2006, e quase ter eliminado os atentados suicidas dentro das suas fronteiras com a construção de uma barreira de segurança, Israel está cada vez mais isolado do Ocidente devido à persistência do conflito com os palestinos.

"Observa-se uma preocupação crescente face à possibilidade de uma 'intifada internacional', o movimento BDS, que pode converter-se em uma nova questão estratégica que terá em algum momento de ser resolvida ... A demografia é outro desafio", disse.

Em 2010 Petraeus, então chefe do Comando Central do Exército dos Estados Unidos, exaltou-se ao declarar a uma comissão do Senado que era visível o favoritismo de Washington em relação a Israel e que isso prejudicava a capacidade dos EUA em operar no mundo árabe.

"A ira árabe sobre a questão palestina limita a força e a profundidade das alianças dos Estados Unidos com os governos e os povos [da região] ", disse então à Comissão de Serviços Armados do Senado.

Em 23 de Abril deste ano Petraeus foi condenado por um tribunal federal da Carolina do Norte a dois anos de liberdade condicional e uma multa de 100.000 dólares, acusado de filtrar documentos classificados à sua biógrafa e amante Paula Broadwell.

O ex-general de quatro estrelas demitiu-se do seu cargo de chefe da Agencia Central de Inteligência (CIA) quando o assunto foi tornado público em Novembro de 2012, tema que se negou a abordar na referida conversação de segunda-feira.

Petraeus elogiou o acordo nuclear quadro assinado entre o P5+1 e o Irão em 2 de Abril para fazer – potencialmente - que retroceda o programa nuclear militar do Irão e destacou as significativas diferenças entre as versões estado-unidense e iraniana do acordo, apesar deste ter já atingido esse nível de formalização. Advertiu, contudo, sobre a deriva destrutiva que um Irão reforçado poderia assumir na arena global, uma vez assinado um acordo final: "O levantamento das sanções significa que o Irão disporá de muito mais recursos. Voltará a inserir-se na economia global... terá muitos mais recursos para fazer travessuras em todo o mundo e isso preocupa-me".

"A República Islâmica já demonstrou as suas devastadoras ambições em países como Iraque, Síria e Iémen", assinalou. A figura chave que actualmente está a levar a cabo a participação regional do Irão é o chefe da Força Quds da Guarda Revolucionaria, Qassem Soleimani. Petraeus recordou uma conversa com o ex-presidente iraquiano Jalal Talabani, em 2008, em que este lhe transmitiu uma mensagem directa de Soleimani. O funcionário iraniano disse que exerce um controlo total sobre a política exterior do Irão e pediu ao general estado-unidense que contactasse com ele directamente. "Estava a dizer-me 'não façam papel de tontos com esses diplomatas iranianos, tratem directamente comigo'", recordou Petraeus, mas insistiu em que se negou a fazê-lo.

Numa crítica mordaz à participação dos Estados Unidos no Iraque depois de 2003, o ex-general referiu uma série de deficiências importantes. Em primeiro lugar os Estados Unidos invadiram o Iraque em Março de 2003 "sem nenhum conhecimento dos matizes" da estrutura política e social do país. Antes da guerra, Petraeus nunca se tinha entrevistado com um perito civil que tivesse algum conhecimento do país. Em segundo lugar os Estados Unidos foram precipitados ao estabelecer novas estruturas de governo em lugar de utilizar as já existentes. O atraso na criação de uma nova burocracia para governar o Iraque depois de terem sido desmanteladas as instituições existentes do Estado - um processo conhecido como "desbaacização"- deixou o país "num estado de desordem que persistiu durante muito tempo" e isolou a sua população sunita.

"É imperativo o uso das organizações existentes sempre que tal seja possível", disse Petraeus.

"Ao contemplar um empreendimento importante... deveríamos realmente perguntar..." ¿uma operação ou uma política irá retirar os maus das ruas? Se a resposta é que surgirão mais maus do que os que já há na rua, então provavelmente deveríamos sentar-nos debaixo de uma árvore até que tal intenção desapareça".

"Mas se pudesse-mos responder a essa pregunta com honestidade", continuou, "não teríamos licenciado os militares iraquianos sem que [eles] soubessem qual iria ser o seu futuro, não teríamos feito a "desbaacização" sem um processo pensado para a reconciliação. Estas políticas criaram dezenas de milhares, se não centenas de milhares, de homens iraquianos cujo único incentivo era opor-se ao novo Iraque em lugar de o apoiar no momento em que mais queríamos que todo o mundo apoiasse este novo empreendimento. Naturalmente que, com o tempo, acabámos lutando contra muitos deles".

Apesar disso, Petraeus pediu uma mayor participação dos Estados Unidos no Médio Oriente, em lugar da política de retirada do presidente estado-unidense Barack Obama que, insinuou, apenas permitiu que o Irão ganhe terreno na região: "Temos que participar e liderar independentemente do cansaço da guerra que conduzimos".

Elhanan Miller é repórter de assuntos Árabes para The Times of Israel.


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